domingo, 24 de março de 2013

Entre o cactos e o machado




Durante milênios o domínio do homem foi dado como inquestionável e irrevogável. Éramos os supremos senhores de tudo, patriarcas, generais, conquistadores, de modo geral dominadores. Essa falsa sensação de controle e poder uma hora acabariam nos pirando. E de fato, essa máscara caiu, se algum dia houve esse controle, se dissolveu em nossa própria arrogância, intolerância e a vil capacidade de subestimar a mulher. Se muitos ainda dormem e acordam com a sensação moral de estar no século XIX, onde a mulher era extremamente submissa e o homem podia tudo... Ainda exigia dela o que quisesse, e na hora que quisesse... Há outros que veem com olhos visionários essa era “sob nova direção”. As mulheres não são mais inteligentes, e sim mais perspicazes , elas viram a oportunidade na frente delas e seguraram, seguraram tão firme que não soltaram mais. Infelizmente pra elas, todo esse domínio terá um preço, talvez caro demais, porém não vejo nelas ausência de fibra para administrá-lo.
Temos que enfim entender, que o que as mulheres procuram é somente serem ouvidas, notadas, em cada centímetro, se possível até a alma! Não, não falo de entendê-las, pois nem elas mesmas conseguem. Falo de se moldar a elas de uma forma tão intensa que a sintonia se torna natural, e isso é ouro hoje em dia. Infelizmente, aquela comunicação visual, aquela capacidade de seduzir sem disparar sequer uma palavra anda sumida dos nossos métodos e acabamos criando verdadeiros monstros. Hoje, nossa incapacidade de agradá-las ou conquista-las é tamanha, que muitas confundem tomar iniciativa com persuasão, e cada vez mais se parecem com a forma machista existente em cada um de nós - resolvendo tudo na base da força, como um machado que corta sem pestanejar tudo o que é harmônico, tudo o que simboliza paz, todo o processo natural das coisas. Nada se compara ao tempo das coisas acontecendo, tudo naturalmente, sem pressa, sem respirações ofegantes ou declarações falsas de amor eterno. Se fossemos todos mais maduros, observaríamos o valor de esperar por algo que se eternizará ao invés de mentirmos infantilmente para conseguirmos o que queremos, e pasmem! Quando conseguimos, alguns de nós nem saboreiam bem, ou não conseguem saborear essa conquista.
Ser visionário, gentil e perspicaz não deixa ninguém menos másculo, ou menos interessante. De nada adianta a academia sem livros de conteúdo. De nada adianta o corpo talhado cuidadosamente sem saber usá-lo. Aceitar que tudo mudou já é um começo. Fico olhando... A limitação de argumento é tão latente! As escolhas ainda são do século passado, como o futebol, o carro, a cerveja... Tudo em primeiro lugar, e a mulher em “stand by”... Tudo errado! Isso tem que ser secundário complementar e não vital. Falamos de sexo com a propriedade de macho-alfa, de dominadores, porém o que mais vejo são mulheres se queixando de insatisfação. Concentrem-se! Olhem à sua volta, veja além do que os olhos mostram... Sentimentalidades não arrancarão de nós a capacidade viril de conquista. Os homens que amam, e não se omitem, são perseguidos, rotulados pelos próprios homens como fracos e desmerecidos, são jogados ao esquecimento pelos homens  e por algumas mulheres que hoje se tornaram mais leoas do que mulheres. Esses não suportam ouvir a frase – “Todo homem é igual”, pois não é, aliás, ninguém é igual a ninguém!
A deslealdade das “amizades” está tornando esse mundo feminino impossível de conviver, daí tem nascido amizades verdadeiras entre homens e mulheres, aqueles que sabem ouvir e falar o que precisam ouvir esses não perdem a cadeira cativa no coração delas. São eles que merecem o status de homem.  Aquele que cresce mais no intelecto e na alma do que nos músculos tende a decifrar segredos que aos outros parecem enigmas seculares, como fazer uma mulher feliz, como dá-las o prazer, não só sexual, mas o prazer de estar com você. Fazê-la sorrir somente ao te ver. E isso não tem preço. Enquanto os meninos olham para as bundas, os homens olham nos olhos, a janela da alma, e se souberem entrar por essa janela... É de fato, um passo enorme para alojar-se no coração delas eternamente. A vaidade que temos adquirido com elas tem deixado claro que somos frutos do meio em que vivemos, a mulher é o ser dominante, ainda que não tão imposto como fomos no passado, mas tudo tem girado em torno delas. O relevante é que não basta ser sarado, hiperparanóico esteticamente falando, cabelinho espetado, cheio de gel, carpa no braço e carro importado. Mulheres, as de verdade... Aquelas que compensam mais do que uma noite, aquelas que merecem a nossa vida toda, essas querem e merecem mais. E sabemos ser mais! Afinal, não seria o cactos, a planta mais hostil que nasce nos lugares mais inóspitos que vem a única água no deserto? Aquela que espeta, sabe acalentar a sede.  Pois entre a voracidade do machado e a capacidade do cactos de ser o essencial na hora certa, o que sobrevive... Não é o que consome, e sim o que marca... Para sempre! 

