Eu que sempre fui traído pela ausência de ego, pudor e estima, resolvi compartilhar com quem quiser histórias, contos, visões e textos provenientes dessa velha fábrica de criatividade que sou. Arquiteto de situações, pela capacidade de criar, moldar e pavimentar os sonhos, faço dos meus textos o portal para esse meu mundo, onde as nossas sentimentalidades são as linhas que minha caligrafia desliza. Assim sou eu, sincero, claro e verdadeiro. Bem vindos! A minha alma e ao meu valente coração!
domingo, 28 de outubro de 2012
Aquário
Temos diversos tipos de modelos mentais, paradigmas impostos por nossa criação. Um dos mais comuns é admirar o que é belo, irretocável, e acreditar piamente que o que é lindo, logo é perfeito. Os modelos de beleza são facilmente impostos, infinitamente melhor aceitos e impreterivelmente mais populares aos olhos em geral, porém o que é realmente intrigante é afirmar tudo isso sem sequer duvidar dessa perfeição aparente, sequer por um minuto.
É fato que todos almejamos uma vida social estável, um nível cultural aceitável, um emprego plausível às expectativas e um relacionamento duradouro e transparente, é aí que tudo deixa de fazer sentido, pois se nós temos verdadeira afixação pelo belo, pelo perfeito, então porque é que insistimos em nos atrair pelo nosso oposto, uma vez que era bem mais prático e viável, procurar uma pessoa com as nossas características? Por que é que as pessoas que mais nos fascinam são aquelas que não deciframos prontamente?
Uma vez dentro de uma redoma, vivenciamos "aquele universo" pela primeira vez, esperando que o perfeito venha acompanhado do novo... E com o passar do tempo percebe-se que é uma espera vã. Relacionamentos são construídos de milhões de partículas de sentimentos, como dúvidas, esperança, tesão, afeto, companheirismo... E claro que sempre faltam algumas dessas partículas, muitas vezes, não faz muita falta, outras vezes, é só o que falta, e na maioria das vezes, é explosivo. Aos olhos das pessoas fora dessa redoma, dessa bolha, desse mundo... Tudo é feito de amor, existe um oceano cor de rosa, e bolhas de felicidade explodem por cima das cabeças do casal. Todos veem quem ali está como o ícone da perfeição, como aquela beleza ornamental dos peixes multicoloridos dos límpidos e relaxantes aquários. Os peixes do aquário, são domesticados, são dóceis e aparentam calma, mas duvido que sejam felizes, pois ninguém pode ser feliz trancafiado em lugar algum, no caso deles, ainda é pior, pois veem com apreensão a felicidade pela transparência de sua prisão e nada podem fazer para alcançá-la... Existe um oceano lá fora e eles presos nessa situação, nesta vida de transparecer beleza e felicidade numa jaula de vidro de 1,50 x 1,50. Muitas vezes, o que parece perfeito... É angustiante. Vemos as pessoas, na direção de suas vidas, e admiramos tamanha certeza e solidez, mas dentro dos olhos de muitos juízes, está à música, dentro dos olhos de muitos engenheiros estão às ondas perfeitas, dentro dos olhos de muitos médicos mora a vontade de viajar o mundo fotografando, dentro dos olhos de quem está preso, seja profissionalmente, sentimentalmente, está à liberdade, está o oceano que os coloridos peixes tanto anseiam... Não há estágio de total confortabilidade, o que lutamos muito para igualar aos que detém certas coisas, na verdade seria um alívio para eles deixar de vivê-las e tratá-las como prioridade, tem muita gente certa no lugar errado, muita infelicidade travestida de relacionamento estável fabricando uma falsa inveja nos espectadores do "aquário”. Não apressemo-nos a diagnosticar a felicidade alheia, afinal, só descobrimos que fomos felizes, em determinada época ou situação quando damos conta de que já passou... Felicidade é diretamente proporcional ao ser e ao estar, ou você está feliz, ou não está, Ser constantemente feliz, é para poucos... São pessoas que nascem assim, que nunca ninguém viu sem um sorriso no rosto e que irradiam alegria aonde vão. Dediquemos um tempo especial para vermos quem somos e o que queremos ser... Peixes do aquário... Ou do oceano? Quebremos a redoma!
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