domingo, 1 de fevereiro de 2015

Stand Up Paddle

 
                    Como posso ser tão argumentativo? Ser tão dissertativo sobre sentimentalidades sem ao menos aparentar qualquer experiência...Sem ter qualquer curso superior ou conhecimento contextual de causa como prova irrefutável das minhas supostas respostas prontas para todos os assuntos? Eu não sou conhecedor, sou um sonhador. Sim, sonhador...Os ventos que sopram aos meus ouvidos me trazem vez ou outra para traz das teclas do notebook para dizer-lhes sobre corações e mentes, almas e amores...
                  Tão improvável como ter nascido no Rio de Janeiro e não saber sambar, possuo a alma mais litorânea que conheço sem sequer saber nadar...Minhas analogias volta e meia são veraneias, pois não me enxergaria nos meus melhores sonhos sem o sol e o mar. Sendo o cenário perfeito para meus delírios de liberdade, amor e paz, Minh ‘alma descansará sobre uma areia branca e certamente a maré me levará e me arremessará aos ventos numa onda daquelas que batem tão forte contra as rochas que é possível ver sua espuma atingindo vários metros céu acima. A minha vida, não é diferente das demais, meus problemas não são maiores que os das outras pessoas, o que não me deixa calar é essa alma carente e esse coração que insiste em vencer a queda de braço com meu cérebro na eterna batalha entre o racional e o emocional. Minha vida num contexto geral são ondas, é um mar revolto daqueles de Teahupoo no Hawaii onde as ondas atingem o ápice da grandiosidade. Sempre, todos os dias, há um choque, há um conflito, há um dissabor.Todos nós conhecemos a roda da vida... Espiritualidade ( religião e fé ), Família, Amor, Situação Financeira, Saúde e Trabalho, nunca esses pontos estão alinhavados, sempre destoam, como marés que vão e vem...Talvez eu tenha uma alma de surfista, que aprecia a simplicidade das coisas, que vê o pôr do sol de um ângulo perfeito, ímpar...Talvez pela capacidade de mentalizar... Talvez por se enquadrar nessas oscilações de maneira tão singular.
                      E foi quando tudo se alinhavou positivamente, tudo estava... Senão perfeito, sob controle. Me vi pela primeira vez no lago, calmo inerte e espelhando o sol... Como nunca dantes havia visto. Sentir o gosto da vitória mudou minha vida, talvez me deixou menos preparado, ou tenha me desacostumado às ondas pois quando elas voltaram eu não sabia mais como ficar de pé na prancha, e caí... Caí... Caí todos os dias e todos os meses da minha vida desde então... Talvez seja o sabor da vitória ainda vivo em minha memória, talvez seja o anseio desesperado por encontrar a enseada, o lago novamente e respirar... Eu já deveria saber que quando tudo fica bom, é somente um fortalecimento para testes ainda maiores. Tudo o que vivo é o preço que pago por ter sido feliz um período, o preço pode ser caro... Mas eu acato, aceito, pois tudo em mim se transformou também...Hoje, não sou melhor nem pior sou apenas eu... Nu, sincero, transparente e alheio. A mim não importa mais se tenho décadas, ou segundos de vida, me considero vencedor, simplesmente por ter vivido ao menos uma vez o outro lado, o lado de quem vence, de quem é feliz.

                      Assim sendo, eu vi a beleza do stand up paddle, e vi como a mansidão e a simplicidade podem descrever a paz...Em pé na prancha enfim, movendo-me apenas pela força das remadas ou da maré, e o lago abaixo dos meus pés quieto e manso, não há barulhos senão os das garças acima de mim, voando baixo à procura de alimentos, não há tempestade pois o céu é azul e límpido, não há falsidade pois tudo ali transparece a obra de DEUS. Seria um sonho? Um devaneio? Uma mentalização? Ou seria apenas o meu desejo de paz impresso na imagem de um homem e sua prancha enfim sobre a água da maneira mais pacífica e harmoniosa possível, em contato direto com tudo o que DEUS criou, inclusive, a própria paz que dele provém! Que se realize meu DEUS, que se realize conforme tua vontade!