É petrificante... Daqui de baixo vemos os rostos das
pessoas, algumas sorriem, outras externam o medo e há alguns rostos que conotam
surpresa... Os milhares de tons de cores das luzes em movimento...
Fascinante!Ao lado, triste como um moinho de vento abandonado está a Roda
gigante... Ninguém mais tem tempo de apreciar a vida vagarosamente, estamos
sempre encantados pela intensidade que não nos permitimos olhar pra vida de
cima, ou de baixo... Só a corrida incessante pela próxima emoção. E são tão constantes essas alternâncias de
status, de humores... Vitórias... Derrotas, lágrimas e sorrisos vão e vem de nossas
vidas tão rápidas...Porque só reconhecemos o amor de outra pessoa quando a perdemos, só enxergamos o quanto fomos amados quando o tempo e as comparações nos fazem ver o quão preciosa era aquela pessoa...
Houve um certo tempo que seria assustador imaginar que
poderíamos sorrir pela manhã e ir dormir aos prantos, mas é exatamente o que
ocorre... Nossos corações não se adaptam na mesma velocidade que os
acontecimentos, por isso às vezes, ficamos aqui em baixo, olhando as pessoas
subindo, descendo, curvando freneticamente, absolutamente despreocupadas com o
que virá na próxima curva, no falso despencar do carrinho. Olhamos encantados
os corajosos que ignoram completamente a possibilidade de o carrinho sair da
pista. Da pista simplesmente ruir. Quantas e quantas vezes nos sentimos
protegidos, seguros em nossas redomas, sejam elas familiares ou amorosas, e
algo acontece, rompe a redoma... Nos tira o chão... E o gosto de derrota avança
sobre a laringe quase ao mesmo tempo em que vislumbramos a vitória... Daí
recuperamo-nos, nos levantamos... Conseguimos nos reerguer descobrindo forças
que nem nós mesmos sabíamos que tínhamos. Revivemos.
Mas do que adianta revivermos hoje para morrermos novamente
amanhã? Do que adianta amarmos de coração e alma, nos doarmos por inteiro a
esse sentimento que todos sabemos é secular e puro se esse sentimento é frágil,
é de vidro... Quebra-se fácil e nos remete a depressões tão gigantescas, que
enterramos nossa vontade de amar tão fundo em nossa alma que supostamente nem
nós mesmos encontraríamos novamente. Queria pairar sobre o tempo e observar-me
ali, nesse movimento, em meio às luzes, transitando entre os sorrisos e as
lágrimas e sem tempo algum para mim, eu creio que essa capacidade de análise se
consegue somente através da paz...
Contudo, morrer e viver todos os dias não é nenhuma figura
de linguagem, mas sinceramente me assusta a ideia de estar preso nessa síndrome
de montanha russa, onde eu sofro e sorrio , sorrio e sofro sem saber sequer
distinguir se estou sendo feliz ou infeliz, se me sinto completo ou sozinho, se
tenho amigos ou colegas. Falta algo, tempo talvez, amor próprio ou autocrítica,
mas se tivesse que apostar, eu diria que nos falta convicção. Falta a convicção
para assumir-se cansado de brincar de montanha russa, para dizer para si mesmo
que o coração não comporta as intermináveis mudanças de status. Falta convicção
para olharmos uns nos olhos dos outros e sentirmo-nos seguros.
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