domingo, 17 de março de 2013

A noite que não queria acabar

“Tomado pelo gosto amargo da derrota, fiquei inclinado a me sentir o pior dos seres. Minha incapacidade de enxergar qualquer explicação lógica do que tinha ocorrido era visível. Existem dias em que era melhor nem ter levantado da cama – disse. Cheguei à casa de cabeça quente ainda e, quando assim estou, para não compartilhar minha dor com ninguém, me isolo. A imagem do meu corpo sendo tomado pela água quente refletida no Box, ali não havia como distinguir as minhas lágrimas... Procuro me desconectar, desligo o celular e do computador quero distancia, desligo a tv, e vou deitar afinal o travesseiro é o melhor psicólogo como dizem. Eu me deito, mas o sono não chega, parece mais distante na medida em que as lembranças do que vivi hoje vem e vão como numa roda gigante. Então procuro acalentar a alma em orações, mas não consigo completar nenhuma, sempre me interrompo aos prantos, não querendo acreditar... E nessa luta entre ceder a minha fé e continuar me lamentando adormeço. De repente sinto uma mão em meu ombro direito, e me viro para ver quem era, e vi um homem sorridente que me estendeu a mão, e me guiou por um caminho de névoas. Sentia meu corpo doendo, minhas pálpebras pesando... Deve ser a noite de sono que perdi – imaginei. E então ele me apresentou a um senhor, rosto cansado... Aparência bondosa, olhar sincero e puro. E sem dizer uma só palavra, me deu a mão... Aproximou a mão dele do meu peito e espalmou-o do lado esquerdo sorrindo, como se aprovasse algo. E então se sentou num banco de mármore frio, e sinalizou para que eu sentasse ao seu lado, e enfim falou – Deita meu filho, hoje eu vejo o teu cansaço, hoje eu amenizo a tua ira, não te desgaste com as injustiças ou as derrotas da vida, pois se perdes hoje é porque te quero mais forte amanhã! Dorme criança! Enterre todos os teus maus sentimentos em algum lugar tão fundo que nem você mesmo se lembre de onde enterrou! Descansa sobre meu ombro tua cabeça e toda a tua dor se despedirá de ti! Ali notei que estava diante do pai, que me confortara que me aparava em seus braços, que enxugava minhas lágrimas... E senti o peso que havia em Minh ‘alma se esvair, e novamente meus olhos se fecharam e passei a enxergar somente coisas boas, me vi vestido de branco, andando pela orla, descalço, sem pressa, sentindo o mar entre os meus pés... Sorriso calmo no rosto, e o sol caprichosamente deitava-se junto ao mar como amantes que há muito não se viam. Quando abri novamente os olhos, o sol havia nascido, era manhã novamente... E a dor da noite anterior havia ficado na noite anterior, minha vida se renovou. A esperança havia renascido assim como o sol, e notei que cada sol que nasce é sinônimo de um recomeço, uma chance nova, seja de escrever uma nova história ou de reescrever a mesma história, porém de maneira diferente. O que eu desejei ontem, ainda desejo hoje, somente mudará minha maneira de lutar por isso! E a noite que eu pensava que jamais terminaria o arrependimento de ter levantado da cama, se tornou aprendizado e agradecimento por estar vivo e ver o sol nascer novamente! Feliz por poder tentar novamente... Por ter finalmente PAZ!”

sábado, 2 de março de 2013

Infinita Sabedoria

Por séculos tentamos inutilmente decifrar, antecipar ou prever o que será de nossas vidas, cartas se vão... Tarôs quicam sobre a mesa, mas nada, nada de concreto ou convincente nos satisfaz. Quem nunca se afundou em lamúria, ensandecido, inconformado por nada dar certo... Se perguntando repetidamente o porquê das coisas acontecerem daquela maneira – ou deixarem de acontecer... Há um padrão em tudo o que acontece. O que pra nós se chama destino, alguns creem em punição, outros preferem chamar de sorte ou de azar... Pode ser classificado como o roteiro que Deus escreve para cada um de nós. Tudo tem um porque de acontecer, ou deixar de acontecer tudo está no plano, o plano de Deus. Claro que jamais entenderíamos os planos de Deus, e é essa a intensão mesmo! Se fosse para a humanidade conhecer com detalhes a sapiência divina, não seríamos nós humanos e sim seres evoluídos em divindade. Tudo o que hoje parece não fazer sentido algum, fará daqui a algum tempo, quando a ansiedade e a revolta por não ter acontecido da forma que desejamos, ou no tempo que desejamos. A caligrafia do pai segue perfeita ainda que não haja pautas... Engana-se quem crê ser o dono da verdade por julgar todos errados, ou apontar o dedo para A, B ou C... Quem disserta sobre a palavra, mas ao sair da Igreja toma pra si uma vida totalmente oposta. Engana-se quem crê que podemos omitir a verdade daquele que nos enxerga de dentro pra fora, pois quem conhece melhor o teu coração senão aquele que o fez? Todos os nossos erros, todos os nossos fracassos tem sim um valor, um motivo. Não se iluda achando que tudo poderia ser diferente, porque se tudo fosse diferente, o que deu certo em tua vida não teria dado cada um tem um caminho perfeito a seguir, uma estrada de tijolos amarelos que Deus construiu, mas nós deturpamos a dádiva do livre arbítrio e criamos atalhos, desviamos o olhar, nos deixamos levar. A infinita sabedoria do pai se reflete em cada amanhecer, pois enquanto há uma terra, enquanto nasce o sol, e enquanto houver oxigênio o dia nasce e com ele a esperança, a segunda chance, o arrependimento, o perdão, o sorriso, a calmaria, a paz. Temos tudo o que é preciso para dar certo, afinal nossa história foi redigida pelo melhor roteirista do universo, cabem somente às intervenções corretas ou errôneas nessa história. Mantenhamos a fé mais viva do que a vontade de se superior, pois a fé ressuscita e a vontade de ser superior oxida a alma.