domingo, 30 de dezembro de 2012

Nosso pequeno cofre de felicidades

     Sabe quando você para, respira e olha os passos seus na areia, e se dá conta do quanto caminhou? Dos momentos em que rastejou, dos milhares de momentos que correu, e constata que já andou tanto, já foi tão longe, e não se deu sequer tempo de cansar, de arrepender-se por uma coisa ou outra, de pedir perdão pelo que fizeste de errado consciente, ou inconscientemente... Quando se sente só, acha que caminhou todo este tempo só, porém nesta pausa, neste momento, você, ainda que tardiamente percebe, nunca esteve só, sempre teve alguém ...uma força, uma pessoa, uma motivação que te fez dar mais um passo, abrir os olhos novamente... Acreditar! Renascer!
      A cada fase da vida, a cada instante... lutamos arduamente por cada espaço, contra o tempo, contra preconceitos, contra rótulos...Secamos, mas nossos sentimentos não nos deixaram para sempre como pensávamos. Por medo da decepção, pelo desgaste de amar unilateralmente, pelos sacrifícios de viver em prol de alguém e, por nós mesmos, que esperamos sempre a mesma proporção de volta, não sermos correspondidos... Defendemo-nos, criamos maneiras de nos proteger, nos armamos... Somos escudos vivos, todo o tempo.
    Uns preferem não conhecer mais ninguém, se fecham até mesmo socialmente, outros jamais confiam em ninguém novamente... Mas para a grande maioria, a melhor defesa, é o ataque... Logo ninguém mais presta, ou é honesto, ou é do bem, ou simplesmente é sincero, fala a verdade... Todo mundo mente, trai e é do mal. Assim fica mais simples viver, sem dar chances à decepção. E tudo o que temos de bom se resguarda, se aprisiona em nossos corações, num lugar tão fundo que nem nós sabemos que ainda existe... Pelo que sabemos, os compartimentos estão lotados... Os que sobraram da grande nevasca... Aquela que transformou 90% do coração em pedra... Enorme pedra de gelo... Ledo engano...
     Das decepções nascem as fortalezas, mas dos momentos que nos permitimos viver sem essas... Amarras, sem essas cordas, sem esse escudo, se eternizam momentos límpidos e maravilhosos, momentos de paz, de luz... Um homem pode envelhecer sem uma vida plena de felicidade, mas jamais terá paz senão houver lembranças... Flashes de momentos felizes. A felicidade em drágeas ali... Na palma da mão para tomar e voltar a um determinado tempo, a um determinado lugar... a uma pessoa, a um beijo.
     A síntese de tudo o que gotejou na sua vida de bom armazenada nesse cofre encrostado no fundo do teu coração... Algo puro, máquina de fazer sorrisos, globo de neve... Daqueles que se sacode e admira... Nosso HD transborda todo mês de decepções e tristezas, não enxergamos o sumo do bem que vivemos... Porque esse bem vai para esse cofre.
      De todas as conquistas, de todos os sabores, de todas as viagens de todos os amores, há sempre algo bom que fica... Quando abrimos o cofre, nos transportamos... Quase podemos tocar esse momento de novo, é como um filme que se repete inúmeras vezes... E nós temos esse controle.
      Esse medo de tudo... Pode mesmo nos privar de sermos mais felizes, ainda que por meses, dias, horas... A imparidade da vida nos passa despercebida muitíssimas vezes, e nos escondemos das oportunidades atrás desse escudo, desse mecanismo de defesa nosso, e muito por medo de sofrer, não nos permitimos viver, momentos que ficariam eternizados e guardados neste cofre.
      Somente uma vez, somente um dia, somente uma semana ou um mês, um ano que seja... Permita-se viver, ser feliz não é eterno... Eterno é cada segundo que vivenciado se transforma em felicidade. Como li outro dia: “ O maravilhoso é tudo aquilo que dura o suficiente para se tornar eterno”. Chega de aspas na nossa vida, defenda-se... Mas no tempo certo... Deixe a vida chegar mais perto de você, sinta o gosto e o cheiro, você pode se surpreender. Guarde cada detalhe de cada segundo... Tuas memórias lhe serão úteis nas noites de frio e solidão... Nos dias de dor e de tempestade. Acenda-se! Não se encolha por medo de sofrer, vá até a janela, olhe pro céu, todos os sóis que nascem são sinônimos exatamente disso ...Recomeço! E sempre que sentires só... Abra teu cofre, reveja seus amores, relembre teus melhores sorrisos, abrace amigos, volte aos lugares onde foi feliz. Só cabe a ti... A coragem necessária para viver esses momentos e quem sabe um dia não precisará mais de chaves ou de cofres? A vida é ímpar, viva...

sábado, 22 de dezembro de 2012

O sonho, a surpresa, o segredo e o sorriso...

    Da sacada de minha moradia, estrategicamente encrostada na rocha, uma encosta privilegiada donde posso tocar a cachoeira, e vê-la transformar em vapor antes mesmo que encoste o chão, e em contrapartida ao estender a mão ao céu, toco as nuvens e  quase posso ouvir o sussurro dos anjos... Eu tecia meus fios de felicidade. Logo eu, outrora autodenominado o ante-estima, desacreditado sim em minha capacidade de mudar quaisquer que fossem as direções do meu caminho. Nunca respondi a pergunta tão peculiar que devemos nos fazer aos 13: “O que vai ser agora? O que vou ser na vida” Eu tinha poucos planos, que foram estraçalhados pela voracidade da vida, daí nada mais me veio à mente que não lutar... E lutar pelos meus...
     Fiquei inerte muito tempo, fui antissocial, fui tímido, fui egoísta, roteirista de um filme onde eu era “o cara” - O personagem principal de um filme que não parecia acabar o curioso, é que nem ali, nem no meu filme, nem nos meus sonhos, nem no meu mundo, aquela redoma de vidro que me fechei por estar cansado demais de me decepcionar e de perder... Nem ali eu vencia, eu era o maioral, eu saia feliz... Sorrisos vão e vem, mas sozinhos não fazem a combustão da felicidade. E essa, como todos sabem, eu creio ser momentânea, vir em porções, ser temporária... Como um trem que passa sem hora marcada. Eu nunca me imaginei sendo vitorioso em nada, conquistando nada, errei demais em nunca confiar que eu podia sim, que eu era de fato dotado, senão da inteligência necessária para galgar degraus maiores, da sagacidade de saber ouvir e falar no tempo certo, de crer, e mesmo contra as minhas preferencias saber esperar.
      Nessa de esperar pra ver o que a vida me traria, eu me perdi em sensações e desejos... Em promessas e desencontros, em amores e desamores... E já não esperava mais o trem passar, achava que eu ficaria ali, no tear... Para sempre, ou morreria sozinho na estação vítima daquela solidão que todos conhecem, mas poucos confessam que possuem a solidão em meio à multidão. Mesmo assim, o espírito de luta me mantinha vivo, guerreiros vivem de batalhas, algumas de meses, outras de anos... Ela me manteve aceso, atento. E quando não havia em mim mais nenhum sinal de esperança, perdão, arrependimento... E apenas minha fé e minha vontade de lutar apenas me mantiveram de pé...Eu fui iluminado, e tudo o que eu acreditava ter me despido, ter me despedido, reapareceu...forte, coeso, incerto...Porém com a força de quem não sentia nada por anos...Ressurgi!
      Eu enfim tinha mais motivações que não somente a fé e a batalha sabia que seria quase improvável, imponderável, impossível, mas eu fiz como sempre, me atirei... Ignorei a minha própria essência negativista e fui contudo, como quem salta de um penhasco acreditando que tem ali um raminho qualquer para se segurar... Ignorando qualquer possibilidade de morrer ali. E tudo que tive que fazer foi ser sincero, eu sempre sou sincero com todos, porém comigo... eu tentava me convencer de que eu era aquele ermitão no tear, ou o passageiro da estação, ainda havia, ainda há vida em mim, e então fui sincero com o Pai... Ele sabe ler nossos corações, reconhece todas as nossas reais intensões, e então reaprendi a arrepender-me e a perdoar, e renovei ainda mais minha esperança recém-chegada do mundo dos mortos...
       Tenho, aliás, sempre tive tudo àquilo que se faz necessário para vencer, e ao reparar que percorri todo esse caminho... Que conquistei tanta coisa, tantas pessoas, que realizei coisas na vida que jamais eu imaginaria realizar, coisas que meu derrotismo não me deixava enxergarem. E tudo o que é verdadeiro e puro é merecedor de ganhar vida, de sair do esboço, de ser vivenciado sem pressa e degustado lentamente e que o eterno seja enquanto durar. E foi assim, eu fixei os pés no chão e desejei de fato, de coração o bem a todos, e acreditei muito que eu era capaz. Vivenciei tudo o que eu jamais, nem em sonho havia provado... Todas os sorrisos que dei na vida não são nada frente aos que colecionei por estar vivenciando aquele momento.
       Quero seguir essa saga boa, de vencer só pra variar, de provar o beijo doce que a vida me deu, de ser feliz sem peso... De voar, a palavra certa é essa: voar! Senti-me voando, pois eu jamais me enfraqueci, e simplesmente fiquei mais leve, mais rápido porque todo peso das derrotas se foi.
       Muito do que eu era se dissipou na névoa dessas derrotas, agora eu moro perto do céu, e o tear trabalha incansavelmente para que esse momento perdure, e me fortaleça ainda mais, que eu aprenda a viver... Conhecendo o lado da vitória que a vida tem, uma vez ali, eu, como guerreiro que sou jamais vou perder isso sem lutar. Quanto à redoma de vidro? Agora prende todas as minhas lembranças dos dias mais felizes da minha existência. O caminho Deus ensina, mas os passos... Somos nós que damos!

