domingo, 28 de julho de 2013

CHAMA

Existem várias perguntas que ainda não foram feitas, outras milhares feitas que não tenha uma resposta convincente... A pergunta que tem me tirado o sossego é: Existe limite para o AMOR? Existe um fim... Um prazo de validade? Na expectativa de encontrar a resposta escrevo de forma apelativa aos que eu possa alcançar: 
      “Ah sim, me deixei levar”... Deixei-me levar mais uma vez como outras centenas...Ou duas ou três pela magia de um olhar sincero, pelo brilho de um sorriso verdadeiro, embalei mil sonhos com a tua face como meu travesseiro, me cobri com teu corpo quando senti frio, e foi na tua mão que eu segurei quando tive medo... Medo de reconhecer o que sentia, medo de dar o último passo, aquele que me levaria eternamente para o teu lado... Que me faria parte de você como você faz parte de mim. É em você que encontro paz, meu sorriso atende pelo teu nome... Eu seria um tolo se negasse, ou um tolo ainda maior de afirmar, que não soube como tudo isso chegou a mim, quando, como, onde ou porque, por favor, jamais me pergunte, não sei! Como tudo deve ser na vida, foi o natural que fez com que tudo se desencantasse... Quando dei por mim era tarde, estava completamente afundado na tua essência, num transe profundo onde categoricamente nada fazia sentido se não fosse ao teu lado.
       A primeira atitude sintomática foi à ternura, o bem querer... Independente do possuir ou não, veio o querer bem, forte, intenso... Foi algo próximo da pureza, foi o querer cuidar de ti que me deixou mais nobre, mais humano. E lhe estendi minhas mãos pela primeira vez...Desesperado pela sensação de vulnerabilidade que meu coração me impôs, eu tentei, de tudo para virar às costas ao que sentia, mas tudo parecia ganhar ainda mais força com minha negativa mentirosa em te querer. Fui então soterrado pelos problemas que a vida impõe, mas foi o amor que senti por ti que me alimentava como a água da chuva alimenta um soterrado em meio aos escombros, e sobrevivi, me vi mais forte com você ali do meu lado, ainda que por um olhar, por um sorriso... 
       Construímos cuidadosamente o universo paralelo que se acende quando nossos olhares se cruzam, este mundo, essas pessoas... Desaparecem, e vivemos um pelo outro e só, o amor basta. Porém... Não havia espaço entre o céu e a terra para este amor se expandir, e tudo ou todos jamais deixariam tudo isso existir, era incompreensível demais, intenso demais para ser concebido. Amar é entender cada palavra que o coração grita, sem que a boca dê uma só palavra, é sentir, mesmo sem saber explicar, que existe algo tão forte do outro lado da corda que mesmo que não seja dito jamais, se faz presente na atmosfera. É entender todas as razões para a fuga, não do sentimento, mas do peso que esse sentimento traria. 
       Jamais saberei se é justo ou não deixar o amor escorrer pelos dedos... Se for o correto despedir-se daquilo que pode ter sido seu último suspiro de amor. Então, cuidadosamente, retiro minha armadura, desembainho minha espada, e me sento na escada da minha morada para olhar mais uma vez para o céu. Eu me sinto cansado, mas jamais esquecerei tudo o que vivi da esperança, da animosidade que me trouxeste me fazendo amar novamente... Então decido não mais utilizar meu coração, aposento-o neste instante, este será seu para sempre, é nele que jaz nossos melhores dias, nossos encontros, os milhares de beijos que demos sem nos tocar, todas as viagens que fizemos juntos ao nosso mundo, ou a qualquer mundo que pudéssemos estar juntos. A força que esse amor me deu foi tamanha, que mudou minha história, mudou meus costumes, mudou meus passos...
        Não me despeço desse amor, somente achei que fosse mais do que justo, eterniza-lo como sendo o meu último amor. A partir deste sol, não mais usarei meu coração para minhas decisões, já não quero mais sequer conhecer ou viver nenhuma história, e queria do fundo do meu peito que suas histórias possam te trazer sorrisos, felicidade, mas que jamais se sobreponham à nossa, pois creio que seja, senão a última, uma das últimas de um sentimento verdadeiro, que surgiu naturalmente e ganhou uma proporção tão única quanto à intensidade. O que é seu em meu peito perdurará, pois jamais ninguém sequer chegará perto do que você construiu em meu coração. O amor não se acaba, adormece numa câmara gaseificada à espera da faísca, e se um dia, no tempo ou no espaço apenas uma fagulha surgir... Estarei ali, onde sempre estive: esperando...”.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Praia das Conchas

     
      Se há algo que se sabe desde quando se nasce, é que existe um caminho. Não sabemos o quanto percorremos dele, ou quanto ainda temos a percorrer... Não sabemos se ele nos leva à felicidade, ou se leva à tristeza... Mas sabemos que ele está lá.
      Sempre me senti pouco à vontade com a expressão “Pedras no caminho”, como podemos ter um caminho sem pedras? Afinal se o caminho fosse simples, retilíneo, uniforme, sem imprevistos... Tudo seria perigosamente perfeito. Porém não são as adversidades que nos ensinam? Eu pessoalmente errei, errei em todo o meu caminho! Eu errei em todos os campos dessa vida, pelo menos uma vez... Errei como filho, errei como amigo, errei como profissional, errei como colega de escola, como colega de trabalho, errei como vizinho, errei como pai, errei como marido... Errei, sem medo... E de todos os erros que cometi, setenta por cento deles foi tentando acertar. Não é esse o sentido da vida? Tentar acertar? A tentativa desesperada a todo custo de ser feliz? Não julgo ninguém... Pois no fundo todos queremos ser felizes... Cada passo que damos ou que daremos, é na direção (ou imagina-se ser na direção...) da felicidade. Mas isso não ameniza nada, pois erros, são erros.
      É impossível falar de estradas, de caminhos sem mencionar a luz... Ela está sempre lá, ora ofuscante, ora no fim do túnel, vez ou outra desaparece... E ressurge quando a penumbra parece dominar, parece definitiva.  A luz... O caminho, fomos tomados pelo nosso desejo arquitetônico de construir nossos castelos de areia, na esperança verdadeira de que esse jamais ruirá... Mas é nas coisas mais simples que encontramos as labaredas de felicidade que desejamos para aquecer nossa alma.
Pessoalmente prefiro meu caminho pedregoso, pois eu me fiz guerreiro aprendendo a respeitar a natureza, e se as pedras ali estão, são para que encontremos uma maneira mais conclusiva de seguir a viagem, não explodo as minhas pedras, não construo castelos com elas, eu apenas sigo meu caminho, eu simplesmente caminho sobre elas... Afinal, algumas das mais belas praias tem suas pedras, seus recifes, e a areia coberta por conchas, as conchas inteiras ou não, ferem os pés dos desavisados... Porém aquele que respeita o caminho onde passa jamais se deixa vencer por qualquer obstáculo, seja ele natural ou não.

       Existem um milhão de trilhas e bifurcações no nosso caminho, mas é na sapiência, na fé, no equilíbrio e na coragem que encontramos a luz, e mesmo que percamos vez ou outra a sua luminosidade, basta acreditar que todo ser humano é dotado da capacidade de errar na mesma proporção de se arrepender, e assim, mesmo que tomemos rumos diferentes reencontramos a luz, e uma vez sob ela, o caminho... Com pedras ou não, já não será tão árduo. E então se vê , com os pés feridos pelas conchas...Que naquela praia, mais um nascer do sol lembrará que ganhamos mais uma chance de seguir em nosso caminho.