sábado, 22 de dezembro de 2012

O sonho, a surpresa, o segredo e o sorriso...

    Da sacada de minha moradia, estrategicamente encrostada na rocha, uma encosta privilegiada donde posso tocar a cachoeira, e vê-la transformar em vapor antes mesmo que encoste o chão, e em contrapartida ao estender a mão ao céu, toco as nuvens e  quase posso ouvir o sussurro dos anjos... Eu tecia meus fios de felicidade. Logo eu, outrora autodenominado o ante-estima, desacreditado sim em minha capacidade de mudar quaisquer que fossem as direções do meu caminho. Nunca respondi a pergunta tão peculiar que devemos nos fazer aos 13: “O que vai ser agora? O que vou ser na vida” Eu tinha poucos planos, que foram estraçalhados pela voracidade da vida, daí nada mais me veio à mente que não lutar... E lutar pelos meus...
     Fiquei inerte muito tempo, fui antissocial, fui tímido, fui egoísta, roteirista de um filme onde eu era “o cara” - O personagem principal de um filme que não parecia acabar o curioso, é que nem ali, nem no meu filme, nem nos meus sonhos, nem no meu mundo, aquela redoma de vidro que me fechei por estar cansado demais de me decepcionar e de perder... Nem ali eu vencia, eu era o maioral, eu saia feliz... Sorrisos vão e vem, mas sozinhos não fazem a combustão da felicidade. E essa, como todos sabem, eu creio ser momentânea, vir em porções, ser temporária... Como um trem que passa sem hora marcada. Eu nunca me imaginei sendo vitorioso em nada, conquistando nada, errei demais em nunca confiar que eu podia sim, que eu era de fato dotado, senão da inteligência necessária para galgar degraus maiores, da sagacidade de saber ouvir e falar no tempo certo, de crer, e mesmo contra as minhas preferencias saber esperar.
      Nessa de esperar pra ver o que a vida me traria, eu me perdi em sensações e desejos... Em promessas e desencontros, em amores e desamores... E já não esperava mais o trem passar, achava que eu ficaria ali, no tear... Para sempre, ou morreria sozinho na estação vítima daquela solidão que todos conhecem, mas poucos confessam que possuem a solidão em meio à multidão. Mesmo assim, o espírito de luta me mantinha vivo, guerreiros vivem de batalhas, algumas de meses, outras de anos... Ela me manteve aceso, atento. E quando não havia em mim mais nenhum sinal de esperança, perdão, arrependimento... E apenas minha fé e minha vontade de lutar apenas me mantiveram de pé...Eu fui iluminado, e tudo o que eu acreditava ter me despido, ter me despedido, reapareceu...forte, coeso, incerto...Porém com a força de quem não sentia nada por anos...Ressurgi!
      Eu enfim tinha mais motivações que não somente a fé e a batalha sabia que seria quase improvável, imponderável, impossível, mas eu fiz como sempre, me atirei... Ignorei a minha própria essência negativista e fui contudo, como quem salta de um penhasco acreditando que tem ali um raminho qualquer para se segurar... Ignorando qualquer possibilidade de morrer ali. E tudo que tive que fazer foi ser sincero, eu sempre sou sincero com todos, porém comigo... eu tentava me convencer de que eu era aquele ermitão no tear, ou o passageiro da estação, ainda havia, ainda há vida em mim, e então fui sincero com o Pai... Ele sabe ler nossos corações, reconhece todas as nossas reais intensões, e então reaprendi a arrepender-me e a perdoar, e renovei ainda mais minha esperança recém-chegada do mundo dos mortos...
       Tenho, aliás, sempre tive tudo àquilo que se faz necessário para vencer, e ao reparar que percorri todo esse caminho... Que conquistei tanta coisa, tantas pessoas, que realizei coisas na vida que jamais eu imaginaria realizar, coisas que meu derrotismo não me deixava enxergarem. E tudo o que é verdadeiro e puro é merecedor de ganhar vida, de sair do esboço, de ser vivenciado sem pressa e degustado lentamente e que o eterno seja enquanto durar. E foi assim, eu fixei os pés no chão e desejei de fato, de coração o bem a todos, e acreditei muito que eu era capaz. Vivenciei tudo o que eu jamais, nem em sonho havia provado... Todas os sorrisos que dei na vida não são nada frente aos que colecionei por estar vivenciando aquele momento.
       Quero seguir essa saga boa, de vencer só pra variar, de provar o beijo doce que a vida me deu, de ser feliz sem peso... De voar, a palavra certa é essa: voar! Senti-me voando, pois eu jamais me enfraqueci, e simplesmente fiquei mais leve, mais rápido porque todo peso das derrotas se foi.
       Muito do que eu era se dissipou na névoa dessas derrotas, agora eu moro perto do céu, e o tear trabalha incansavelmente para que esse momento perdure, e me fortaleça ainda mais, que eu aprenda a viver... Conhecendo o lado da vitória que a vida tem, uma vez ali, eu, como guerreiro que sou jamais vou perder isso sem lutar. Quanto à redoma de vidro? Agora prende todas as minhas lembranças dos dias mais felizes da minha existência. O caminho Deus ensina, mas os passos... Somos nós que damos!

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