quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Sonhos e pecados

 

                 Indiscutivelmente, todos sonhamos.... Seja acordado, seja dormindo, sonhos absurdos, ou palpáveis, eles seguem em uma cadeia inquebrável mesmo após nos tornarmos adultos.... Eles nunca nos deixam.... Nunca. São diretamente ligados à nossa esperança. Alguns de nós, sonha alto, em milhões, mansões, iates, carrões, mudança total e eterna de estilo de vida, outros já não tem tamanha pretensão.... Sonham em ter o que temos hoje. Uma casa própria, um carro, um emprego, não dever nada a ninguém, simplesmente não deixar seus filhos passarem necessidades.... Outros, sonham em amar.... Em viver o grande e verdadeiro amor.... Engravidar, se casar, interromper uma sequência de decepções com pessoas que não compreendem, não valorizam, quiçá correspondem ao amor a eles destinado.

                                  Há também quem escolhe viver cada um desses como fases, começando pelos bens materiais, evoluindo para as expectativas pessoais, e finalizando com a simplicidade.... Isso mostra que há uma discrepância entre o que a gente quer... E o que realmente a gente precisa. Se você tem milhões, logo quer gastar milhões... O melhor e mais novo carro, a maior e mais luxuosa casa, o iate de maiores pés..., mas o que realmente se precisa? Essa resposta vem ao passar dos anos, quando fica cada dia, cada segundo da nossa existência, mais claro que precisamos de tão pouco para viver bem.... Que se soubéssemos desde o início, não teríamos nos complicado tanto pelo caminho.... Não teríamos quisto tanto coisas que não agregam em nada, e são inúteis sem companhia, sem tempo ou sem paz. Nada tem mais valor do que isso. Tempo, boa companhia e paz. No fim, é do que se trata.  Viver sem faltas, viver com o mínimo de preocupação e cobrança possível. Sem stress, sem perda de saúde, de tempo, de vida.... Viver exatamente o inverso do que a maioria vive hoje... Desacelerado, desapegado, sem ostentar nada, sem compartilhar nada, simplesmente viver com quem ama, com o que for suficiente para que seus últimos dias sejam mais próximos do que Deus sonhou para nós.

                               Já os pecados, esses nos assombram sempre. Sejam em doses homeopáticas, ou viciantes, ele vem, e vem sem nenhuma vontade ou descrição, vem sem medo e sem nenhuma timidez, não pedem mandam, não falam, gritam. E tentam ser a todo custo o contrapeso na nossa balança moral. E quase sempre são.... Não são muitas as pessoas que atingiram ou atingem a santidade, que a maioria busca, não à toa... A causa são os pecados.... Eles nos roubam a atenção.... Nos tiram o foco, nos tiram do caminho.... Ainda que não estejamos perdidos para sempre, pois sempre somos encontrados por quem nunca nos abandonou. Eles simplesmente nos devoram.

                            Pecamos em pensar, pensamos sempre. Pecamos por agir, a grande maioria não se segura, pecamos pela soberba, pecamos em julgar o outro e pecamos ainda mais por sermos hipócritas em pensar igual, agir igual e criticar..., mas é como somos, é o que nos define como humanos. FALHOS. Então me digam... Como alguém assim pode merecer realizar seus sonhos? Como pedir algo sendo, simplesmente assim... Inconstante, indigno? Como pedir perdão e esperar ser perdoado, sabendo no íntimo do seu ser que fará de novo, ou pensará nisso, basta uma junção provável de oportunidade e fraqueza. Como?  Na minha opinião, sendo nós mesmos. Sendo autênticos e verdadeiros, consigo mesmo. É preciso ser para si, a versão que quer que todos te vejam. É preciso agir consigo mesmo, como quer que todos ajam com você. Se não se ama, como amá-los? Se não és verdadeiro consigo mesmo, como quer crédito? Se tenta ocultar algo do onisciente, como espera ter paz? E ter paz.... É algo que mesmo sem saber, sentir ou citar, todos buscamos, entre amor e felicidade, é a paz que buscamos.... Quando ouvimos que descanso e paz só com a morte, é porque nos condicionamos assim, nos conformamos em mentir e nos sentir indignos. Mas há algo imenso e irrefutável a ser dito.... Quem nos ama.... Quem realmente tem que nos amar.... Quem realmente importa que nos ame... O faz como somos. Inteiros, simples, falhos, fracos, humildes. Eu reconheço quem sou todos os dias, e tento pedir o mínimo possível, e implorar pela minha alma diariamente, como se eu não fosse acordar, pois assim é a vida:  um sopro. Assim é a felicidade: momentos. Assim é a paz: eterna. Somos quem somos e está longe do que devemos ser, mas querer melhorar como pessoa é o que nos torna, ainda assim, amados, aceitos e capazes de ter paz em vida e em tempo. Não há uma conta simples...Não existem meios pecados, não existe “se”, tampouco certezas, não há fórmulas ou compensações, bem como não há um número limitado de chances ou distância do caminho certo que determine ou defina quem somos...O agora é tudo o que temos, façamos o melhor dele. Acima de nós, só há um para julgar e determinar a meritocracia verdadeira... E ele sempre quer ver a sua melhor versão POSSÍVEL de você, e é o que devemos querer também.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Reboot

