segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Do outro lado da corda

                       Parece inacreditável, e por mais que se diga sempre soará falso, mas mesmo ali, sobrevivendo à margem do um por cento de probabilidade de existência, quase invisível a olho nu, jaz solitária a força do outro lado da corda. Os rótulos mudam com os anos, mas os homens seguem a linha de insensibilidade e apatia nos relacionamentos por gerações... Justificando acusações de sermos selvagens em se tratar de instinto e fundamentando teses que nos rendemos facilmente às atrações físicas...De fato, somos assim em nossa maioria quase absoluta, tão absoluta que os resistentes, aqueles que não vivem à margem de toda essa lógica implantada com alguma veracidade pelo universo feminino de igualdade para os homens, são poetas, compositores, homens de alma, homens que tem coração, homens que se deixam levar pelo sentimento verdadeiro.Hoje trago a quem quiser acreditar, a verdade sobre os homens que amam.  Homens que não se importam com rótulos, com julgamentos ou com a infinita comparação, homens que descobriram que possuem um coração. Nos anos 60, era mais comum homens falarem de sentimentalidades que lhes tiravam o sono, a paz, mas cada vez mais foram engolidos com fúria pelo machismo exagerado e pela cada vez mais flagrante “igualdade” de ações entre os homens e as mulheres. Eu convivo, amo e sou profundo admirador das mulheres, da fibra, da vontade e do desejo firme de cada uma delas, é raro uma mulher que não sabe o que fazer da vida, elas sempre planejam e executam com perfeição. No entanto essa superioridade intelectual, e a posição de vítima desses “lobos”, corroeu uma das maiores virtudes que elas possuíam: Discernir quando um homem realmente a ama.
                       Quando um homem ama uma mulher, é sem dúvida, diferente... Todos conhecem as histórias das mulheres, de dedicação, de doação e de abandono, de decepção... Ora pela expectativa que cada uma delas constrói rapidamente, ora pela escassez de homens à altura desse sentimento verdadeiro. Mas ainda assim, as mulheres são... Como sempre racionais, antes de se “jogarem”, pensam em quase tudo, analisam variáveis, constroem um plano B. Quando um homem ama uma mulher, ele simplesmente abandona a capacidade de raciocínio, ele se joga de tal maneira, que não há nada e nem ninguém capaz de provar a ele que esse gesto provavelmente o matará, lentamente... Que o fará sofrer...As ações habituais se perdem no petrificante olhar manso da paixão, no cuidado que se tem para o amor não se quebrar... E até o óbvio lhe escapa aos olhos... Nada disso importa! Não há beleza feminina capaz de tirar dos olhos do homem que ama a mulher que deseja passar a vida com ela, a capacidade crescente de ser tolo dobra na mesma proporção que o tempo pra si mesmo diminui. E tudo se afunila no amor que sente, não há mais nada lá fora, não importa chuva, sol, amigos, trabalho, somente ela. E, mesmo desconfiando por alguns segundos que pode estar errado, nem seu surto repentino de lógica consegue lhe tirar do transe que parece infinito: O homem quando ama, definitivamente joga tudo por ar para viver o amor.

                       E assim, neste século de igualdade, onde não há mais a caça e nem caçador, onde ninguém detém o amor de ninguém, esses incuráveis seres se tornam cada vez raros, perdidos no mundo que o amor silencioso construiu. Quando uma mulher toma conhecimento desse amor, a não ser que ela o ame, com maior intensidade, a não ser que ele esteja realmente certo em suas apostas, a não ser que compense chegar até ali, se humilhar, jogar tudo para o alto por ela... Ela o fará sofrer. Não que deseje isso, não de forma premeditada, pois o EGO é traiçoeiro... E uma vez inflado pelo fato de ter alguém que respira você a todo o momento, a autovalorização ultrapassa o limite do necessário e se torna nociva para quem a ama. Maldita vaidade, que nos atinge feito um dardo tranquilizante e nos cega. Mesmo com tudo isso, o coração de um homem apaixonado se permite sempre um ultimo suspiro, alimenta-se de migalhas de esperança em vestir a mulher amada com seus beijos, em poder um dia vê-la repousar sobre seus braços e dizer-lhe que o seu amor a faz feliz em uma única vez sentir-se correspondido... Poder enfim cuidar de quem ama pela eternidade. Ainda existimos, mesmo que soterrados pelos hábitos de colecionar conquistas que hoje dão razão à vida dos adolescentes, sobrevivemos bebendo da chuva de palavras que os românticos de outrora escreveram, respiramos na bolha de ar que a esperança de sermos encontrados produz e a luz que nos ilumina é a dos olhos de quem nos encontra de século em século... Fica aqui o clamor... Se um dia encontrares um homem dotado da capacidade de amar assim, dê-se por feliz, ele é raro e com certeza seus anos mais felizes se darão ao lado de quem a ama tanto que nada mais importa. Lute contra a tentação de usar isso contra ele, e permita-se ser feliz, viver um amor verdadeiro, afinal, não é o que toda mulher mais deseja? Ser amada... Decepções são fantasmas que se tornam reais na medida em que nossos medos os alimentam. Exorcizemo-nos e olhemos sempre o que há do outro lado da corda que insistimos em puxar...Afinal, a corda sempre arrebenta do lado de quem se envolve mais, de quem está de fato, apaixonado.

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