sábado, 8 de dezembro de 2012

O lago congelado

De nada adianta fecharmos as pálpebras, fingir não ver, simular uma hibernação... Está tudo bem claro e gritante de tão óbvio, e na maioria das vezes, não queremos mesmo ver. Deixar caminhar o intelecto nesse nimbo que atravessamos é algo de difícil escolha, pois é mais cômodo sermos eternamente subservientes do "e se". Eu me desisti de ser o embaixador do pessimismo na terra, de desacreditar sempre em tudo e em todos de me julgar preparado para qualquer rasteira da vida, me julgar apto a impedir que as decepções aconteçam... É inevitável! Elas acontecem, pois não há aquele na vida que tomado pela confiança total em amigos, ou na família não teve esse sentimento de cumplicidade e confiança furtado, ao menos uma vez. É um círculo vicioso... Nós citamos algo como "morre aqui hein", ou balbuciamos súplicas desmedidas típicas de quem quer se iludir como: "Pelo amor de Deus! Não fala nada pra ninguém!”. Nesse mundo louco onde as pessoas se acham mega corajosas por viver loucamente, não dá mais para crer que estamos sozinhos amarrados na linha do trem ouvindo o som da locomotiva vindo depois da curva... Até dá pra sentir o cheiro da fumaça... O gosto do ferrugem, derrotismo extremo e amargo! Eu me cansei de desacreditar, de carregar sempre uma dúzia de pedras nas mãos, quero baixar minha guarda, o meu escuda tá pesado demais! Passei tanto tempo observando o caminho, desviando das pedras que nele existem que me esqueci de como é lindo o céu azul, sem nuvens... Um por de sol, os olhos das pessoas, ah os olhos! Eu me cansei de ver sapatos, de refugiar meu olhar na terra, de calcular meticulosamente meus passos, pelo eterno medo de cair... O tempo passou e não vi que as coisas mais simples, aquelas que sobrevivem sem a aprovação ou crítica de ninguém ainda são interessantes, ainda me convém. Reaprender valores, e libertar sentimentos como o perdão, a gratidão, o arrependimento e a esperança fazem bem à alma! Sorria não somente para quem te cerca, mas faça-se sorrir! Permita-se respirar fundo, ver os detalhes que o tempo não permite que os demais vejam. Ainda que tropecemos na verdade, no abismo entre o ser e o estar... A vida segue agora, num compasso diferente, não de espera como antes, no aguardo que as horas passem, que o dia acabe, que venham roubar os poucos sorrisos que cultivou com tanto carinho, não... Agora não há maremoto sentimental algum, a noite não é mais de tormenta! Tudo se configura no espelhamento de um lago congelado, onde nos vemos no reflexo, vemos que os peixes, ainda nadam, ainda há vida, mesmo abaixo dos nossos pés... Antes nos perguntávamos: "Como me levantar? Como ser mais forte se vivo sendo pisado por todos?" e de tanto te fazerem acreditar que você não tem nada de especial, que você não é melhor do que ninguém, agora, todos podemos ver, realmente não é! Apenas é mais um número, mais um da multidão, um dado, uma estatística, isso faz de você e de mim, iguais enfim! Essa camada frágil que caminhamos agora é de gelo, é a água do lago que os nossos corações congelou. Despeça-se do medo de caminhar, de cair. Corra! Cuide-se mais! Qualquer um que não goste de você não pode ter poder algum sobre o teu respirar, o teu andar, o teu vestir, o teu decidir... Queime-se e emane calor, deixe quem quer que seja se aproximar, sem medo de se decepcionar, afinal, se a decepção já estava pré- estabelecida dentro do teu coração, o que tens a perder? É hora de viver por si só. E sentir que não podemos atrelar nossas vidas a nenhum tipo de espera, não existe ampulheta alguma nem olhares de reprovação que te impeça de ir. Dispa-se das culpas que você mesmo assumiu, eu creio que, existe perdão para quem Erra, reconhece e de fato, pede perdão! Todos erraram! Todos! Refaça seus passos, veja aonde errou, se der , encontre essas pessoas que você acredita ter machucado, e peça perdão, alimente sua alma de bondade! E seus passos serão mais precisos, e suas dúvidas menos frequentes. Jamais se omita da vida, afinal... Temos tudo pronto, e inquestionavelmente perfeito, somos nós que alteramos tudo...E, daí complicamos...Que os bons ventos da positividade visite cada um de nós e encha nossos corações de um paz duradoura e verdadeira!

domingo, 11 de novembro de 2012

Meu sol, meu verão...

“Cinzentos - Eram assim os meus dias de sabatina, não queria em hipótese alguma notícia qualquer daquele mundo que insistia em me corroer a alma, não me deixava levar por qualquer dose de entusiasmo vinda de lá de fora, nem o som da chuva, ou os raios de sol que invadiam meu quarto pela fresta da cortina, era a forma que eu tinha de diferenciar os dias das noites. Meus olhos denunciavam a derrota e a profunda amargura que minha alma exalava, ali eu não tinha ontem, não tinha hoje, e muito menos imaginava um amanhã. Invadido pelo sentimento de certeza que não haveria saída, eu me limitava a levantar apenas para ir até a janela, sempre me indagando o porquê dos raios solares serem tão insistentes em entrar no meu quarto, eu não queria saber de nada que simbolizasse vida me rondando, era como se eu fosse devoto da contagem regressiva dos dias que me prendem a esse mundo. O tecido da cortina não era muito grosso na verdade, mas deixava transparecer tamanha claridade que passei a admirar sua força, sua intensidade, sua luz. Foi assim que tudo começou, minha vida cinza era vez ou outra invadida pela luz radiante do sol. E senti meu sangue esquentar novamente, ouvia novamente os sons do mundo que outrora eu relutava em escutar, meus olhos brilhavam a cada dia mais na mesma intensidade dos raios que o sol me dava diariamente. Passei então a me alimentar daquela luz que emanava do horizonte. Do meu corpo e da minha alma, eu via a minha força voltar e não mais se esvair, e pra mim foi como renascer... Eu resolvi então abrir as cortinas, deixar o sol entrar de vez em meu quarto! E vi as cores das árvores, senti aquele vento contra meu rosto, senti a vida soprando novamente em meu coração. E então... tudo que era morto em minha alma renasceu porque resolvi me render ao verão. Os raios de sol, na verdade, era apenas o teu sorriso convidativo e brilhante... Latente como paixão de adolescente, me fez levantar e querer viver novamente, e foi o sol dos teus olhos que me sorriu. Conquistou e me fez amar novamente, daí soube o que senti ganhar vida novamente... Era meu coração. E , embora não acreditasse mais nisso, embora não achasse mais isso possível, era paixão. Muito embora não me restasse muito tempo e sua jovialidade deixava óbvio o abreviamento desse sonho, eu decidi viver esse verão, deixar o sol entrar e sorrir ainda que por um breve período, e tudo o que era cinza tomou cor, quando você chegou! Ilumine minha vida ainda que por algumas voltas do relógio, pois levarei comigo para o infinito a lembrança do nosso verão... meu sol! Afinal, verão sem o sol, é impossível!"

domingo, 28 de outubro de 2012

Aquário

Temos diversos tipos de modelos mentais, paradigmas impostos por nossa criação. Um dos mais comuns é admirar o que é belo, irretocável, e acreditar piamente que o que é lindo, logo é perfeito. Os modelos de beleza são facilmente impostos, infinitamente melhor aceitos e impreterivelmente mais populares aos olhos em geral, porém o que é realmente intrigante é afirmar tudo isso sem sequer duvidar dessa perfeição aparente, sequer por um minuto. É fato que todos almejamos uma vida social estável, um nível cultural aceitável, um emprego plausível às expectativas e um relacionamento duradouro e transparente, é aí que tudo deixa de fazer sentido, pois se nós temos verdadeira afixação pelo belo, pelo perfeito, então porque é que insistimos em nos atrair pelo nosso oposto, uma vez que era bem mais prático e viável, procurar uma pessoa com as nossas características? Por que é que as pessoas que mais nos fascinam são aquelas que não deciframos prontamente? Uma vez dentro de uma redoma, vivenciamos "aquele universo" pela primeira vez, esperando que o perfeito venha acompanhado do novo... E com o passar do tempo percebe-se que é uma espera vã. Relacionamentos são construídos de milhões de partículas de sentimentos, como dúvidas, esperança, tesão, afeto, companheirismo... E claro que sempre faltam algumas dessas partículas, muitas vezes, não faz muita falta, outras vezes, é só o que falta, e na maioria das vezes, é explosivo. Aos olhos das pessoas fora dessa redoma, dessa bolha, desse mundo... Tudo é feito de amor, existe um oceano cor de rosa, e bolhas de felicidade explodem por cima das cabeças do casal. Todos veem quem ali está como o ícone da perfeição, como aquela beleza ornamental dos peixes multicoloridos dos límpidos e relaxantes aquários. Os peixes do aquário, são domesticados, são dóceis e aparentam calma, mas duvido que sejam felizes, pois ninguém pode ser feliz trancafiado em lugar algum, no caso deles, ainda é pior, pois veem com apreensão a felicidade pela transparência de sua prisão e nada podem fazer para alcançá-la... Existe um oceano lá fora e eles presos nessa situação, nesta vida de transparecer beleza e felicidade numa jaula de vidro de 1,50 x 1,50. Muitas vezes, o que parece perfeito... É angustiante. Vemos as pessoas, na direção de suas vidas, e admiramos tamanha certeza e solidez, mas dentro dos olhos de muitos juízes, está à música, dentro dos olhos de muitos engenheiros estão às ondas perfeitas, dentro dos olhos de muitos médicos mora a vontade de viajar o mundo fotografando, dentro dos olhos de quem está preso, seja profissionalmente, sentimentalmente, está à liberdade, está o oceano que os coloridos peixes tanto anseiam... Não há estágio de total confortabilidade, o que lutamos muito para igualar aos que detém certas coisas, na verdade seria um alívio para eles deixar de vivê-las e tratá-las como prioridade, tem muita gente certa no lugar errado, muita infelicidade travestida de relacionamento estável fabricando uma falsa inveja nos espectadores do "aquário”. Não apressemo-nos a diagnosticar a felicidade alheia, afinal, só descobrimos que fomos felizes, em determinada época ou situação quando damos conta de que já passou... Felicidade é diretamente proporcional ao ser e ao estar, ou você está feliz, ou não está, Ser constantemente feliz, é para poucos... São pessoas que nascem assim, que nunca ninguém viu sem um sorriso no rosto e que irradiam alegria aonde vão. Dediquemos um tempo especial para vermos quem somos e o que queremos ser... Peixes do aquário... Ou do oceano? Quebremos a redoma!

sábado, 20 de outubro de 2012

Entre as pétalas de sol e os raios florais...