 


              Era para ser um início de década empolgante, vários inícios e inúmeros recomeços se misturavam numa nuvem de otimismo que atingia boa parte do nosso povo. Mas os dias ensolarados do verão passado se tornaram nebulosos, e nem sequer com a notícia que vinha do outro lado do mundo nos demos conta da gravidade do que se aproximava lentamente de nós.... De nossas casas, de nossas famílias. Assistimos a tudo o que acontecia pela TV e ainda assim subestimamos a natureza, mais uma vez... O tempo de se preparar para o que chegava se esvaiu como areia entre os dedos, e em meio a divisão de opiniões fomos tomados de assalto, pela nossa soberba, pela nossa prepotência talvez, não importa. O fato é que fomos atacados de surpresa. Ainda que não fosse tão “surpresa” assim... E então, uma vez mais, contrariando a lógica, não nos unimos contra algo que atingia a todos, mas nos dividimos entre os que temiam pela economia e os que temiam pela vida. Como se um existisse sem o outro.... Enfim, não há cunho político algum em relatar o que sentimos... E senti medo. Medo por nós, por todos nós.... Por que muitos de nós, não só não sentiram o mesmo medo, como desafiavam todas as normas e cuidados contra o que viria.

                  Por meses o que vimos foi uma guerra, cada vez mais um contra o outro enquanto médicos e enfermeiros enxugavam gelo tentando salvar vidas, e sem sucesso, tentando alertar para a gravidade de tudo. Milhões perderiam o emprego, outros milhares perderam a vida, e todos perdemos a paz.... Tudo se tornou ameaça. Não haveria mais casamentos, formaturas, viagens, shows, visitas... No fundo temi mesmo por não haver mais chances de dizer a algumas pessoas o que sentia. A economia, como disseram, entrou em colapso. Bem como o sistema de saúde que já não era funcional. E hoje, ainda vaga entre nós o caos e as incertezas, na verdade, somos uma ilha feita de caos cercada por um oceano de incertezas...

                 Ainda assim, mesmo que seja romantismo de minha parte, ou mesmo uma costumeira mania de viver a vida tentando me levantar.... Mas acredito mesmo.... Logo eu, o pessimista nato, que haverá um reboot, um impulso, um efeito que nos catapultará a nossas vidas normais.... Ou o que acreditamos ser normais.... Muitos pequenos e médios empresários perderam tudo, muitos setores simplesmente beiram o desaparecimento, mas o que creio que seja a nossa salvação é um dos nossos maiores defeitos. Somos consumistas por natureza. Não é de a cultura do povo brasileiro poupar ou esperar pelas coisas, nós simplesmente fazemos. E haverá uma procura enorme por aquilo que há muito não se tem... Casamentos, formaturas, festas, viagens.... Isso tudo está represado, claro que se os empresários tentarem desesperadamente tirarem seu prejuízo nos primeiros clientes, isso os afugentará, mas se aproveitarem bem.... Haverá muita procura. E uma demanda grande exigirá trabalho dobrado que exigirá mais pessoas e haverá vagas...

                     Contudo, não são essas as mudanças que mais me inspiram.... Não são só essas mudanças que espero ver e viver. O que sonho mesmo são as mudanças no coração de cada um de nós. Que percebamos novamente o valor de ser livre... Liberdade é algo que não pode ter preço.... Tem que ser inegociável. Que possamos insistir em ter paz, pois de nada adianta termos condições de comprar o que quisermos e não termos paz. Não precisamos de divisões, não precisamos de autoritarismo ou anarquia, precisamos de justiça, de justiça de fato. Não falo da justiça penal, falo da distribuição mesmo. Falo de ser justo. De ter e deixar ter... De ao invés de um ganhar cinco mil, cinco ganharem mil. Falo aqui da valorização do ser humano e daquilo que ele faz. De não tratar quem trabalha com ameaça ou como se estivesse prestando-lhe um favor em mantê-lo empregado. Quero que menos absurdos sejam vistos com normalidade que o caos não seja o novo normal.... Que haja de fato um futuro. Não para partes mas para um todo. Todas as manhãs o sol invade a janela de nossas casas anunciando mais uma chance que temos de fazermos melhor. De sermos as melhores versões de nós mesmos. Que façamos de toda essa tragédia uma reinicialização completa. É a chance de fazermos o bem para nossos filhos com o mal que vivemos. Ao meu ver, não podemos simplesmente voltar ao que fazíamos anteriormente, sem reflexão. Nada pode ser como antes mais, temos que aprender. Tudo tem que ter mudado... O mundo... O mundo ele ficou melhor sem nós. Praias mais limpas, bichos saldáveis, poluição menor.... Então, poderíamos voltar para esse mundo, pessoas melhores também. Esse seria nosso maior reboot. É nossa maior chance.

sábado, 30 de maio de 2020

Espírito livre


                                             
    A liberdade é um sonho.... Em todos os aspectos da vida. Inimaginável em alguns casos ver a si mesmo como dono de si, de seus atos, de seus pensamentos.... Por mais liberais que possamos ser, por mais desprendidos da matéria que possamos nos achar ainda estamos presos, de fato, a correntes inquebráveis de decisões, de sentimentos, de condições.... Podem não ser visíveis aos olhos que te veem, podem não ser admissíveis por nós.... Mas basta fazer uma só pergunta a nós mesmos para entender: Você pode ir aonde quer agora? A resposta é não. Não podemos, não devemos, não iremos. Estamos todos presos. Não podemos ir onde queremos, fazer o que queremos menos ainda no tempo que queremos. Esse é o real conceito de prisão. Não são grades, não são correntes.... É a privação da liberdade. Do ser, poder, estar.... Embora essa privação exista, ela nunca será uma privação total e absoluta. O trabalho, a escola, o relacionamento, a família, a condição financeira, são os elos da corrente que nós mesmos fundimos ao nosso redor. O tempo são as barras de ferro que crescem à nossa frente como e fossem tocar o céu. E nada é no nosso tempo.... Nada é totalmente como se quer.... Nunca temos condição de fazer.... E principalmente, não podemos fugir para longe de tudo só porque temos vontade.... Tudo parece distante, intocável, mas não é.  Esse prisional é real, mas não totalmente intransponível, há formas de se mover, de chegar aonde se quer e enganar o tempo...
                                                   Vivemos em constante opressão, queira pelos fatores externos como o trabalho, que sempre exige um nível acima de dedicação, um nível acima de tolerância, de subserviência, até, uma compreensão além da conta nos momentos mais difíceis mediante a totalidade de resultados que na maioria das vezes não te dão sequer as condições de obtê-los, ou na faculdade que a  maioria não está nem aí, e isso traz ao professor a sensação de insatisfação consigo mesmo e exige cada vez mais, de cada um , sendo que cada pessoa absorve os golpes da vida de forma diferente, cada um tem condições diferentes de tempo e disponibilidade... Isso quando os dois não se somam à fatores internos como ter  uma vida financeira desequilibrada e uma família que exige total atenção, o que faz com que nós mesmos, nos tornemos nossos próprios opressores... Afinal, ser pai é não querer para os filhos o que de mal nos aconteceu... É querer, mesmo que em vão, evitar que tenham dificuldades. Ter um relacionamento é se doar e ser parceiro sempre e esperar que receba de volta tudo aquilo que se dá. Muitas as vezes sem ter noção alguma se o que temos doado de nós ao relacionamento é proporcional ao que queremos de volta... É estar sexualmente disposto quando seu amor está sexualmente indisposto, é ter discordâncias banhadas de problemas e esperança de que tudo esteja bem ao fim do dia. Ser filho é cuidar depois de ter sido cuidado, é acolher e se preocupar com a saúde física e mental dos pais, sempre tentando ser neutro nas brigas de família, é tentar reunir sempre os irmãos e minimizar os atritos... Sem falar na sociedade, sempre ditadora de modas, estilos, estereótipos, sempre deixando subentendido que precisamos tomar partido de qualquer lado que seja... Seja na música, na política, no esporte, nas camadas que a mesma desenha a cada dia. E nós? O que sobra de humano em nós? O que realmente queremos?
                                            Quando estamos sós, encontramos ali.... Naquele pequeno espaço entre a oração e o sono, nosso lugar.... Um refúgio inalcançável a qualquer fator opressor, longe de qualquer corrente, além das barras frias de ferro.... Quem é de mar, caminha pela praia, quem é do campo, cavalga o cavalo branco pela estrada de terra que margeia o lago, quem é de montanha, estende as pernas sob o horizonte perto da fogueira, acompanhado de um bom vinho... Mas todos, sem exceção tem consigo aquela paz... Sonhada, fica-se um tempo sozinho, mas aos poucos é possível enxergar quem amamos chegando até nós... Seria um sonho, mas é melhor, quase se sente o gosto do vinho, o vento do litoral, o cantar dos pássaros...É quase real, é atemporal. Ali, não há dores ou pressões .... É silencioso e consolador. Jamais podem aprisionar os nossos espíritos... O corpo pode padecer, mas a alma é livre para ir onde quiser, e quando quiser. Há, claro, condutores para que isso seja possível em qualquer tempo, a música e a fotografia são condutores.... Por isso viajar é tão relacionado a liberdade, a felicidade.
                                            Deste modo, mesmo levando em considerações que não há modelos de personalidades, e comportamentais cem por cento confiáveis, pois seres humanos não vem com manual, somos imprevisíveis, mutáveis e volúveis, é relativamente possível que um número considerável de pessoas se identifique com essa minha versão de fuga mental. A gente se dedica tanto... Tanto do nosso tempo para sermos a nossa melhor versão para tudo o que temos que fazer e para todos com quem temos que nos relacionar, há tanta pressão sobre nós, e ainda, nós mesmos colocamos mais.... Que quando pudermos parar para reavaliar, para pensar, estaremos doentes, cansados demais... Tomados de loucura, stress.... Não há tempo de olharmos para nós mesmos, de nos cuidarmos. Temos que criá-lo. Não se consertam aviões e navios em plena viagem... São feitos reparos. Esses são os nossos reparos. Minimizando danos maiores a única pessoa que não conseguimos amar direito: Nós mesmos. Como o pai mesmo nos ensinou: Ame ao próximo.... Como a ti mesmo.
Liberte-se, se ame e tenha suas doses de felicidade que tanto almejas...

