Eu que sempre fui traído pela ausência de ego, pudor e estima, resolvi compartilhar com quem quiser histórias, contos, visões e textos provenientes dessa velha fábrica de criatividade que sou. Arquiteto de situações, pela capacidade de criar, moldar e pavimentar os sonhos, faço dos meus textos o portal para esse meu mundo, onde as nossas sentimentalidades são as linhas que minha caligrafia desliza. Assim sou eu, sincero, claro e verdadeiro. Bem vindos! A minha alma e ao meu valente coração!
sábado, 19 de janeiro de 2013
Reféns
Meu pai tentou muitas vezes me ensinar à fórmula da fortaleza, como ser forte, ser firme e tomar as decisões acertadas, antes que a vida me ensinasse de forma mais árdua. Mas o tempo passou e quem era filho se tornou pai, e todos os ensinamentos se fizeram necessários na medida em que a vida se desenrolou, e cobrou de mim certeza em minhas decisões. Segundo ele, o método mais infalível de ser forte, era separar os dois hemisférios, os dois polos... A razão e o coração.
Infelizmente pra mim não foi tão simples, e... Eu não sou um homem forte. O coração é como diz o ditado, em se tratando do coração dos outros... Terra de que ninguém pisa. Mas muitas vezes, o nosso próprio coração nos é desconhecido... Não conhecemos suas fraquezas, suas dimensões, sua capacidade de perdoar, de amar... Não o conhecemos. Muitas vezes o ignoramos tentando viver somente pela tal razão, e é aí que nos surpreendemos, ele que julgávamos petrificado, congelado, carta fora do baralho... Ressurge das cinzas, chega falando alto, querendo mandar, como passageiro que sobe no ônibus e já quer se sentar na janela.
Relutamos, tentamos não ouvi-lo, mas por não o conheces, subestimamos a sua força, e ele enfim domina as ações, e novamente, estamos agindo por ele... E a razão? É como dizem... Pra que razão quando se ama? Quando se apaixona? Quando nos alegramos? Quando nos completamos de uma forma ou de outra? A razão some, desaparece! É reencontrada dias, semanas, meses, anos depois vagando como um náufrago, desmemoriada, falando coisas sem sentido, sem sequer saber o que a atingiu.
E assim... Quando menos se espera, não usamos mais a razão, o coração fica enorme e fazemos coisas que as pessoas chamam de loucura, mas pra nós, é somente mais um passo, mais um ato, mais um sorriso. Viremos reféns de sentimentalidades, achamos bonito o que geralmente não é aos olhos dos outros, somos mais piedosos, menos cuidadosos, mais educados, menos paranoicos, quem vive em função do coração, quem o deixa dominar, não teme um desfecho ruim, uma infelicidade, não crê em coincidências, tudo é à flor da pele. O que o coração sussurra ao corpo se desconhece, mas esse é o primeiro a perder completamente a blindagem, amplifica o sussurro, transforma em grito e quase tudo que, ora a timidez, ora a sensatez manda guardar a sete chaves, se revela em alto e bom tom.
Daí, um dia me sentei com meu pai e disse que falhei, não consegui usar a minha razão... Sou só coração! E que talvez, não consegui ser racional porque sempre sou intenso, me dedico demais, sempre me atiro, faço Bunge jun. com minha vida, ou quem sabe, a vida não me endureceu o suficiente ainda. Ele sorriu e me respondeu: “E quem te falou que conseguimos ser 100% do tempo racionais? Nem as pessoas dotadas dos maiores Q.I. ’ s da face da terra se controlaram, conseguiram manter a racionalidade mediante as sentimentalidades. O que nos faz homens, não é a capacidade de ser mais racional do que sentimental, e sim... Saber a hora correta de usar cada um” Pode ser eu não consegui ainda ser racional. Pois meu coração desaparece do radar, mas quando volta... Parece eterno, forte e indestrutível, incapaz de ser questionado, ou domado. Quem sabe um dia eu tenha a sorte de reaver a razão. Mas eu amo ser intenso como meu coração me tornou, me fez refém. Forte demais para ser amordaçado, e simples demais de ser entendido. Os reféns são assim: As cores mudam, as pessoas mudam, os lugares mudam... Mas o coração, esse parece só crescer...
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Eiiii Ricardo. adorei o post. :D
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