A linha tênue entre sentimentos, situações, forças opostas sempre me intrigou. Como pode ser tão próximo do amor o ódio ? Aonde está impressa então essa linha imaginária que separa os dois? Muitos de nós vivemos de olho nas rotações dos nossos sentimentos, tentando administrar nossa aparente normalidade entre admitir a bipolaridade eminente e segurar ao máximo a nossa intensidade, visando um bem estar de quem nos cerca, abdicando de nós mesmos, dos nossos gostos, das nossas crenças, das nossas convicções, e porque não dos nossos desejos. O mais impressionante é a velocidade dessas oscilações, sorrimos e choramos todos os dias...E, em alguns casos a diferença cai para horas. Estamos bem a medida que a engrenagem da vida gira no sentido horário, ao nosso favor... Mas basta um simples esbarrão e a engrenagem modifica a rotação... Pessoas que confiávamos nos traem, aquele de quem você esperava reciprocidade, simplesmente te vende por pura política cotidiana, o famoso escambo por interesse... Daí tudo desaba, vivemos aquele pesadelo chamado decepção, o que parece não ter fim... Entre o perfume e a superficie aveludada das flores e a intensidade dos raios solares estão duas coisas muito importantes tracejando essa linha, o tempo natural das coisas e a necessidade dessa relação. Podemos ser intensos sim, mas podemos ser sensíveis? SIM, somos dotados de uma capacidade infinita de adaptação, somos fortes por natureza, embora, muitos acham que são indestrutíveis, temos a força necessária para controlar os ponteiros "nervosos" dessa bipolaridade. Certa vez li : "_ Quando vi que crescer era administrar crises existenciais minhas e das outras pessoas diáriamente, quis retornar definitivamente à infancia" Realmente, crescer é sentir dor e não se queixar, é levantar todos os dias e recomeçar. Como disse, somos fortes por natureza, e se algum dia duvidares da força que de ti emana, lembra-te de quantos sóis já viste nascer depois de pensar que seria o último. O que mais nos difere é também o que mais nos atrai. Pois o que nos falta é o que buscamos a vida toda, uns paz, outros adrenalina, muitos buscam amores embora sejam amados sem saber ou se importarem por outras pessoas. Sejamos conscientes que estar em constante luta para equilibrar a razão e a emoção é nobre, Ora triste, ora sorridente, somos assim mesmo...O que importa é termos a autenticidade de mostrar nossa HUMANIDADE, algo tão extinto. Quem sabe é um traço de que podemos trazer os sentimentos e a nobreza de se importar com as pessoas de volta ao nosso mundo? Quem sabe?

domingo, 7 de outubro de 2012

A fé em banda larga e em 3D

Somos todos ludibriados pelo tempo hoje em dia, desenvolvemos ferramentas para nos poupar tempo, para agilizar nossa vida. A busca pela felicidade virou algo tão repetitivo e banal que aparece até em slogan de companhia de seguro. Essa felicidade que buscamos, a qual muitas vezes nem sabemos o gosto, pode ser somente um curativo para nossas feridas, um alento para nossas almas, uma pausa no nosso sofrer. Pedimos tanto a Deus uma chance, uma oportunidade, que , muitas vezes nem nos perguntamos se é mesmo da jurisdição dele determinados pedidos, como acertar na loteria, alcançar uma promoção, ou um perdão de alguém. A fé que temos em Deus tem que ser inabalável sim, infinita sim, afinal o amor dele por nós jamais será igualmente correspondido, mas tem que ser sobretudo fundamentada e complementada pela fé em nós mesmos. Esse tempo que nos falta e que faz com que postemos todos os nossos passos na rede social pode ter uma conotação de carência, mas transparece também o quanto alimentamos nosso ego. Afinal, até bem pouco tempo atrás não eram somente as celebridades que mantinham seguidores de seus passos na web? Tentando estreitar um pouco o abismo entre eles e nós?Deus trabalha tão misteriosamente na nossa vida, que muitas vezes nada parece ter sentido, tudo parece fora do lugar, como se sentíssemos que qualquer passo que dermos para qualquer lado, não ajudaria, somente embolaria mais. Mas com certeza, não podemos nos envergonhar do que somos perante o PAI, ele nos conhece, como ninguém. Sabe nossas intenções, o que verdadeiramente se passa em nosso coração. Então deixemos que essa fé chegue até nós mais forte! Fé em Deus, fé na vida, fé em si mesmo. A espécie mais cruel de solidão é a que vivemos atualmente, conhecemos milhões de pessoas, curtimos suas frases, comentamos suas fotos, mas ao desligar do computador, onde estão todos eles? Temos que exorcizar sozinhos nossos fantasmas, chorar nossas derrotas no travesseiro. Tem dias que não queríamos nem que o sol nascesse, e aparece alguém dizendo : nada como um dia após o outro, o que definitivamente irrita ainda mais, porém muitas vezes, ao fim do dia, realmente encontramos ... Senão um motivo para sorrir, dois novos motivos para não mais chorar. Para não sofrermos primeiro devemos parar de alimentar as dores, para esquecermos alguém devemos parar de amar com tamanha intensidade, para nos reerguermos, devemos crer que se caímos podemos e vamos nos levantar, pois se vivíamos antes disso, viveremos depois, ainda mais fortes! Deus foi, é e sempre será por nós... Mas e nós? Somos por nós ou esperemos sentados a libertação? Reflexões não nos endereçam paz mas muitas vezes nos põe no caminho certo, reflitam!

domingo, 23 de setembro de 2012

Calmaria...Ou calma, ria!

Embora não seja de uma credulidade assídua dos signos a nos designados, muita coisa descrita como característica de uma pessoa daquele determinado signo, me intriga. Como podem acertar tanta coisa?Por exemplo, dizem que os cancerianos são muito ligados ao passado, e pelo que já conversei com alguns, pelo que eu mesmo vivencio... Tudo bate. Costumeiramente dou um pause no controle remoto imaginário da minha vida, faço uma faxina no HD e uma revisada geral, em suma quando tudo vai mal, não tendo muitos motivos para sorrir eu simplesmente acesso a minha memória, para buscar os sorrisos que já habitaram meu rosto, as bocas que se tocaram a minha, as vitórias, as alegrias... Tudo o que conota felicidade, momentânea ou não. Até aqueles que me decepcionaram depois... Eu simplesmente excluo da lembrança tudo o que de pior aconteceu. Ao fechar meus olhos ou, simplesmente olhar para o céu, sou como um surfista que pega a sua prancha e vai em direção ao mar, respeitando-o ele compartilha com a natureza cada segundo como se fosse o último, e é como se a alma saísse do corpo e flutuasse em cima de toneladas d’água, toneladas de lembranças... Eu vejo novamente os olhos de quem me apaixonei pela primeira vez, eu beijo novamente o amor da minha vida, eu sinto a minha mãe me abraçar forte, revivo o momento da abertura dos olhos dos meus filhos pela primeira vez, sinto o sol tocando minha pele quando viajei de férias ao litoral, sinto as conchas entre os dedos do meu pé na areia, e é tudo tão real, quase posso tocá-los. Impressiono-me, me emociono, ainda estão todos lá... Sorrindo pra mim, de braços abertos, me esperando voltar, quem me amou ou quem eu amei, ali, não houve negativas, neste estágio, quem eu amei, me amou também da mesma forma e com a mesma intensidade. É uma paz, uma plenitude... Nada do que me perturba, me enfurece, parece fazer sentido, é como se eu ficasse imune a todas as maldades do mundo, como se de repente tivesse me vacinado contara o mal. Eu deslizo sobre o mar dos sorrisos, sinto a água me beijar como o beijo que jamais esquecerei ou como aquele que eu sempre quis ter para guardar comigo, deixo meu corpo se inserir na onda, como se eu, a prancha, o mar, o céu e a areia fossemos uma coisa só. Não há aflição, não há impossibilidades, nem rochas onde as ondas se quebram... Somente paz, paz de espírito, dali se vê a simplicidade de tudo, dali se vê que cada coisa tem seu lugar, que cada por que tem sua resposta, que cada pedra no caminho é estrategicamente colocada para que você repense seus passos, que cada amor deve ser vivido, não importa o que aconteça, tem sempre que prevalecer... E foi surfando nas minhas lembranças que me curei dos desgostos da minha realidade, aprendi a agradecer ao invés dos pedidos quase diários. Foi nas minhas lembranças que aprendi a estender a mão a quem me ignora e dizer: Conte comigo. Já não me machuca tanto quem me usou, quem me enganou quem me humilhei, eu me sinto maior, eu me sinto com algum valor, eu me sinto importante, ou protegido, me sinto como de fato sou amado por Deus.

domingo, 26 de agosto de 2012

Fechados para balanço

Os mais radicais já me rotulam de sentimentalista da década por eu sempre demonstrar meu olhar crônico sobre a forma paradoxal do que somos e do que deveríamos ser, ressalto sempre a importância de identificarmos sempre o que é de fato imprescindível pra nós, para nossa essência, o que será nosso legado, o que restará depois dessa fumaça... Eu falo mesmo, pois identifico a atmosfera voraz de maratona que a humanidade se tornou. Existe dentro de cada um,  uma voz, que nos impulsiona, nos direciona a uma busca incessante pela felicidade, queremos a todo custo ser feliz, todo o tempo, e isso tem sido nocivo à nossa capacidade de discernir o que é de fato substancial, importante e insubstituível. O tempo nos escravizou de uma forma tão inesperada que não conseguimos mais parar, nem que seja um segundo para olhar a nossa volta, ver as cores da vida, muitas vezes nem sabemos se o dia está ensolarado ou nublado... Temos distorcido a definição do “ser feliz”. Confundimos a felicidade com um avassalador apetite materialista, parecemos mecanicamente programados para trabalhar>comprar>ser feliz. Não que traçar uma meta, um objetivo seja má ideia, não é isso! Nós precisamos ter essa motivação para lutar, mas acho que deveríamos querer muito mais do que um carro zero, uma TV nova, um notebook, uma roupa legal. O sorriso de uma conquista não deveria nunca ser mais importante do que gargalhar vez ou outra, vivenciar momentos únicos. Queira brincar com seus filhos, viajar e conhecer outros lugares, pessoas novas, novas culturas, queira provar mais sabores, queira sentir o vento no rosto, ver uma comédia, rir tem que ser, algumas vezes, tão importante quanto sorrir. Nós temos distorcido a vida, não a vivemos mais, só trabalhamos e trabalhamos... Pagamos as contas que fazemos para comprar o que mais queremos e logo que a conta acaba, queremos mais, e o círculo vicioso se renova...Temos distorcido a amizade, amigos agora são aqueles que temos na rede social, e aqueles que vez ou outra saem conosco pra encher a cara... Como se esse momento fosse o nosso momento de “lazer”. Queira mais, queira mais tempo... Mais risos tire um tempo só pra você, exercite a capacidade adormecida de descansar, relaxar, cuide-se mais, não pense no rótulo que as pessoas põem em você, pergunte-se mais as coisas, procure saber de você se a roupa tá legal? Isso é mesmo tão importante pra mim? Eu consigo viver sem isso? Eu preciso mesmo ir? Tempo é o nosso senhorio sim, e mais, por vezes nosso cafetão, mas a mão que nos tira também nos alimenta, existe momentos na tua vida emoldurados na tua cabeça, isso se chama lembrança... Arquivos que acessamos de vez em quando, e nos torna sensíveis outra vez, tira as teias de aranha da nossa versão humana, sensível, nos traz lágrimas, saudades e sorrisos. Essas molduras só existem porque nos permitimos vivenciar a vida, sermos de fato felizes. Feche para balanço, não somente tirar um tempo para “sair do corpo” e ver tudo do alto, relaxar, pensar em uma saída, buscar resposta. Mas VIVA, ria muito, sinta o amor voltar ao teu coração congelado, peça perdão, aceite sua capacidade humana de errar! Quanto ao apetite consumista, é da natureza humana essa caça pelo que temos fome... Só não deixemos isso nos dominar, não podemos permitir que o que nos resta de humanidade se afogue em algumas doses de Bacardi. Somos mais que isso, não somos máquinas. O menino ou menina que você foi um dia, ainda está aí, encontre-os de vez em quando e sorria, brinque com eles. Temos que enxergar que não importa o quanto lutamos para sermos felizes nunca seremos completos se não tivermos PAZ.

domingo, 12 de agosto de 2012

Balas de festim, sangue verdadeiro.

Atravessando o deserto que é o árduo processo de enrijecimento do coração, encontra-se tempo de sobra para um diagnóstico sobre as deficitárias redundâncias dos sentimentos afetivos. Fadados ao ostracismo, temos o inerte estágio de semi - loucura, ou ainda, por que não dizer um monólogo sentimental e um calvário árduo dos que sofrem do platonismo agudo. O amor platônico, em suma, traria mais malefícios do que noites de sono bem dormidas, porém não podemos esquecer, que é o verdadeiro inspirador de escritores, compositores e demais artistas , amar unilateralmente é um exercício infinito de espera, combinado por uma angustia incessante e uma comovente renovação de esperança, sempre aguardando que ela te veja, que ela mude de ideia, que enfim o caminho passe a ser de mão dupla, muitas vezes uma espera vã ( na maioria das vezes ) porém é de fato, um aprendizado sem igual. O amor, esse é o que almejamos, construímos castelos sobre essa rocha, e tentamos de toda forma enquadrar nossos relacionamentos embasados no que sabemos (ou pensamos saber) sobre o amor. Porém a confusa competição de espaço em nossos corações travada pelo amor e a paixão beira a loucura... Afinal, quando deixo de estar apaixonado para enfim estar vivendo um grande amor? Eu já citei que na minha concepção o termo “amor da minha vida” é um conceito relativo. Mas vejo as coisas muito nítidas quanto aos dois... O amor é algo que pensamos perdurar, que relacionamos diretamente com sermos felizes, o amor é a goteira... Pinga gradativamente e nos alimenta em doses homeopáticas, a paixão arranca-nos a tranquilidade, o sono , o chão, é como uma represa que se rompe, inunda, toma tudo o que vê pela frente. Sacode balança, tira a razão, a capacidade óbvia e instintiva de discernir o certo e o errado, é chama que arde até o fim. O amor é a paciência de dar e receber, sem atropelar fases ou dispensar aqueles já famosos gestos e atos interpretativos. A paixão não tem sintomas, não tem momento da vida, idade, cor ou qualquer distinção... Chega do nada, é avassaladora e da mesma maneira que chega vai embora, sem se despedir. O que é significativo nessas diferenças é o que fica. O amor, na maioria das vezes, que acaba. Seja por qualquer motivo deixa um vazio, uma cratera enorme no coração, na alma que talvez nem a fúria de 10 paixões possam servir de alento. Já a paixão, curiosamente, é como um álbum de fotos que a gente guarda recordações... São histórias que vivemos, que lembramos com carinho, que temos em nosso HD e acessamos sempre que a vida insossa nos suplica por algum sorriso. Aí nos remetemos a esses momentos vividos, e nos dá aquela sensação boa que não é nem saudade e nem melancolia... É um ícone que você tem que simboliza que viveu, ainda que por breves momentos, sua vida teve histórias, aventuras, temporais, que seja, mas teve momentos sim de emoção e prazer. As chagas se fecham, porém são ferimentos distintos, as balas de uma paixão, podem até ser de festim, porém o sangue é bem real, já a flecha de um amor, pode ser letal, muitas vezes, condiciona-se a vida à flecha e acreditamos veementemente que se retirarmos a flecha morreremos, tirando o drama literário, o que fica é que sempre sobrevivemos, basta dizer pra si mesmo: “Não, eu não morrerei sem você, uma vez que vivia antes de você, viverei novamente sem você, é só uma questão de adaptação”. Não tema o amor, ele é sinal de que está vivo, mas viva cada paixão com o máximo ardor, pois nenhuma história é igual, e cada uma um aprendizado, uma lembrança um sorriso, permita-se.

domingo, 8 de julho de 2012

Apnéia

Um dia nós paramos, e por algumas horas refletimos sobre os acontecimentos recentes na nossa vida, e então percebemos que constantemente sofremos pressão, no trabalho, em casa, financeiramente, familiar... Para aonde isso tudo vai? Se não cedemos... não nos entregamos por causa de uma “pressãozinha” qualquer... Quer moleza? Vai ser observador! E instintivamente, até nós mesmos jogamos a pressão para as outras pessoas, julgamos que o trabalho de alguns é menos expressivo ou de menos esforço do que o nosso, até o dia em que precisamos sentar no lugar de um deles... Não, não há facilidade para ninguém! Antigamente, víamos os consultores de RH traçando os perfis das pessoas que menos se deixam abalar por pressões como aptas, até todos nós “endurecermos” de vez, e tornássemos em nossa maioria, inatingíveis pela pressão. Mas até que ponto? Até onde vai a nossa resistência? Até quando ficaremos submersos nessa pressão represada... Firmando os pés na areia e deixando o maremoto passar por cima... Não nos deixemos iludir, mais dia... Menos dia a consequência disso aparecerá. Sintomaticamente a paciência com coisas simples passa a inexistir, a solidez dos sentimentos também, as incertezas passam a ganhar terreno na medida em que o amor próprio passa a perdê-lo. Passamos então a não sermos melhor companhia, nos distanciamos das meticulosidades, nos atendo somente ao óbvio, ao que não nos faz pensar demais, pois nossa cabeça começa a doer, com uma simples música desagradável que escapa de um celular dentro do coletivo. Ao compasso que nos achemos mais fortes, nossa imunidade aos pequenos aborrecimentos vá ruindo... Deixando-nos sensíveis, e facilmente vulneráveis, seja ao total stress ou ao desespero. Já não há como ficar ali, precisamos desesperadamente de ar... Porém no dia em que tudo se romper, no dia em que você não aceitará mais ser escravo de tanta repressão de sentimentos... A tua explosão pode ser irreversível. Poderá magoar a quem ama perder o emprego, bater o carro... Perder a razão completamente. Daí passa a te rotular como inconstante, ausente, bipolar e lá se vão suas amizades também. Paremos de brincar de apneia, de imaginar que podemos viver sem ar, sem se deixar destra ir, sem se deixar completar pelos outros, as preocupações, o trabalho... Roubam de nós a nossa capacidade de amar, até mesmo o que fazemos, e tudo se torna chato, insuportável. Reze, coma, beba, converse, beije, saia, sorria e se renda à vida, ainda que esporadicamente, não nascemos para sermos represas de ódio, rancor e agonia. Desprenda-se! Preste a atenção nas pequenas coisas, gaste mais tempo para solucionar seus problemas. Imagine-se fora da situação e terá uma melhor perspectiva, quem sabe a reposta? Está na hora de alguém gritar para sermos mais humanos, e menos mecânicos. A busca ensandecia pelos resultados, por extrair sempre o que há de mais criativo e produtivo de cada um está nos afastando das doces imperfeições de sermos humanos. Vá até a superfície vez ou outra, respire... E quem sabe terá uma grande surpresa... Reencontrará você! Como era! Daí é uma questão de escolha, respirar, ou praticar apneia, e ver até quando vive sem ar. Tente!

Meu escudo

Eu certamente faço parte de um grupo crescente de pessoas que tem uma vida aparentemente irretocável, que nada os falta que a felicidade é estampada em seu rosto, em seu olhar e em seu sorriso. O grande lance dessas pessoas é omitir a fraqueza incrustada na nossa alma, maquiar os problemas, não dar aos “inimigos” um alvo mais vulnerável. Fazer as pessoas acreditarem que ao invés de estar sofrendo, você está bem, controlado, estável, é um dom. Muito embora fuja das minhas características qualquer tipo de omissão devido à minha natural transparência, decidi tomar para mim essa característica, para jamais me colocar à frente das outras pessoas. Chegou o tempo em que me preocupei em reduzir a dose de egoísmo que encontrei em minha alma, e passei a pensar mais nas outras pessoas, como elas me veem como eu sou o “centro das atenções”, como penso ser mais importante... Não mais, hoje, não sobreponho meus problemas aos de quem me cerca. Fico acuado, tenho medo muitas vezes. Mas não deixo ninguém ver que internamente, eu estou prestes a desmoronar. Como uma ironia quase literária, é quando estou mais sorridente que minha alma arde... Pedindo por uma ajuda, um alento que seja, porém, foi minha decisão aguentar o tranco sozinho. Nada mais competentemente forte, e indubitavelmente convincente como o escudo do que o sorriso. Este desarma inimigos, aquece os amigos... Abre portas, sugere paz. Dentro de cada sorriso, existem dois mundos, em um deles, tudo é doce, as pessoas são gentis e as adversidades são como vírgulas num texto de ação, imperceptíveis. No outro, há segredos, preocupação que essa represa para a tristeza, algum dia se rompa, que alguém descubra pelos teus olhos quão desesperado teu sorriso se desenha. Pois se o sorriso é o teu escudo nada mais voraz que os olhos para ser tua espada, estes sim... Atacam... Conota a fúria, a calma, a dor, a alegria genuína de cada alma. Meus olhos me traem sempre, pois deles qualquer um me vê, realmente como sou. Contudo, não há guerra ou paz que possa trazer à tona, essa verdade... Que teu sorriso esconde. Tem que ser algo inabalável, render-se jamais! Afinal a força que há dentro de cada um de nós provém muito mais da capacidade de absorver os golpes da vida e aprender com eles, domesticando a dor, do que propriamente indo a uma desorientada vingança, impensada... Tornar-se um guerreiro é saber a hora de lutar, contra o que lutar e como lutar, mas tornar-se um sábio, é lutar uma vez, para nunca mais ter que lutar. Absorva chumbo e remeta amor, um dia isso lhe trará paz, tente ao menos acreditar nisso, caso contrário, uma fresta no teu escudo poderá ser fatal.

sábado, 7 de julho de 2012

Entre o menino e o lobo

Seria simples retratar a alma de um homem como jovial ou envelhecida tomando como base as suas experiências, suas desventuras, suas lágrimas ou seus sorrisos, sua forma de enxergar a vida. Porém como sou avesso ao processo comum de rotulação, resolvi por meu prisma dissertar sobre as fases distintas da vida masculina. Costumeiramente colecionam-se sorrisos, amigos e conquistas quando se é um menino, fora a acelerada fome de experimentos, os sabores, cheiros e desejos se multiplicam. O sangue ferve ao compasso que o coração fica meio de lado, o desprezo pela saúde e o culto ao desprendimento afetivo, seja familiar ou amoroso, nos faz sentir quase imbatíveis, invencíveis. Como se nada no mundo pudesse nos deter. Porém deixamos passar, nessa pressa desmedida de viver, muitos detalhes. Não vemos as causas tão pouco medimos as consequências dos nossos atos ou dos atos dos que nos cercam. A paciência é escassa, a timidez se despede do intelecto, e o raciocínio fica lento, porém, é notória a intensidade que se vive, como se não houvesse amanhã... Como se não envelhecêssemos nunca. Sinto falta da velocidade das coisas, de ignorar a digestão, e simplesmente devorar o que aparecia, conhecimento, cultura, festas... Mas como o vinho, o tempo nos transforma em pessoas mais acessíveis, mais inteligentes. Passamos a ouvir muito mais do que falar... Aprendemos a admirar muito mais a qualidade e deixar de lado a quantidade. Tornamo-nos uma verdadeira biblioteca, organizamos as nossas experiências em arquivos, livramos nossa mente do imprestável. Onde antes se apreciava milhares de sabores, agora sabemos bem o que queremos, e como queremos. Onde antes nem notávamos o dia passar, agora apreciamos cada nascer e por do sol. Se antes só pedíamos a DEUS agora, nos concentramos mais em agradecê-lo. Se antes olhávamos mulheres como números, ou corpos que os nossos gritavam a necessidade de possuí-los. Agora, admiramos os passos, lemos os seus olhos, nos apaixonamos por seus sorrisos. Tudo ao seu tempo, como deve ser, porém a transição não é calma, e indolor. Imagine uma pessoa que realmente ama a sua forma de ser, que não cogitara em momento algum, render-se ao tempo, uma vez que traz no sangue a voracidade de um menino e o caráter, a sapiência de um lobo? Difícil aceitar a rendição. Quando nos sentimos inabalados pelo tempo, inatingíveis por ele, tudo é tão simples. Mas quando as gerações entram em choque, e tudo a sua volta passa a não fazer muito sentido... Quando a comparação dos tempos de outrora se tornam inevitáveis... Ainda que suporte bem as novidades, se sinta em casa com as tecnologias a evolução. É muito difícil assumir que o teu tempo agora é passado, que você agora é museu, que nada do que diga ou faça te tornará um deles. E a sociedade te transforma num lobo... Por mais que se queira, por mais que digam que isso é coisa da cabeça da gente, a exclusão é instintiva, por vezes até involuntária. Mas acontece. No mercado de trabalho, sentimentalmente, tornando aquele visionário de décadas atrás num homem com o olhar de um menino, com a sede de viver, a saudade de tudo aquilo que você nunca viveu latente... Devorando lentamente aquela alma que se julgava inatingível pelo tempo. Crescer é bom, cicatriza ferida, cura mágoas, olha-se a vida por um ponto estratégico, é como recuperar a inteligência por completo. É saber extrair o melhor de tudo, saber onde tocar, como tocar, ir direto aonde interessa dar valor a cada segundo, não deixar passar nada, na teoria, melhora-se em tudo. Mas dói, dói muito sentir sua alma, ter 25 anos no máximo, incompatíveis ao corpo que temos agora, que é suficiente apenas para abrigar o teu enorme coração e um cérebro que processa mais lentamente, porém é infinitamente mais seletivo, mais cirúrgico nas decisões. É uma dor de despedida. É uma dor silenciosa, corrosiva, e talvez... Infinita.

sábado, 16 de junho de 2012

Folhas Secas

Muitas coisas passam na nossa vida sem que nos demos conta da fragilidade de cada momento, de como nos tornamos escravos das situações, dos problemas, das imposições que a vida no seu formato ponte agudo nos golpeia... Aprendizado é coisa, que, de fato, não se descarta, e se leva pra onde for em sua vida, e tenho aprendido a cada dia, com as várias faces que o destino me mostra. Tenho vivido coisas que nunca vivi, e, sinceramente achei que não viveria. Eu vi que a vida é um liquidificador de sonhos, de planos... Aprendi que os planos que fazemos, caem por terra como folhas secas no outono. Não existe GPS para o caminho que escolhemos seguir, cansamos de nos decepcionar ao vermos que não será possível realizarmos o que havíamos planejado... Os beijos que não demos, as viagens que não fizemos, as palavras que não dissemos... Tudo o que planejávamos fazer , e sempre acontece algo que adia, que cancela, que rompe esse plano, e esticar-se todo para alcançar algo e jamais alcançar. Seria simplória e politicamente correta uma vida retilínea e uniforme, mas existem sim, os imprevistos que lhe assaltam os planos, te tiram o chão. Sejamos menos nostálgicos , melodramáticos, e ao invés de ficarmos de joelhos e voltarmos os olhos aos céus perguntando o porquê de tudo que nos acontece, agradeçamos a DEUS pelo que temos até ali. Afinal, quanto tempo ainda temos? Diga o que quer dizer, não adie... Nada! Sorria, compre, beije, ame, diga aos teus pais: muito obrigado! Diga eu te amo pra quem você quer dizer sem esperar ela dizer o mesmo, sem esperar “o momento certo” o amor que você quer passar o resto da sua vida... Esse resto da sua vida ... É vago, pode ser 60 anos, ou 60 minutos... Ame agora, viva o hoje... Seja pleno em vida par que sua alma seja imortal. Tenha “vários amores da vida” afinal à vida é uma só, porém a capacidade de amar não... Sejamos intensos nos momentos que temos para viver, gerencie suas crises, seus problemas emocionais, cure-se ! Sonhos são frágeis como folhas secas, mal podemos tocá-los sem que se desfaçam...Me perdi nos meus como se fosse um menino atrás de uma pipa, sem olhar até se havia chão embaixo dos meus pés, só olhava para o alto...O que se quer nem sempre é o que se tem, se você tem o que quer, goze disso, extraia tudo o que puder, não semeie amargura ou arrependimento no coração. Temos pés para darmos passos... Mesmo que a coragem nos falte, temos que dar passos na direção do que almejamos, o infinito pode ser um segundo, basta vivê-lo com intensidade. Que nossa vida seja um entardecer de um dia de verão ao invés de uma manhã de outono, triste , e cheia de sonhos caídos pelo chão que nós, inconscientemente pisamos... Permita-se ser feliz ainda que por um dia, uma semana, um mês, esperar pelo momento oportuno que pode nunca chegar ou morrer asfixiado pelos sentimentos é manter o coração aberto para depressão. Viva ! Ama-te e permita ser amado,quanto às folhas, pense nas mais verdes, na copa das árvores...não espere que elas sequem!

domingo, 27 de maio de 2012

Cantil Furado

Ensinai-me a acreditar mais em mim Deus, ensinai-me a valorizar mais minha capacidade pai, mãe, irmão, amigos...Ao longo do tempo eu tenho conhecido muitas pessoas, algo que adoro fazer, e todas, com um breve tempo de amizade, já percebem em mim o traço de baixa estima mesclado com uma imensa falta de fé em mim mesmo. Não que eu queira um dia me achar um galã, ou inteligentíssimo, ser convencido de tal é quase impossível. Mas gostaria de acreditar mais em mim... firmar mais minhas pernas nos passos que dou. A mim sempre pareceu loucura demais arriscar, sempre tive medo de agir com o coração e ignorar o que a razão me diz, sussurra sempre ao meu ouvido o famoso "e se..." Não é o fato de sempre tropeçar nas pedras do caminho que fazem da minha estrada uma estrada repleta de depressão, mas muitas vezes eu caio sozinho, tropeço em minhas próprias pernas. Por me ferir demais, tenho medo de amar de novo. Por sempre me esborrachar,tenho medo de pular... Por muito perder tenho aversão a competições. Mas hoje não...Por hoje, não me deixarei levar pelo medo de viver, de falar o que penso.Por apenas algumas horas esqueci que meu cantil é furado, que tudo o que me dizem, todos os elogios, se vão... eu refleti sobre eles, abri meus braços... Como pude deixar de lutar, pelo que mais quis? Sempre... como pude amar quem sequer me deu atenção? Como ? Eu tenho qualidades sim, ainda que não seja a beleza... a inteligencia, a plenitude de caráter que um cristão tem que ter, eu tenho meus encantos sim. Nada deveria retardar meus passos, eu não deveria ter me curvado diante das primeiras adversidades que encontrei na vida.Eu deveria ter levantado a cabeça quando me humilhavam, ter respondido quando fui insultado, ter me superado. Ah como eu poderia ter nadado em minhas paixões, focado nelas, ainda que os impropérios se multiplicassem, eu deveria ter conhecido o significado da palavra persistência, da palavra perseverância. E todos os meus "Por ques?" teriam resposta. Por que eu trabalhei ao invés de mergulhar no sonho de ser um comunicador, aquilo que nasci pra fazer? Por que não joguei mais futebol? Por que não viajei com meus amigos? Por que não confiei mais nas pessoas? Por que pensei em desistir de alguém por achar que mil passos eu dava na direção dela e aparentemente ela não deu nenhum na minha? Por que eu não acreditei mais em mim na faculdade? Por que não me arrisquei mais? Dominação dos medos é algo muito complicado, mas devemos um dia exorcisarmos nossos próprios fantasmas. Encontrar nosso ponto mais vulnerável e enfrentá-lo, ao invés de adiar a briga, como sempre fazemos. Cai de pau nele! " Parte pra dentro" podemos nos surpreender, vencer, e olhar no espelho... sentindo que enfim, crescemos. Superação é algo que temos implícito em nossa essência, é algo instintivo, natural, que muitas vezes, por traumas...Não acessamos fica ali, como um vulcão inativo. Eu tentei eliminar o que mais me atrapalha, e ver o que tenho de bom...E gostei do que vi. Não é a revolução na vida que sempre sonhei, mas é uma melhora considerável mediante aquilo que eu tratava como imutável. Sejamos mais coerentes, sinceros conosco. Não tenhamos medo de nos ver como realmente somos. Ser algo além do que vemos no espelho, ser como quem nos ama nos vê.Sermos nós mesmos, as vezes pode ser a maior revolução imediata das nossas vidas. Sonhai-vos , pois ainda que sejam somente sonhos, esses sempre serão propulsores da alma para que acreditemos cada vez mais que não há limites pré estabelecidos para nossa mente, tão pouco para nossos corações. Obrigado por me fazerem ver o que tenho de bom! Obrigado!

sábado, 5 de maio de 2012

Pegadas na areia (maré baixa)

Em algum tempo da vida, sentemo-nos e fazemos uma autoanálise, uma espécie de apanhado de tudo o que realizamos até então, costumeiramente, quem tem mais de trinta, faz. Olhar para trás... Para o caminho que seguimos lembrar-se daquela bifurcação onde tivemos que fazer "a escolha" daí é inevitável imaginar como teria sido se você dissesse sim às coisas que disse não, ou não às coisas que dissemos sim. Rebobinei ao máximo minhas lembranças e me vi ali, sentado em frente ao mar mais uma vez, me fazendo aquelas mesmas perguntas de sempre... "Por quê?" "O que acontece agora ?”“ O que vou ser quando crescer...?” Perdi tempo demais da minha vida tentando dominar meus medos, exorcizando meus fantasmas. Revendo meus passos, percebi que dei valor demais para quem não estava nem aí, recuei demais quando deveria atacar, me destaquei muito tarde, por ser contido e cauteloso ao extremo... Por mil vezes atirei-me em braços errados, meu coração disparou indevidamente, fui intolerante quando deveria ter usado a cabeça, e decididamente impulsivo, quando deveria ter sido racional. Jamais me arrependo das coisas que faço isso é louvável! O que está feito... É fato! Agora o que deixei de fazer... Já perdi muitas noites de sono imaginando como teria sido se eu tivesse feito... Minhas pegadas me levaram ainda ao tempo onde minha única preocupação era estudar, e como a maioria, eu ainda achava um saco, achava demais... Hoje vejo o resultado dessas minhas intempestividades, mas não só de desventuras essa regressão se fez; me vi por muitas vezes crescendo com os erros que insistia ( e alguns, ainda insisto ) em cometer, me vi adquirindo sagacidade, experiência...Sei exatamente onde acertei, onde fui coerente com o que a vida me apresentava. Por mil vezes me lamentei da minha suposta má sorte, mas não olhava atentamente para as conquistas valorosas que tive. Não tem nada haver com sorte, tem haver com o que se faz para se modificar a vida. Reparei que, muitas vezes meu caráter me impossibilitou de pedir a DEUS muita coisa, pois tinha vergonha dos meus pecados, das minhas imperfeições, pois achava hipocrisia com o pai, pedir perdão por pecados, que no fundo eu não posso garantir que jamais cometerei novamente... Eu fui muito além do que muita gente pensou que eu poderia ir, ( incluindo pessoas da minha família) mas hoje, me sinto preso, me incomodo com a estagnação...E com a aparente impossibilidade de ter mais, ganhar mais. O meu inconformismo com a desigualdade e a falta de reconhecimento seguem crescendo, mas a minha razão não permite que eu tome qualquer atitude, por ser, responsável, com minha família. Diante de tantas possibilidades e outras impossibilidades, concluo que não é muito bom comparar o que você é com o que você poderia ter sido, pois além de não ser motivador... É ilusão que a justiça seria feita, que o seu mundo seria melhor, não. A nós imperfeitos... Não cabe uma vida retilínea, semi-perfeita, e sim curvas sinuosas, riscos, erros, acertos, amores, amizades, paixões, furacões, maremotos sentimentais, dias e noites de tormenta ou céu azul. Somos uma mutação interminável, beiramos o stress muitas vezes por sermos nossos maiores críticos, maiores cobradores, nós mesmos não toleramos nossos erros. Tenho certeza, que ao menos uma vez, disseram: "_ Nossa! Como fui idiota..." Por sair de um trabalho, por ficar zoando na sala de aula, por acreditar nas pessoas erradas, por desacreditar nas pessoas certas, por não vivermos horas, minutos ou segundos de paixão sequer...Por termos o que queremos para nós em nossas mãos e deixarmos escorrer pelos dedos...E é isso, a capacidade de aprender com o passado para mudar os passos que ainda daremos nessa estrada que jamais saberemos onde termina que nos faz mais fortes, nos faz levantar novamente quando até nós mesmos achávamos que não teríamos mais forças... Pois querendo ou não, estando prontos ou não, o sol nascerá amanhã... Todos os dias, temos a oportunidade de renascer, basta abrir bem os olhos, o coração e crer que DEUS, jamais... Jamais nos abandonará! Fé, força e foco sempre!

domingo, 22 de abril de 2012

Férias de você

Tomado pelo ímpeto da razão, resolvi enfim... Buscar em mim mesmo um refúgio, afinal, tem que existir ainda um lugar onde sua presença, não seja tão marcante. A fim de me libertar um pouco dessa dependência de você, de buscar conhecer outras pessoas, outras culturas... De buscar minha identidade, pois eu me perdi em você completamente, agora, não tenho querer, não tenho mais sono, pois você está sempre em meus pensamentos, quaisquer que sejam...o Meu cheiro não existe mais, ele se fundiu ao teu, como se cada dia que passa, fossemos nos fundindo, nos tornando apenas um. Meus olhos não alcançam nada além do teu rosto... Preciso mesmo saber se ainda há um mundo além do nosso... Além do eu e você... preciso saber, se ainda consigo viver sem ti. Enchi meu coração de esperança... E em minha mente carreguei apenas as boas lembranças de nós dois, passou-se apenas um segundo e tentei apagá-las da mente, não posso me lembrar de você aonde vou, nem de nós... Deixarei pra trás esse tempo, onde vivi em função de você... Então me atirei ao vento... Conheci pessoas, provei outros temperos... li muitos livros... Nos primeiros dias sempre acompanhava o nascer do sol, pois este, se não remete ao renascimento, recomeço... Rotula a esperança, que algo novo virá algo que me mude completamente... Porém ao por do sol, eu sempre via você, pegando em minha mão, recostando a cabeça em meu ombro, sussurrando em meu ouvido sobre a beleza e a ternura daquele momento... Decidi então parar de acompanhar o nascer e o por do sol. Nos lugares onde estive, sorri e chorei, corri, vivi... Contemplei o quão imenso é esse universo de Deus, me aqueci junto à fogueira perto do mar, numa noite de lual... Me distrai contando as estrelas deitado ao relento... no deserto. Nadei com os golfinhos na imensidão verde do límpido mar... E na atmosfera romântica de Veneza, me deixei levar apenas pelo cenário... Meus passos foram firmes, meus olhos se maravilharam por muitas, muitas vezes, conheci mulheres belíssimas, exuberantes, cultas... Sensuais... Mas jamais me deixei encantar novamente, eu tinha um objetivo maior, que era ocupar a minha mente, e me fazer acreditar que o pedaço do meu coração que tu tomaste, eu poderia reaver, mesmo que lentamente... Deixar alguém ou algo se apoderar dele, e me devolver ao fim da viagem, eu buscava me curar de você. Renovei meus pensamentos, redirecionei minhas metas, curei as feridas do corpo e da alma, e então decidi voltar... Era uma manhã de Domingo, passavam-se quatro dias do meu retorno e nenhum sinal de você, e isso surpreendentemente não me incomodava, eu estava tranquilo, dono de mim novamente, curado de ti afinal... Mas de repente você surge, com aquele olhar de medo, me pergunta por onde estive se foi bem minha viagem, e então me dou conta, que fui tão longe em meus pensamentos, busquei a maior distancia conhecida na minha imaginação para calar meu coração em suas batidas descompassadas quando ela se aproxima... e de nada valeu, bastou sua respiração ofegante junto ao meu peito, pra que eu dissesse o que vivi nessa viagem: Fui longe... Conheci pessoas, lugares, temperos, mas tudo me pareceu, insosso, cinza e triste, pois insistia na ideia de que você não estaria comigo, ledo engano, aonde quer que eu vá você estará comigo, em meu olhar... Nada mudará isso, sou seu. Mesmo que eu lute contra isso, jamais terei forças para negar, ainda que tudo se acabe, que o sentimento se perca... Nossa história perdurará em nossos olhos, quando nos vermos... Algo só nosso virá à mente. E nos arrancará um inevitável sorriso. Agora, faça de mim teu sorriso, tua felicidade, faça de mim sua casa, teu refúgio, pois nem mesmo eu consegui me refugiar dessa paixão. O eterno se constrói na certeza do que se sente não importa o tempo que durar.