terça-feira, 21 de abril de 2020

CONTÁGIO


                           
              Vivemos dias de absoluta comoção, e algo que, sinceramente, não esperava viver para ver , mas se desenvolve bem diante dos meus olhos.... Algo até então impensável, mensurável apenas como sétima arte. Mas não, estamos sim, vivendo os piores pesadelos de nossa era.... Logo nossa geração, que sempre imaginou que guerras e poluição nos devastaria, mas a natureza, sempre encontra um caminho. Não poderia, ainda que relutantemente me abstenho de uma posição política, deixar de vir, aqui retratar meus sentimentos, como sempre o faço... é verdade, que de forma mais espaçada nos últimos tempos, por motivos de saúde somados a motivos pessoais, mas jamais me omitiria, jamais, meus pecados são tantos, mas não esse...
                               Curiosamente, o antidoto provisório e desesperado que se encontrou foi o isolamento.... Logo esse.... Tão comum na era moderna...O praticamos com tamanha destreza, tamanha sagacidade que nem sentimos culpa por isso…vivemos em caixas de entretenimento que variam as polegadas e definições, mas não nos conectam a corpos como antes.... Nos deram a difícil missão de fazermos aquilo que somos especialistas em fazer, como ferramenta para evitar nossas mortes.... Ficar em isolamento. Não ver mais nossos pais, avós, amigos, alguns até ficam longe do stress do trabalho físico. Mas, isso pode, ainda que como novidade para muitos, ser extremamente danoso às mentes, à alma, e sobretudo, aos corações.
                                Falo com o sentimento de quem, talvez, seja especialista, em afastar pessoas. Eu sou assim, tenho essa acidez rotulada em mim, não consigo mais, em nenhuma circunstância ser a mesma pessoa que antes abraçava e angariava amigos.  As derrotas e decepções podem sim, amargurar um coração ao ponto de quase torna-lo incapaz de enxergar além daqueles que estão ao seu lado, e creio, que isso pode ter sido o que se deu comigo. Tenho visto tanta gente refletindo de fato, sobre esse afastamento, sobre, como não se vive mais em comunidade, com a saudade de magnitude colossal, porque, de fato, há muito tempo, não vemos o outro.... Não sabemos que está ali... É da natureza humana se redescobrir em momentos como esse, se fazer cooperativo, solidário, irmão. É notório que sob essa condição somos mais capazes de romper as barreiras de gêneros, religiões, classes sociais.... Nos tornamos quase unidade, se colocar no lugar do outro...
Em contrapartida, há o estado de contágio verdadeiro: o envenenamento político.  Num momento delicado para o mundo, vemos algumas pessoas quase chegando as vias de fato por defenderem lados opostos politicamente falando. Dia a dia, crescem os contagiados pelo ódio, e pela ingênua sensação de que ter a razão irá trazer algum conforto, algum alívio. Milhões deixam famílias órfãs com proporções de confrontos armados ao mesmo tempo em que alguns acreditam se tratar de um jogo de xadrez, movendo peças, ganhando terreno.... Não poderemos nos recuperar de tudo isso, se não encaramos as coisas, como elas são. O mundo a qual conhecemos, os sonhos, os planos que tínhamos na virada do ano passado para esse ano, mudaram, tudo foi alterado.... Adiado, ou perdido. Casamentos que tinham sido planejados por anos, formaturas que eram sonhadas semestre a semestre, aulas que foram interrompidas, viagens canceladas, empregos perdidos, salários fracionados, fome e dor potencializadas. A cada boletim diário, um número assustador... Vidas perdidas, lágrimas, dor. E muitos se queixando de não ter mais paciência de esperar tudo passar.... É algo mundial, mas que afeta cada país com a realidade em que vive. Nosso sistema de saúde sempre foi precário, e nosso país é geograficamente vasto.... Somado ao fato de termos abismos sociais tão profundos que se estendem desde o descobrimento, nos torna alvo fácil nessa pandemia. Não podemos sob nenhum aspecto, dar importância a qualquer que seja o lado, pois, esse lado não existe. Não aqui.... Não hoje, não agora.... Não sob essas circunstâncias. O que existe, é o que vai ser feito, e o que vai acontecer, seja lá o que for... Seremos nós que arcaremos com tudo. Tudo. Se vivermos que esse traço esquecido de humanidade que temos resgatado seja de fato a cura. Senão para o vírus, para nossa vida. Para que tenhamos menos corações amargos. Menos rótulos, menos distância entre nós. Temos que tirar ao menos essa lição, de que todo o trabalho de quem está se arriscando para que fiquemos a salvo não seja em vão.... Para que tamanho distanciamento não se eternize em nossas almas.
                                   Portanto, a resposta para aqueles que se perguntam aonde está Deus no meio dessa pandemia, praga, peste, o nome que se dê ao que vivemos, continua sendo o amor. Não pelo que vemos no espelho, mas pelo que vemos à nossa frente, ao nosso lado.... No outro lado do muro, no outro lado da cerca, da cidade, do estado, do país do mundo. O amor pelo próximo, a genuína vontade de que ele sobreviva, que se cure, que não sinta fome, nem frio, que não se desempregue, que não morra. A bandeira do nosso Senhor: O amor à vida. Em estado pleno.
Cuidem-se meus irmãos.