domingo, 30 de dezembro de 2012

Nosso pequeno cofre de felicidades

     Sabe quando você para, respira e olha os passos seus na areia, e se dá conta do quanto caminhou? Dos momentos em que rastejou, dos milhares de momentos que correu, e constata que já andou tanto, já foi tão longe, e não se deu sequer tempo de cansar, de arrepender-se por uma coisa ou outra, de pedir perdão pelo que fizeste de errado consciente, ou inconscientemente... Quando se sente só, acha que caminhou todo este tempo só, porém nesta pausa, neste momento, você, ainda que tardiamente percebe, nunca esteve só, sempre teve alguém ...uma força, uma pessoa, uma motivação que te fez dar mais um passo, abrir os olhos novamente... Acreditar! Renascer!
      A cada fase da vida, a cada instante... lutamos arduamente por cada espaço, contra o tempo, contra preconceitos, contra rótulos...Secamos, mas nossos sentimentos não nos deixaram para sempre como pensávamos. Por medo da decepção, pelo desgaste de amar unilateralmente, pelos sacrifícios de viver em prol de alguém e, por nós mesmos, que esperamos sempre a mesma proporção de volta, não sermos correspondidos... Defendemo-nos, criamos maneiras de nos proteger, nos armamos... Somos escudos vivos, todo o tempo.
    Uns preferem não conhecer mais ninguém, se fecham até mesmo socialmente, outros jamais confiam em ninguém novamente... Mas para a grande maioria, a melhor defesa, é o ataque... Logo ninguém mais presta, ou é honesto, ou é do bem, ou simplesmente é sincero, fala a verdade... Todo mundo mente, trai e é do mal. Assim fica mais simples viver, sem dar chances à decepção. E tudo o que temos de bom se resguarda, se aprisiona em nossos corações, num lugar tão fundo que nem nós sabemos que ainda existe... Pelo que sabemos, os compartimentos estão lotados... Os que sobraram da grande nevasca... Aquela que transformou 90% do coração em pedra... Enorme pedra de gelo... Ledo engano...
     Das decepções nascem as fortalezas, mas dos momentos que nos permitimos viver sem essas... Amarras, sem essas cordas, sem esse escudo, se eternizam momentos límpidos e maravilhosos, momentos de paz, de luz... Um homem pode envelhecer sem uma vida plena de felicidade, mas jamais terá paz senão houver lembranças... Flashes de momentos felizes. A felicidade em drágeas ali... Na palma da mão para tomar e voltar a um determinado tempo, a um determinado lugar... a uma pessoa, a um beijo.
     A síntese de tudo o que gotejou na sua vida de bom armazenada nesse cofre encrostado no fundo do teu coração... Algo puro, máquina de fazer sorrisos, globo de neve... Daqueles que se sacode e admira... Nosso HD transborda todo mês de decepções e tristezas, não enxergamos o sumo do bem que vivemos... Porque esse bem vai para esse cofre.
      De todas as conquistas, de todos os sabores, de todas as viagens de todos os amores, há sempre algo bom que fica... Quando abrimos o cofre, nos transportamos... Quase podemos tocar esse momento de novo, é como um filme que se repete inúmeras vezes... E nós temos esse controle.
      Esse medo de tudo... Pode mesmo nos privar de sermos mais felizes, ainda que por meses, dias, horas... A imparidade da vida nos passa despercebida muitíssimas vezes, e nos escondemos das oportunidades atrás desse escudo, desse mecanismo de defesa nosso, e muito por medo de sofrer, não nos permitimos viver, momentos que ficariam eternizados e guardados neste cofre.
      Somente uma vez, somente um dia, somente uma semana ou um mês, um ano que seja... Permita-se viver, ser feliz não é eterno... Eterno é cada segundo que vivenciado se transforma em felicidade. Como li outro dia: “ O maravilhoso é tudo aquilo que dura o suficiente para se tornar eterno”. Chega de aspas na nossa vida, defenda-se... Mas no tempo certo... Deixe a vida chegar mais perto de você, sinta o gosto e o cheiro, você pode se surpreender. Guarde cada detalhe de cada segundo... Tuas memórias lhe serão úteis nas noites de frio e solidão... Nos dias de dor e de tempestade. Acenda-se! Não se encolha por medo de sofrer, vá até a janela, olhe pro céu, todos os sóis que nascem são sinônimos exatamente disso ...Recomeço! E sempre que sentires só... Abra teu cofre, reveja seus amores, relembre teus melhores sorrisos, abrace amigos, volte aos lugares onde foi feliz. Só cabe a ti... A coragem necessária para viver esses momentos e quem sabe um dia não precisará mais de chaves ou de cofres? A vida é ímpar, viva...

sábado, 22 de dezembro de 2012

O sonho, a surpresa, o segredo e o sorriso...

