O que nos tornamos afinal? Quando a maré abaixa, e podemos
ver a destruição que ela causou no continente...No que nos transformamos senão
um ponto de interrogação refletido nos olhos das outras pessoas?
Rocha. É o que mais queremos ser, ou transparecer é a rocha,
algo forte e intransponível...Capazes de resistir à investida incessante da
força das ondas, não há problemas que nos derrubem, não há preocupações que
roubem nossos sorrisos, e nada transformará nossas vidas... Nada a deixará em
pedaços. Sim, queremos ser rochas que avançam imponentes contra o mar....Muitos
de nós, se enrijecem ao longo dos anos e até conseguem, por um período ostentar
o status de forte. Mas a grande maioria de nós, finge ser forte. Finge não
sangrar...E como veste bem a túnica da invencibilidade, como é favorável erguer
o queixo, estufar o peito e se achar superior. O alheio é tão falso quanto o
indolor.
Mas sempre há aquele que descobre que as maiores verdades
são mentiras... “Quem fala a verdade não merece castigo” ...Ora, então porque
quem fala a verdade tem o microfone fechado? Quem fala a verdade é
ridicularizado, desacreditado, tido como louco, tendo que provar ser verdade a
verdade que diz... Absurdo! “O que os olhos veem o coração não sente” Mas se
esqueceram de nos dizer que o amor vai além do “ver” vai além da troca de
olhar, isso é só o início, o amor verdadeiro, basta o silêncio, basta um
segundo de mente vazia, basta fechar os olhos que a mente desenha em 3D o rosto
de quem mais amamos... E é tão real...Parece que podemos tocar...Mentir para o
mundo cansa, dói, traz um tipo de culpa que só o tempo nos mostra, traz a consciência
um peso diferente... A sensação de farsa é inevitável, mas mentir pra si
mesmo... É impossível. Nossa vontade de parecermos fortes nos textos, nas
fotos, na fala, no andar é tão grande que nos apressamos para escondermos nossas
feridas, afinal ninguém precisa saber que eu sangro... Ninguém pode ouvir meu
gemido, ninguém pode secar meus prantos...As porradas que a vida dá machucam,
destroem muito mais do que a pele a alma...E então há quem se canse de fingir,
há quem se canse de posar de alheio, de intransponível. E um dia retiram-se os
curativos, arranca-se a máscara... Deixa-se de ser rocha. Mostra-se enfim o que
é, simples...Falho, fraco, cansado, triste ou amargurado, desmotivado ou carente,
mas sobretudo, enfim alheio... Alheio às opiniões sobre sua essência. A vida
nos transforma todos os dias, aprendemos a ver e a ler as pessoas, aprendemos a
recalcular os valores de todas as coisas e dar de ombros para os juízes dos
teus sentimentos. É aí, exatamente aí que a diferença entre a rocha e a falésia
se faz preponderante...A rocha se apresenta ali, imponente, desafiando a força
das ondas, das marés, se fazendo de forte por ser imperceptível ao olho nu seu
desgaste...Sua dor... Já a falésia, ela mostra suas feridas, mostra o que as
ondas fazem com ela, expõe sua dor, e por não ser tão imponente, talvez não
seja tão bela... Mas é ali, na simplicidade de mostrar a verdade do que se é,
que mostra-se a real capacidade de desafiar o tempo, de desafiar os
impropérios, de descobrir-se mais forte do que demostra ser... Adaptando-se.
Dessa forma, ainda que conduza sua vida por caminhos distantes
dos ideais, ainda que tenhas vivido sobe a máscara de uma força que você só
conhece dos personagens, debaixo de uma capa de invencibilidade que vestisse
afim de conquistar admiradores e amigos...O dia de falar e viver da verdade
chega, e nesse momento, se perceberá que nada disso faz a menor diferença,
ninguém vai te amar mais se fores forte como uma rocha, e não serás menos digno
se mostrares suas feridas. Orgulhe-se de ser assim... Fraco, falho, mostre a todos
que você pode sangrar e talvez ao invés de tubarões...Quem se chegará ao teu
lado serão verdadeiros admiradores da tua integridade e da hombridade de
mostrar suas feridas e adaptar-se à força das ondas...Pois só quem vive de
mentiras temerá aquele que luta a favor da verdade. Talvez esteja aí a chave do
tal amor próprio...Talvez...
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