quarta-feira, 26 de março de 2014

Novelo de lã

               
     Problemas, todos temos, mas cada um lhe dá com eles de uma maneira diferente... Uns com otimismo, outros com extrema dificuldade, mas quando os problemas são tantos que nos sufocam? Já tiveram aquela sensação de asfixia? Aquela aparente dificuldade até para respirar, dormir, conversar com as outras pessoas... De não ser mais boa companhia à ninguém?
Quando nos tornamos reféns de nossos medos, condicionados a viver 24 horas por dia em busca de uma resposta para todos os problemas que nos afligem, percebemos que não importa o que se faça, quanto mais nos desesperamos mais nos afastamos da solução, como um gato num novelo de lã... 
                 Quanto mais se mexe, mais se enrola, mais fica preso...Como na areia movediça, quanto mais o apavoramento nos ataca, menos vemos possibilidades de sairmos dessa situação...
E não importa o que se faça, para quem implorarmos por ajuda ou clamar aos céus pela ajuda do pai que nos acostumamos a invocar nos momentos de adversidade... Para ajudar a si mesmo, há de se buscar o silencio, a lucidez, a razão... Se apegue ao silencio, se auto avalie, busque nas profundezas da alma o equilíbrio para sustentar a fé que muitos questionam existir em consecutivas derrotas. Buscar respostas pode ser uma jornada longa dentro de si mesmo, e nem sempre os caminhos que percorremos nos é motivo de orgulho.
                 É preciso vasculhar cada canto de nossa alma em busca desse silencio, dessa paz interior para encontrarmos as soluções, a inércia e o silêncio são imprescindíveis para diagnosticarmos onde erramos e, infelizmente, quase sempre somos nós mesmos que nos enrolamos tanto que quando damos conta não parece possível desfazer tantos nós... Mas há dentro de cada um de nós a chave, a resposta ... A saída, pois se nos colocamos nesta situação, temos o dever moral de desatar nossos próprios nós...
                 Portanto, chega de brincarmos com o novelo de lã... Fazer da vida o fardo mais pesado a ser carregado, dar importância demais a derrotas que temos cujos vencedores estão pouco se lixando para o resultado... É frustrante ver que no fundo... No fundo... Só perdemos para nós mesmos, sempre! Somos quem podemos ser, e isso tem que bastar, pois quem finge ser o que não é jamais encontra a verdadeira paz... Mentimos para outras pessoas, mentimos para o travesseiro, porém ali, no espelho ... Todos os dias enfrentamos a verdade irrefutável escancarada nas janelas das nossas almas... A calma é a primeira a fugir no momento de desespero, e ouvir os outros aconselhar-nos a manter a calma parecem mil facas rasgando o abdômen... Mas encontrar um ponto de equilíbrio é vital para enfim encontrar a ponta certa que desatará todos os nós... E nos trará novamente a liberdade... Tente!


domingo, 16 de março de 2014

Memórias póstumas de um coração

             Ouvi dizer uma vez que o amor é imortal... Bem, o amor é imortal porque existem muitas maneiras de amar, amores fraternais, paternais ...Amizades, porém, o amor...Aquele que  te faz dedicar a uma alma gêmea, a uma pessoa , aquele que enche o coração de dor ou de alegria...Este pode sim, esvair-se. Essa viuvez de tal sentimento traz pela dilaceração do coração que atinge o limite de desilusões uma tristeza profunda e um vazio que somente não se faz eterno se tivermos fé. Haverá contra mim as mesmas vozes que sempre me rotulam pelos tons de dramaticidade em minhas declarações, mas eu creio que essa sensação de morte da capacidade de amar, já atingiu alguém em um dado momento da vida... Por isso, disserto...
                                            “Jamais quero me sentir, como me senti naquele dia... O dia que me foi arrancado, como se arranca uma planta, com as raízes e mudas inteiras o meu amor. Logo eu, que nunca dantes havia experimentado o quão libertador era ser verdadeiro, o quão poderoso é ser claro em meus sentimentos... Fui assaltado pelo previsível medo de ser feliz. Sim! Medo... O medo que fez com que desistissem de mim, de acreditar no meu sentimento. Quem sofrera antes sempre caminha armado contra desilusões, dosando sentimentos, mantendo uma distancia segura, não estando pronta para dar um passo à frente. Eu também andei armado muito tempo, mas a minha maior arma era a clareza, era a capacidade tola de abaixar a guarda, de confiar... Meu gatilho era a sinceridade e minhas balas... Era a verdade... Disparei à vontade, não medi esforços, não enxerguei limites... Doei-me. O que eu sentia simplesmente sustentava minha vida, e era tão forte... Tão mais forte que não permitia que meus problemas chegassem ao meu coração... Era uma coluna entre o meu coração e tudo de mal, todos os problemas que sempre tive que sempre estiveram ali... Mas esse amor, essa coluna os mantiveram suspensos, e quando essa coluna se quebrou tudo veio abaixo, de uma só vez e quase me perdi para sempre em tristeza, numa incapacidade de reação, e o choque de realidade foi tamanho que, nunca poderia imaginar que perdoar a si mesmo fosse tão complexo.
                                        Sim, foi minha culpa! Eu quem me deixei levar e vi tudo acabar comigo sem nada poder fazer. Acho que o grande problema é que o coração jamais se comunica com a mente, a mente sempre te alerta, sempre te diz o que pode dar errado, mas o coração além de nos cegar, nos ensurdece a alma...Sim, porque não vemos ninguém mais senão aquela que amamos, com os olhos abertos ou não... Não ouvimos ninguém, nada a não ser o nosso coração, não falamos nada que não tenha o nome dela... E nos deixamos levar tão longe que não conseguimos mais voltar sozinhos. Eu amei sim, provavelmente pela última vez, pois não quero jamais sentir algo que culmine assim, simplesmente porque não faz sentido viver um amor que seja para terminar com essa sensação de vazio, de deserto, de solidão... O que existe em um coração onde o amor morreu é desesperança, é vazio... É deserto!
                                       E assim, tão de repente quanto chegou, foi embora mais uma vez, só que a sensação agora é de fim. Fim de um ciclo, e me transformo naquilo que mais enfrentei, me armo contra qualquer pessoa, desacredito em qualquer interesse, não me permito olhar nada além do que meu caminho... Que ainda através do amor, reencontrei, ainda me apego pelas mudanças positivas feitas em mim pelo que senti, e mesmo sem encontrar força para enfrentar tudo que caiu sobre meus ombros quando o amor se foi, me ajoelho... Rastejo-me pela minha fé. Não quero nunca mais me sentir... Como me senti naquele dia... Não quero mostrar nos meus olhos o que tento fazer adormecer em meu peito.  Tudo ficou cinza, não existe mais cor em minha vida depois que você se foi.”