    Da sacada de minha moradia, estrategicamente encrostada na rocha, uma encosta privilegiada donde posso tocar a cachoeira, e vê-la transformar em vapor antes mesmo que encoste o chão, e em contrapartida ao estender a mão ao céu, toco as nuvens e  quase posso ouvir o sussurro dos anjos... Eu tecia meus fios de felicidade. Logo eu, outrora autodenominado o ante-estima, desacreditado sim em minha capacidade de mudar quaisquer que fossem as direções do meu caminho. Nunca respondi a pergunta tão peculiar que devemos nos fazer aos 13: “O que vai ser agora? O que vou ser na vida” Eu tinha poucos planos, que foram estraçalhados pela voracidade da vida, daí nada mais me veio à mente que não lutar... E lutar pelos meus...
     Fiquei inerte muito tempo, fui antissocial, fui tímido, fui egoísta, roteirista de um filme onde eu era “o cara” - O personagem principal de um filme que não parecia acabar o curioso, é que nem ali, nem no meu filme, nem nos meus sonhos, nem no meu mundo, aquela redoma de vidro que me fechei por estar cansado demais de me decepcionar e de perder... Nem ali eu vencia, eu era o maioral, eu saia feliz... Sorrisos vão e vem, mas sozinhos não fazem a combustão da felicidade. E essa, como todos sabem, eu creio ser momentânea, vir em porções, ser temporária... Como um trem que passa sem hora marcada. Eu nunca me imaginei sendo vitorioso em nada, conquistando nada, errei demais em nunca confiar que eu podia sim, que eu era de fato dotado, senão da inteligência necessária para galgar degraus maiores, da sagacidade de saber ouvir e falar no tempo certo, de crer, e mesmo contra as minhas preferencias saber esperar.
      Nessa de esperar pra ver o que a vida me traria, eu me perdi em sensações e desejos... Em promessas e desencontros, em amores e desamores... E já não esperava mais o trem passar, achava que eu ficaria ali, no tear... Para sempre, ou morreria sozinho na estação vítima daquela solidão que todos conhecem, mas poucos confessam que possuem a solidão em meio à multidão. Mesmo assim, o espírito de luta me mantinha vivo, guerreiros vivem de batalhas, algumas de meses, outras de anos... Ela me manteve aceso, atento. E quando não havia em mim mais nenhum sinal de esperança, perdão, arrependimento... E apenas minha fé e minha vontade de lutar apenas me mantiveram de pé...Eu fui iluminado, e tudo o que eu acreditava ter me despido, ter me despedido, reapareceu...forte, coeso, incerto...Porém com a força de quem não sentia nada por anos...Ressurgi!
      Eu enfim tinha mais motivações que não somente a fé e a batalha sabia que seria quase improvável, imponderável, impossível, mas eu fiz como sempre, me atirei... Ignorei a minha própria essência negativista e fui contudo, como quem salta de um penhasco acreditando que tem ali um raminho qualquer para se segurar... Ignorando qualquer possibilidade de morrer ali. E tudo que tive que fazer foi ser sincero, eu sempre sou sincero com todos, porém comigo... eu tentava me convencer de que eu era aquele ermitão no tear, ou o passageiro da estação, ainda havia, ainda há vida em mim, e então fui sincero com o Pai... Ele sabe ler nossos corações, reconhece todas as nossas reais intensões, e então reaprendi a arrepender-me e a perdoar, e renovei ainda mais minha esperança recém-chegada do mundo dos mortos...
       Tenho, aliás, sempre tive tudo àquilo que se faz necessário para vencer, e ao reparar que percorri todo esse caminho... Que conquistei tanta coisa, tantas pessoas, que realizei coisas na vida que jamais eu imaginaria realizar, coisas que meu derrotismo não me deixava enxergarem. E tudo o que é verdadeiro e puro é merecedor de ganhar vida, de sair do esboço, de ser vivenciado sem pressa e degustado lentamente e que o eterno seja enquanto durar. E foi assim, eu fixei os pés no chão e desejei de fato, de coração o bem a todos, e acreditei muito que eu era capaz. Vivenciei tudo o que eu jamais, nem em sonho havia provado... Todas os sorrisos que dei na vida não são nada frente aos que colecionei por estar vivenciando aquele momento.
       Quero seguir essa saga boa, de vencer só pra variar, de provar o beijo doce que a vida me deu, de ser feliz sem peso... De voar, a palavra certa é essa: voar! Senti-me voando, pois eu jamais me enfraqueci, e simplesmente fiquei mais leve, mais rápido porque todo peso das derrotas se foi.
       Muito do que eu era se dissipou na névoa dessas derrotas, agora eu moro perto do céu, e o tear trabalha incansavelmente para que esse momento perdure, e me fortaleça ainda mais, que eu aprenda a viver... Conhecendo o lado da vitória que a vida tem, uma vez ali, eu, como guerreiro que sou jamais vou perder isso sem lutar. Quanto à redoma de vidro? Agora prende todas as minhas lembranças dos dias mais felizes da minha existência. O caminho Deus ensina, mas os passos... Somos nós que damos!