sábado, 31 de março de 2012

Inteligência > Beleza = Utopia

Todos sabem o quão mudado o mundo está, não, vou além, as pessoas que mudaram, perderam referencias... valores e abreviaram tudo o que faziam - nas pensar demais... Abreviaram palavras, encontros, sentimentos e caráter. Inevitável observar que os corações se congelaram na mesma velocidade em que os gestos minimizaram as palavras importantes a serem ditas, muito embora seja clichê... É imprescindível ter a gentileza e a educação consigo aonde se vá. Muito embora dissertar sobre isso seja interessante, e nostálgico... Ainda sobre esse mesmo tema - mudança de comportamento, eu quero citar a demagogia que rola em torno da beleza e da inteligência... Li certa vez, que a beleza, fascina, mas a inteligência conquista... Ah, se fosse verdade, muito embora para alguns isso perdure, a grande maioria se esconde atrás de uma frase feita “O que me importa é a beleza interior" No meu máximo momento de sarcasmo, eu digo: "Quem gosta de beleza interior é médico legista!" Sabe por quê? Porque é fato, beleza é aquela minhoquinha pendurada no anzol, mas só quando fisgam a isca, dá-se ouvidos ao que se tem por dizer... Hoje pelo que tenho observado, há escassez em pessoas que se entendem facilmente, tem aquela capacidade mesclada de sagacidade para ler um olhar, decifrar aquela linguagem característica do corpo para manter aqueles momentos únicos e imperceptíveis a terceiros... Aqueles que bebem nas palavras um do outro... Que se alimentam diariamente de possibilidades e fantasias, que instigam a sede sempre ao visitarem os olhos uns dos outros... Não falo aqui de romantismo... Mas do “jogo”...Aquele que não se joga mais, que aqueles nascidos na década de 80 já não utilizam... Abreviaram, vão direto à roleta russa que é beijar primeiro e perguntar depois... Não que eu ache isso totalmente reprovável, acho que quando as palavras não se fazem mais necessárias..Falar é perda de tempo, mas para isso o “jogo” é imprescindível...afinal a percepção do momento certo, se faz presente quando se atinge esse nível de inteligência no "jogo". Aonde foi parar o encanto dessas coisas? Não vemos mais isso por aí, abreviaram tudo mesmo. Hoje, tudo vem relacionado ao corpo, sempre corpo... Corpo que construiu uma ponte direta ao sexo... Sem escalas, muitas vezes sem preliminares, ou importância... Sou do tempo em que o que encantava era o intelecto, antes de tudo isso, eram cartas, canções.... Sempre cultura...Mas a verdade maior é que os desprovidos de beleza, jamais tem a chance de falar....Mas fica meu conselho... Não se omitam, não pode o mundo ter sido tomado de abreviaturas, em algum lugar existirá alguém que te deixará expressar-se seja com palavras ou com os olhos... Inteligência sobrepujando a beleza é utópico, mas ajudemos a essa balança não ser tão desigual... Cada um usa a arma que tem, e uma hora...vão te dizer: “Nunca vivi algo assim...” - Porque de fato, o "jogo" continua, só precisamos inserir novos jogadores, e faremos desse "jogo", o topo novamente!

sexta-feira, 9 de março de 2012

O sentido anti-horário

“Ando meio avesso ao óbvio...Refugiando-me nas trincheiras do improvável, parece ironia, descaso pelo destino, mas não... Trata-se de uma tentativa inusitada de acertar, ainda que pelo lado mais difícil os meus passos... É, de fato, bizarro para as pessoas que retiram da sua concepção de normalidade ignorar a facilidade com que os nossos pés encontram direções, que nossas mentes formulam metas, e nossos corações se apaixonam, ainda que seja pela ideia de estarem apaixonados, mas... Para quem tem a derrota como sombra, para quem não conhece o significado da palavra sorte... Tudo é válido, até mesmo tentar acertar, cometendo desatinos... Afinal não é no momento mais inesperado que a vitória pincela esboços de sorriso nos nossos lábios ávidos por um alívio, apenas um...? Deixei de querer muita coisa por crer que assim seria melhor, seria menos doloroso, do que ficar como uma criança na vitrine de uma loja de doces, imaginando o gosto de cada um... Sonhar, acordar no meio da noite e tentar dormir de novo, na vã esperança de que o sonho reinicie... E que não tenha fim... Não me entendam mal, não fiquei descrente, incrédulo, só parei de apostar. Todas as minhas fichas... Congelei meus desejos, meus maiores sonhos voltaram para o livro de contos de onde saíram. Há quem dirá que me deixei tomar pela amargura, mas prefiro me enquadrar nessa "manhã insólita de domingo" do que vislumbrar atônito aquele passeio num sábado de Sol, num parque multicolorido... Afinal, as nuvens não são algodão doce, e o mundo não é feito de amor, as pessoas não são boas, as que achamos pelo caminho, são como ouro, diamante, são pedras preciosas. Tenho deixado minha história ser escrita dia a dia não calculo possibilidades mais, não faço mais planos, o que não quer dizer que não estabeleço metas, só que até a minha obsessão por atingi-las desesperadamente tenho reduzido, estou tentando me desintoxicar de mim mesmo, esse ser consumista e movido pelo meu imediatismo daquilo que sempre quis, e que sempre termino numa poça de lama, e sozinho. Desacelerei, parei de me considerar fora de todas as disputas, aliás, saí das disputas, para dar um passo à frente, mudar meu foco, buscar sorrir mais, observar mais à minha volta, conhecer mais pessoas... Me permitir sorrir, despreocupadamente... Olhar mais pela janela, sair da sala onde trabalho, olhar mais para o céu... Cumprimentado mais as pessoas, reparado em cada uma delas... E definitivamente, com isso, estou mudando a minha postura previsível. Não olho mais ninguém de baixo pra cima, somente olhos nos olhos. Descarreguei todas as minhas culpas, tenho caminhado mais rápido com menos peso nos ombros, não por ser melhor que A, B ou C... Mas por ser humano, e por tanto, ser falho, para ser perdoado, perdoe-se primeiro, não sei quanto a vocês, mas eu sou meu maior cobrador... Tenho dado passos mais firmes, admirando mais o palpável do que o improvável, não sei se isso me tornará mais acessível, menos turrão, mais maduro, ou menos feio, mas já me sinto mais autentico mais conformado com minhas estatísticas e minhas crônicas. Como diria Renato: "_ É um não querer, mais que bem querer” quem sabe esperando menos, o mais se faz presente, pode ser arriscado, mas tenho gostado dessa leveza de secar as lágrimas, exorcizar decepções e deixar que venha a próxima onda... Se dará certo? Amanhã verei...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Quando a cortina de fumaça se esvai...

Ficar de pé ao cessar de uma batalha não é fácil, é ter em seu corpo marcas dessa batalha para sempre, é ter a mente aterrorizada pelos "fantasmas" dessa batalha por um longo tempo. É questionar-se a todo o momento sobre o certo e o errado, é perdoar-se a cada dia. Há muito pouco tempo, refletia sobre a missão de cada um na terra pude observar que existem pessoas que tem essa "habilidade" de se manterem de pé, mesmo sendo sabatinadas quase que diariamente por erros, insultos, enfim, todo revés que a vida impõe. E ser assim é tão árduo quanto forte. Ao que parece, essas pessoas não tem coração, nada mais sentem para consigo mesmo e menos ainda com os outros, são extremamente frias, calculistas, meticulosas, e, em alguns casos, antissociais, pela evidente dificuldade de confiar nas pessoas. O epicentro desse estágio é embasado na teoria que: SÓ OS FORTES SOBREVIVEM, e na prática, a vida mostra que não é muito diferente disso. Vemos que à medida que abrimos nosso coração, ele seca, perde vida de tão decepcionante que pode ser confiar, deixar-se levar por carinhos ou argumentos sentimentais que sucumbirão com sua força. Ser uma fortaleza, não se resume a impedir que a luz entre no teu coração, não, pelo contrário consiste em utilizar muito mais a mente que o coração, assim evita-se muito mais facilmente a súbita perda de controle, de razão, de ar... Repare, todas as vezes que deixamos o coração agir como mente, perdura sobre nós um arrependimento constante, pois machucar-se, criar expectativas vãs, amizades fantasmas são combustíveis para decepção. Somos mecanismos perfeitos de ação e reação, nosso controle é a mente e somente ela pode decidir sobre nós, o coração não pode, este é o endereço de nossas fraquezas... Resumidamente nocivas vez ou outra aos propósitos de paz do nosso espírito. O foco é a chave de tudo, temos que imaginar algo tão fortemente que isola qualquer grito que o coração dê... Tenha foco, cana lise suas forças, utilize seus medos, suas fraquezas, toda e qualquer coisa que te fizer mal, como uma catapulta... Assim remeterá aos teus medos à imagem de fortaleza, que desejas, serão fortes, não importa quem... Ou o que te bata, ou com qual força, serás forte, o impacto, pode desestruturar teu corpo, mas teu olhar mostrará que tua alma está intacta, teu intelecto, teu caráter, não haverá sequer uma rachadura, faça de si mesmo o teu maior escudo, assim, as pessoas se destruirão e cairão a sua volta, mas você, se fará forte, livre, acima de todo o mal que vier, foco, senhoras e senhores, foco!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Pra não falarem que não citei as pedras...