                                       Quando o amor por alguém é verdadeiro, tudo o que ele representa tem um peso tão grande em nossa vida que ao vê-lo partir, é mais do que um simples quebrar de um cristal... Um dia li que “Quem ama liberta”, mas eu prefiro ver quem amo feliz, com ou sem mim... Um pouco de altruísmo para condecorar com verdade tudo aquilo que sinto... Um dia tudo fará sentido, para os dois lados. Que Deus dê a todos que sentiram o amor morrer forças para criar motivações, e encontrar... Ainda que sem o amor da vida a paz mais desejada...E tão perseguida.

terça-feira, 11 de março de 2014

SANIDADE

                                   
       Do alto de nossa aparente normalidade, favorecemo-nos dos modelos mentais que melhor retratam uma sanidade plena e inerte, como se fôssemos capazes de iludir até mesmo os próprios olhos, como se os nossos ouvidos não discernissem o que é mentira, do que é real. Passa longe de todos nós tamanha retidão comportamental, tamanha perfeição de caráter essa imagem irretocável de deter o controle absoluto da vida. Afinal, qual o significado de "ser normal”?
         Nosso ego arrota sanidade, mas somos nós que acorrentamos nossas vidas em empregos que jamais idealizamos ingressar, alimentamos o espírito consumista que corrói nossos dias a cada propaganda dando como escambo o sonho de trabalhar no que se ama no que estudamos para exercer, exaurimos nossas forças por empresas e pessoas que nos pagam e tratam com o desdém de quem te julga dispensável e desnecessário, onde está à lógica nisso?
                                                            Nossos olhos julgam os que se separam, mas não temos a coragem de lutar por quem realmente amamos na vida, de jogar tudo para o alto, de se atirar, de baixar a guarda, de sermos felizes... Somos tão acomodados com os valores pré-estabelecidos que mantemo-nos em relacionamentos desgastados e que já terminaram faz tempo por preguiça de começar tudo de novo, de tentarmos mudar a vida... Qual a razão nisso?
                                                           Preocupamo-nos tanto em galgar os degraus do sucesso, que confundimos a escalada pela realização profissional com a busca pela felicidade, e nisso os valores e nossa condição humana se perde talvez para sempre. Gritamos aos ventos que temos fé, mas não colocamos em prática o perdão, o altruísmo, a caridade... Mentimos para nossas almas afirmando que cremos, mas não confiamos no tempo e nos planos de DEUS. Onde está à sapiência nisso?

                                                           Desta maneira, podemos afirmar que mergulhamos os espíritos em hipocrisia se afirmarmos que todos somos normais... Ou que há apenas poucos loucos e insanos, não... Somos todos dotados daquela insanidade que impregna nossa existência de atipicidades, que nos dota da capacidade de tomar as decisões mais improváveis em situações inesperadas. É a insanidade que nos faz amar quem não nos ama, que nos faz trabalhar pra quem nos humilha que nos faz sorrir quando os olhos insistem em chorar... É a insanidade que nos faz querer a simplicidade do lugar onde nasceu quando ficamos mais de uma semana longe de casa. É a insanidade que nos traz a felicidade que só nós enxergamos... Nas pequenas coisas. Ser insano nada tem haver com loucura ou insensatez, trata-se de errar tentando acertar, pois às vezes para darmos um passo à frente, é preciso recuar dois passos... E para se saber para onde vai, precisamos percorrer novamente todo o caminho e lembramo-nos de onde viemos.