domingo, 15 de setembro de 2013

Amanhecer Utópico


Nesta manhã abri meus olhos, e me senti surpreendentemente bem, em minha mente não pesava nenhuma preocupação e em meu peito não havia nenhuma culpa, no meu espírito não havia tristeza, em meu corpo não havia nenhum resquício de dor e até a ausência de beleza que outrora me incomodava não era capaz de me tirar o sorriso, não naquela manhã, mas ainda assim eu me sentia bem também neste campo. Abri a janela do meu quarto e o vento que vinha do horizonte trazia o cheiro de paz que o mar exala, as cores do dia pareciam mais radiantes e o sol tinha um brilho intenso quase ofuscante.
Ao sair de casa, notei a atmosfera totalmente incomum que se instaurava onde quer que eu fosse, para onde os meus olhos se voltassem havia paz. As pessoas, Ah as pessoas... Sorriam quase continuamente, até os sorrisos mais cansados haviam ganhado um brilho diferente. Não havia a constante nuvem de preocupação em cada um, eu caminhava livre de medo, não havia aquele temor, aquela sensação estressante de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento, nenhuma pessoa me parecia suspeita ou infeliz, não havia lixo pelo chão, não haviam pessoas dormindo nas ruas, as drogas haviam desaparecido da face da terra tão de repente quanto apareceram, não havia descontentamento tampouco cobiça, as pessoas não tinham mais aquela natureza incoerente de desejar o que não lhes pertence, não haviam assaltos ou violência, as pessoas agora trabalham somente para manter o que lhes foi concedido, o essencial para sobreviver.
O mundo de fato havia mudado, não haviam mais governantes, pois cada nação enfim havia descoberto a definição correta de soberania... Para que representantes se cada um sabe exatamente o que deve ser feito, se cada ser na terra sabe o que é certo e o que é errado? Se não distorcermos os fatos, se não confundir liberdade e libertinagem, se não quisermos nada além daquilo que precisamos cada um seria feliz com aquilo que tem. Estávamos enfim livres de influencias e modas, de consumismos e ganancias, de vaidade e inveja, era como se tivéssemos da noite para o dia, nos libertado das amarras que nós mesmos nos colocamos há séculos. Só haviam a liberdade e a paz emanando não somente de nós mesmos, mas da terra que agradecida, devolvia um ar limpo, tons de cores vívidas em todas as plantas, água límpida e sol brilhante para completar uma visão que antes parecia impossível de existir senão nos sonhos de liberdade tão cantados peças nações. Eu vi os ricos derrubando o muro de suas casas, pois descobriram que jamais houve necessidade para ter tanto enquanto milhões padeciam sem nada... Havia igualdade, e a única menção de fartura era de agradecimento a DEUS por ter ceifado da terra todo mal.
               Eu li a vida toda sobre juízo final, arrebatamento... Mas nunca imaginei que seria assim, que existiria a terra como jamais conhecemos que haveria resposta das pessoas ao meu “bom dia!”, que não houvessem mais lágrimas, que fizéssemos o bem pelo simples fato, de ser o certo a ser feito. Da noite para o dia tudo o que nos tirava a paz simplesmente desapareceu! Os sádicos, os doentios estupradores, os assaltantes, os traficantes, a prostituição o estelionato, todos aqueles que se alimentavam de inveja, todos os que se achavam capacitados para julgar, todos os que se achavam autossuficientes, todos os críticos, todos os preconceituosos, todos simplesmente desapareceram...  
               Enfim, a paz tão sonhada e cantada aos quatro ventos por gerações inteiras havia chegado, estávamos todos extasiados do Espírito Santo e não mais almejávamos aquilo que não se faz necessário para que pudéssemos alcançar a plenitude da alma, o prazer de viver, a felicidade. E, então me perguntei: Precisou 70 % da população se dissolver em sua própria arrogância de não arrepender-se para o mundo se transformar? Não era mais fácil, mudarmos todos a nossa postura enquanto o planeta gira? Estamos tão afogados em consumismo, vaidade e futilidades que não enxergamos que a paz pode ser alcançada por cada um de nós, basta estender a mão, a mesma mão que fecha as janelas dos carros, dos edifícios... A mesma mão que paga impostos abusivos, a mesma mão que rouba, que mata, que agride... Então acordaremos todos, e veremos que não se trata de utopia, mas de inteligência, atitude e comprometimento. E que Deus nos ilumine, sempre!