sábado, 8 de dezembro de 2012

O lago congelado

De nada adianta fecharmos as pálpebras, fingir não ver, simular uma hibernação... Está tudo bem claro e gritante de tão óbvio, e na maioria das vezes, não queremos mesmo ver. Deixar caminhar o intelecto nesse nimbo que atravessamos é algo de difícil escolha, pois é mais cômodo sermos eternamente subservientes do "e se". Eu me desisti de ser o embaixador do pessimismo na terra, de desacreditar sempre em tudo e em todos de me julgar preparado para qualquer rasteira da vida, me julgar apto a impedir que as decepções aconteçam... É inevitável! Elas acontecem, pois não há aquele na vida que tomado pela confiança total em amigos, ou na família não teve esse sentimento de cumplicidade e confiança furtado, ao menos uma vez. É um círculo vicioso... Nós citamos algo como "morre aqui hein", ou balbuciamos súplicas desmedidas típicas de quem quer se iludir como: "Pelo amor de Deus! Não fala nada pra ninguém!”. Nesse mundo louco onde as pessoas se acham mega corajosas por viver loucamente, não dá mais para crer que estamos sozinhos amarrados na linha do trem ouvindo o som da locomotiva vindo depois da curva... Até dá pra sentir o cheiro da fumaça... O gosto do ferrugem, derrotismo extremo e amargo! Eu me cansei de desacreditar, de carregar sempre uma dúzia de pedras nas mãos, quero baixar minha guarda, o meu escuda tá pesado demais! Passei tanto tempo observando o caminho, desviando das pedras que nele existem que me esqueci de como é lindo o céu azul, sem nuvens... Um por de sol, os olhos das pessoas, ah os olhos! Eu me cansei de ver sapatos, de refugiar meu olhar na terra, de calcular meticulosamente meus passos, pelo eterno medo de cair... O tempo passou e não vi que as coisas mais simples, aquelas que sobrevivem sem a aprovação ou crítica de ninguém ainda são interessantes, ainda me convém. Reaprender valores, e libertar sentimentos como o perdão, a gratidão, o arrependimento e a esperança fazem bem à alma! Sorria não somente para quem te cerca, mas faça-se sorrir! Permita-se respirar fundo, ver os detalhes que o tempo não permite que os demais vejam. Ainda que tropecemos na verdade, no abismo entre o ser e o estar... A vida segue agora, num compasso diferente, não de espera como antes, no aguardo que as horas passem, que o dia acabe, que venham roubar os poucos sorrisos que cultivou com tanto carinho, não... Agora não há maremoto sentimental algum, a noite não é mais de tormenta! Tudo se configura no espelhamento de um lago congelado, onde nos vemos no reflexo, vemos que os peixes, ainda nadam, ainda há vida, mesmo abaixo dos nossos pés... Antes nos perguntávamos: "Como me levantar? Como ser mais forte se vivo sendo pisado por todos?" e de tanto te fazerem acreditar que você não tem nada de especial, que você não é melhor do que ninguém, agora, todos podemos ver, realmente não é! Apenas é mais um número, mais um da multidão, um dado, uma estatística, isso faz de você e de mim, iguais enfim! Essa camada frágil que caminhamos agora é de gelo, é a água do lago que os nossos corações congelou. Despeça-se do medo de caminhar, de cair. Corra! Cuide-se mais! Qualquer um que não goste de você não pode ter poder algum sobre o teu respirar, o teu andar, o teu vestir, o teu decidir... Queime-se e emane calor, deixe quem quer que seja se aproximar, sem medo de se decepcionar, afinal, se a decepção já estava pré- estabelecida dentro do teu coração, o que tens a perder? É hora de viver por si só. E sentir que não podemos atrelar nossas vidas a nenhum tipo de espera, não existe ampulheta alguma nem olhares de reprovação que te impeça de ir. Dispa-se das culpas que você mesmo assumiu, eu creio que, existe perdão para quem Erra, reconhece e de fato, pede perdão! Todos erraram! Todos! Refaça seus passos, veja aonde errou, se der , encontre essas pessoas que você acredita ter machucado, e peça perdão, alimente sua alma de bondade! E seus passos serão mais precisos, e suas dúvidas menos frequentes. Jamais se omita da vida, afinal... Temos tudo pronto, e inquestionavelmente perfeito, somos nós que alteramos tudo...E, daí complicamos...Que os bons ventos da positividade visite cada um de nós e encha nossos corações de um paz duradoura e verdadeira!