Os anos se passaram e com eles a grande máxima de toda lei, norma, diretriz... “Vale o que está escrito”. Este conceito anda se desgastando, derretendo como cera... O que escrevemos viaja pelo vento às mentes que podem captar ou não, podem se identificar ou não, podem entender ou não e se quiserem, interpretar ao seu próprio modo. Vivemos tempos sem editores, sem limites para a criatividade e julgamento, estamos na era da liberdade digital, onde todos podem tudo, sem nenhum limite. Em tempos como este, pode ser fácil passar pelos firewalls das mentes.... Entrar e sair.... Influenciar em modas, posição política, e raciais, basta o apelo certo no momento oportuno.... Afinal quem não segue o modelo perfeito? O corpo exuberante, a maquiagem irretocável, o look perfeito? Quem não deseja os corpos que dançam e se movem em simetria... Sempre com a dose certa de sedução e fitness.... Quem?
Porém, não é uma ciência exata, tudo está mudando muito
velozmente, todos se destacam e se descartam com igual rapidez.... Pois atingem
ao cérebro do público, mas não chegam aos seus corações.... Por mais rasos que
possam ser, ou estar. Existem pessoas que não são tão susceptíveis, já outras
que se escondem em subterfúgios como estes que descrevo, mas tem o coração
cansado, que anseia por respostas cujas perguntas não quer fazer ou não sabe....
Para estes, nada parece fazer muito sentido... Pois não há para a vida nenhum
manual, não há modo padrão que funcione com todos... O belo pode ser frágil, o
forte por vezes é o feio, o feio se
torna automaticamente o excluído, o vulgar tem sido o exaltado, o exaltado que
sempre se torna o primeiro a ser julgado, o vencedor é o indigno, o trabalhador
é o desfavorecido, o mérito inexiste e os únicos padrões que importam são os
impostos pela nova ordem de opinião flutuante dos apps...Nada tem lógica, e
para esses, sempre é uma questão de passos... Há dois passos de se consagrar,
ou a dois passos de saltar do trampolim... Rumo ao desconhecido, rumo ao
escuro, ao esquecimento, à solidão, ao caos.
Um dos mistérios da psicologia, da fé e da razão, porque e como uma pessoa chega ao ponto de querer se autodestruir, atentar contra si, contra sua vida.... Não é um fato, e, claro, não há uma receita, padrão. É uma simbiose de falta de fé em si mesmo, falta de fé em Deus, sensação de abandono, somado a vários acontecimentos que afunilam no sincero desejo de finalizar com isso, a quem se encontra neste ponto, não se trata de uma vida, se trata de pôr fim a tudo isso que atormenta, como única saída. O egoísmo desse ato sequer passa pela consideração deste, que ignora aos que o amam, passa desapercebido daqueles que o pressionam, porque a pressão é uma cadeia de alimentação que vem de cima para baixo, que tem como principal base, repassar o que te foi cobrado, com igual ou pior truculência. Para esses cujos próximos dois passos serão rumo ao caos.... Sugiro uma última olhada, à sua volta, que seja. Claro, ninguém aguenta perder, perder, perder e perder sem folga. Ninguém aguenta injustiça, traição, mentira, roubo e cólera ao mesmo tempo... Ninguém. Exatamente! Nem os modelos, nem os perfeitos, nem os extremamente felizes, nem os chefes, os superiores, os esnobes os bitolados, ninguém. Somos todos, extremamente falhos. Mas vamos além desse filtro de felicidade que tentam nos aplicar.... Busque em memórias de seu coração ou de outros corações que o seu está contido, os momentos felizes. Não existe felicidade linear, são momentos.... Muitos deles simples, que nós temos a autonomia em transforma-los em felizes.... Não olhando somente onde, mas com quem, não somente quando, mais como.... Nós temos as respostas. Nem sempre as que precisamos, mas temos.... Às vezes, voltamo-nos aos céus com perguntas do tipo.... Por que? Como isso foi acontecer? Quando na verdade, deveríamos pedir respostas de como e o que precisamos fazer para melhorarmos.... Depois, termos coração para sabermos qual resposta é de qual pergunta. Não há modelos, não há receita, não há perfeição em ninguém.... Em anos de vida, se constata que o único sentido que se encontra na vida é que geralmente, o que se quer é o dobro do que se tem, e também a metade do que se precisa... E precisamos de tão pouco...
Assim sendo, rasure todas as normas e regras, esqueça as leis que os homens tentam imprimir em suas mentes, as fronteiras, as ideologias, a economia, os status, a raça.... Tudo o que se cria, para instaurar a ilusão de separação, de seleção, de escolhas...O caos existe, e está sendo alimentado pela nossa confusa obstinação em sermos algo que não somos. Aos olhos do nosso pai, não precisamos nos acorrentar aos que se dizem perfeitos e puros, mas sermos simplesmente sinceros com ele e consigo mesmo, sabendo que somos fracos, falhos, pecadores, e queremos mudar... Às vezes não temos o que é preciso, mas a real intensão, a vontade de ser melhor, de ser próximo ao que seu pai sonhou pra ti, essa é a centelha, a fagulha, o contato que lhe faz se levantar todos os dias, sem saber como... Sem forças, sem expectativas, sem paz, sem amor próprio... A dois passos... Resta, definirmos em qual direção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário