terça-feira, 11 de março de 2014

SANIDADE

                                   
       Do alto de nossa aparente normalidade, favorecemo-nos dos modelos mentais que melhor retratam uma sanidade plena e inerte, como se fôssemos capazes de iludir até mesmo os próprios olhos, como se os nossos ouvidos não discernissem o que é mentira, do que é real. Passa longe de todos nós tamanha retidão comportamental, tamanha perfeição de caráter essa imagem irretocável de deter o controle absoluto da vida. Afinal, qual o significado de "ser normal”?
         Nosso ego arrota sanidade, mas somos nós que acorrentamos nossas vidas em empregos que jamais idealizamos ingressar, alimentamos o espírito consumista que corrói nossos dias a cada propaganda dando como escambo o sonho de trabalhar no que se ama no que estudamos para exercer, exaurimos nossas forças por empresas e pessoas que nos pagam e tratam com o desdém de quem te julga dispensável e desnecessário, onde está à lógica nisso?
                                                            Nossos olhos julgam os que se separam, mas não temos a coragem de lutar por quem realmente amamos na vida, de jogar tudo para o alto, de se atirar, de baixar a guarda, de sermos felizes... Somos tão acomodados com os valores pré-estabelecidos que mantemo-nos em relacionamentos desgastados e que já terminaram faz tempo por preguiça de começar tudo de novo, de tentarmos mudar a vida... Qual a razão nisso?
                                                           Preocupamo-nos tanto em galgar os degraus do sucesso, que confundimos a escalada pela realização profissional com a busca pela felicidade, e nisso os valores e nossa condição humana se perde talvez para sempre. Gritamos aos ventos que temos fé, mas não colocamos em prática o perdão, o altruísmo, a caridade... Mentimos para nossas almas afirmando que cremos, mas não confiamos no tempo e nos planos de DEUS. Onde está à sapiência nisso?

                                                           Desta maneira, podemos afirmar que mergulhamos os espíritos em hipocrisia se afirmarmos que todos somos normais... Ou que há apenas poucos loucos e insanos, não... Somos todos dotados daquela insanidade que impregna nossa existência de atipicidades, que nos dota da capacidade de tomar as decisões mais improváveis em situações inesperadas. É a insanidade que nos faz amar quem não nos ama, que nos faz trabalhar pra quem nos humilha que nos faz sorrir quando os olhos insistem em chorar... É a insanidade que nos faz querer a simplicidade do lugar onde nasceu quando ficamos mais de uma semana longe de casa. É a insanidade que nos traz a felicidade que só nós enxergamos... Nas pequenas coisas. Ser insano nada tem haver com loucura ou insensatez, trata-se de errar tentando acertar, pois às vezes para darmos um passo à frente, é preciso recuar dois passos... E para se saber para onde vai, precisamos percorrer novamente todo o caminho e lembramo-nos de onde viemos.

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