Vivemos tempos difíceis, pouca fé, muita competitividade, de real mesmo somente o amor dos filhos e dos pais. As pedras pelo caminho são diversas, praticamente não existe mais caminho "limpo” a seguir, pois quando quem deveria nos amar nos proteger, nos agride-nos mata, nos tira a inocência, ou simplesmente joga pelo chão a nossa confiança, perdemos mesmo os parâmetros... O chão. Ainda que seja melodramático ou clichê, rogo pela sapiência de deixarmos nossos corações afastados de tudo isso. Temos sim essa responsabilidade de lacrar nosso peito para que esses espinhos tão agudos não o alcancem. A resposta sempre está conosco, nós que insistimos em procurá-la, na boca de outra pessoa, nos olhos de quem nos interessa... Não, é você! É você o detentor da resposta, não transfira essa responsabilidade! É flagrantemente tendencioso perguntarmos sempre: Por quê? Mesmo a pergunta sendo retórica. Existem porquês que jamais saberemos, eles simplesmente fazem parte do plano de Deus, não do nosso. Todas às vezes, que nessas pedras tropeçar, lembrem-se do tamanho que você é perto delas, pedras são objetos inanimados, não o ferem sem que uma força maior a retire, a jogue contra você, por maior que elas sejam sempre podemos escalar, pode atrasar nosso caminho, mas nunca nos impedir de caminhar.Sempre fui muito intenso no que fiz, eu nunca apenas me reclinei pra ver o que esta lá embaixo... Eu pulo!Eu nunca dei meio carinho, eu pego! Mas essa falta de meio termo me puniu por várias vezes... Assim passei a ser mais cuidadoso em declarações, observar mais onde piso, dar mais valor a quem luta do meu lado, de fato. Os que apenas te sorriem e dizem: "tâmojunto" nunca estão na linha de frente no campo de batalha, são somente aquela dezena ou duas de pessoas que de ti merecem mais apego, mais consideração, não que eu seja seleto, é uma questão de justiça. Abrace os amigos mesmo, alcance o membro mais distante da tua família, traga-o para ti, não abandone ninguém, a luta é interminável, e tudo, realmente é possível nestes tempos. Falar que toma as pedras do caminho e constrói um castelo é fácil, mas será que é essa mesma a sua postura? De não acovardar-se diante das adversidades? Neutralize o mal que há dentro de ti, use teu lado divino e dizime a semente de egoísmo que o mundo e a mídia plantam sempre dentro de nós. Doe,sorria, ajude, abrace, e, sobretudo ponha-se no lugar das pessoas, com certeza, essas atitudes o farão rever prioridades, e sua mente se ocupará de algo produtivo, ao invés de uma profunda lamentação pelo que insiste em dar errado. DEUS nos dá, mas temos que nos mexer pra conseguir também! Não pense que somente orar te trará benefícios, ou o fará diferente dos demais... Pois daí já parte o preconceito. Faça! Realize o que traçou... Não dê chances de maus sentimentos tomarem de assalto o teu coração, e ignore quem insistir nesse caminho, a vida mostrará a essas pessoas o que elas tem que fazer. Seja forte, mas seja fraco também vez ou outra, e não se culpe! Afinal é isso que nos faz humanos! Homem(s) Santo (s) não existem! Existe UM SÓ DEUS! Creia nele e em você, e sejas forte... Quanto às pedras, você verá... No fundo não passam de grãos de areia maximizados pelo teu negativismo. Tenha FOCO!

sábado, 21 de janeiro de 2012

O quão azul é o infinito

Outro dia me questionaram sobre o modo que olho para o céu quando estou pensativo, ou preocupado. "_É como se você buscasse respostas"- Uma outra pessoa disse. Mas a verdade é que o céu exerce sobre mim um efeito hipnótico, ficariam horas fitando as nuvens se enroscarem umas às outras, ou desprender-se moldando formas, e alimentando nossa imaginação de possibilidades que nos afugentariam dos problemas. O céu e seus elementos fascinam demais, e até quando é tomado pela escuridão da noite, a sua beleza predomina, repleto de estrelas, como um manto sobre nós, o que eleva meus pensamentos aos céus, não é muito diferente do que as outras pessoas julgam serem atraentes, muitos o veem como um lar futuro, um sonho distante, de estar junto ao Pai, eu compartilho desse pensamento, mas, os meus vão além, para mim o sentimento que me aproxima do céu é o de fuga. Sim, eu fujo... Todo guerreiro, almeja um dia descansar, como o tempo é implacável, e a cada dia temos menos tempo... A saída é fugir ainda que mentalmente, e meu transporte é sempre o céu, o céu é o único infinito verdadeiro, pois qualquer lugar do mundo está sob o mesmo céu, diferentemente do mar, que não alcança a todos os lugares, o céu te leva onde quiser ir, e a própria beleza do mar deve muito ao céu por isso, afinal é o reflexo do céu que dá o tom mais lindo às águas. Eu utilizo o vento como rédeas, e nele meu voo é suave, vejo minha família, visito meus lugares favoritos... É como se realmente pudesse voar. Suas nuvens ora límpidas ora tomadas de chuva tratam de fazer o papel de "chão" como se quisesse mesmo isolar-me da vida aqui em baixo, dos problemas, dos males que me cercam... De modo que eu vislumbre somente o azul puro, e sem fim. Quando o dia acaba, o céu nos presenteia com inúmeros tons de amarelo e laranja, como se fosse uma despedida, e vem o anoitecer, pintando de um azul escuro, que logo muda para um azul quase negro, e como diamantes as estrelas brilham uma a uma vagarosamente, parecendo cumprimentar-me, sinto como se o próprio Deus me pegasse pela mão e me guiasse através do quadro mais lindo que pintara, e me despisse à alma de preocupações, problemas. Esqueço-me do que represento do fardo carregado cada dia mais de responsabilidades que residem sob meus ombros, me entrego... Salto rumo ao infinito azul diante de mim... A chuva remove aquela camada de poeira sob os carros, sob as folhas das árvores, renova a água dos rios, e conosco não é tão diferente, nos lava a alma, nos renova, um passeio pelo céu é algo que recarrega as minhas forças, me dá mais ânimo para lutar, e a sensação de poder ir...Ilimitadamente a qualquer lugar, me acalenta o coração, logo eu que vez ou outra me sinto tão preso, tão só. Simbolicamente é libertar-se do que te escraviza, é literalmente levitar.

sábado, 7 de janeiro de 2012

D’Leve

Personificando um sentimento... "Eram dias de sombrios pensamentos, Onde as horas tornavam-se dias e os dias Tornaram-se meses, a visibilidade era turva, Em qualquer direção que meu olhar fitava, havia trevas pelo caminho; E é neste momento que o inesperado nos assalta, Nos conquista, nos surpreende; Com passos aveludados ela saiu da névoa e aproximou-se de mim devagar... E antes que a luz do sol penetrasse na atmosfera pesada que me circundara, Tomou-me de forma avassaladora, num rompante nunca dantes visto ou sentido por uma alma viciada em infortúnios; Quem seria essa, que ao simples cumprimento exala doçura e perspicácia? Quem seria essa, que carrega nos olhos o brilho de dez sois, o peso da verdade e o poder de subitamente ler o meu olhar? Quem seria essa, que transita entre meus sonhos, forçando- me a desejar que os mesmos jamais tenham fim? Quem seria essa, que, quando estou em sua presença, dissipa todos meus problemas, todos os males? Quem seria essa, que me rouba a atenção, faz-me perder o discernimento entre o possível e o impossível, sem ao menos desfraldar sobre ela meus pensamentos de malícia? Quem seria essa, que fez desaparecer o conceito de negatividade, de barreiras dentro da minha razão? Quem seria essa, que faz o tempo parar quando fico frente à sua beleza? Quem seria essa, que mergulha em dúvida os homens, monopoliza os olhares, controla nossas marés, dilata nossos canais? Quem seria essa que entra sorrateira, em meio a uma tempestade de areia e apodera-se dia a dia de terrenos imensuráveis em meu coração? Quem seria essa que "D'leve" chega, faz no meu peito sua cama, e perdura... num sono ininterrupto? Quem seria essa que me devolve anos da minha vida, e injeta calma nos meus dias mais sombrios? Ela é a doce lembrança de uma história bonita. Ela é a personificação do "final feliz" É meu porto, minha fortaleza, é meu sonho, é minha fraqueza... Ela é uma fatia de tudo o que eu sempre sonhei de bom pra mim, Ela é a saudade que sinto de algo que nunca tive; Ela é chuva de verão, ela é a fogueira no meu inverno... Ela é a leveza do ar que avidamente tento respirar, ao afogar-me nas desventuras da vida; Ela é a mão que me conduz quando fraquejo, com a alma embriagada pela tristeza; Ela é o sorriso inevitável de quem se lembra de uma história boa da vida. Pode um homem viver sem foco, sem objetividade, mas jamais sem lembranças. Vem, faça também de mim, o seu sorriso de saudade, faça de mim ao menos uma lembrança feliz sua, ainda que escravizemo-nos ao tempo, ao relógio, às impossibilidades, ainda que haja um universo conspirando contra; Sejamos um do outro uma dose ao menos, da sua própria existência. Sábio era Vinícius : "Fazei desse momento a tua eternidade" Deixo você com a certeza, de que em mim algo mudou Que o ódio não penetra mais nessa carapaça que meu peito se tornou. Deixo você, com a esperança de que tornemos vívidos nossos sonhos, e que sempre retornemos a eles Quando que por conveniência, ou por saudade, lembremo-nos dessa história, que não se encerra, flutua... Deixo você com a cumplicidade que aprendemos a ter e a ler nos olhos um do outro... Deixo você torcendo para que jamais esqueças não do errado, do certo, do condenável ou do inocente... Jamais se esqueça. No tempo...ou no teu semblante, estarei lá. Viste-me, quando quiseres! FELICIDADE."