quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Barcos

Nossas fases da vida são como folhas no outono... Podemos vê-las de forma extremamente complexas ou de forma surpreendentemente simples. Tudo depende do estado de espírito de cada um de nós, do amadurecimento da alma, da capacidade de absorção de golpes que cada corpo tem...Então eu as vislumbrei de forma comparativa...
“Somos como barcos... Ainda pequenos, somos cuidadosamente dobrados, embalamos sonhos de outras pessoas... Mas ainda que por um desafio, mesmo que não estejamos prontos, somos postos na água, ignorando completamente o fato de sermos ainda, feitos de papel... Se não tivermos a capacidade de superar problemas, corremos o óbvio risco de nos desfazermos ao longo dos primeiros anos. Ao crescermos, adquirimos velas, e com elas o desejo de irmos embora, rumo alto-mar, conhecermos novos portos, vermos o sol nascer e se por dos pontos mais perfeitos... E vagarosamente, o vento nos conduz. Quando enfrentamos a primeira tempestade, temos a clara sensação de que iremos nos arrebentar contra as rochas, que iremos cortar o casco nos corais e nos partiremos em pedaços nos recifes, mas ao amanhecer ainda resta o suficiente para seguirmos em frente, dependendo somente do vento... O casco pode estar danificado, estarmos cheios d’água, mas basta uma “marolinha” que nos locomoveremos novamente ainda que lentamente... E mais uma vez, desejamos ter um motor, para que possamos ir... Não somente longe, mas irmos mais rápido, o tempo da vela já não nos satisfaz mais, e assim tudo acontece: Ganhamos motor.  Conhecemos muitos lugares nos apaixonamos por eles e pelas pessoas que neles conhecemos, e nessa jornada, nos damos conta que precisamos atracar... Não pode ser em qualquer porto, precisamos encontrar um porto perfeito, para ancorarmos , fazermos reparos, olharmos para o mar de um ângulo diferente.
      A busca pelo porto perfeito nos distrai, torna-se obsessão, e logo que encontramos aquele que acreditamos ser o porto seguro, atracamos e ali, sol, chuva, trovões e tornados, todos passam, mas estamos ali ancorados, e quando nos demos conta, nossas ancoras estão se corroendo, nossa madeira apodrecendo, e nenhum por do sol parece ser tão belo, todos parecem ser iguais... Todos os dias, todas as horas, vemos tudo e todos passarem ancorados no mesmo lugar, e ali, em meio a barcos, botes, pesqueiros, navios e vapores, que vem e vão, ficamos ancorados, parecendo fadados a nos tornarmos casa de pelicanos, refúgio de gaivotas...
      Mas chega um dia em que desejamos ter velas novamente, então nos desfazemos do peso do motor, e mesmo sem pintura, e com reparos mal feitos decidimos partir novamente, desancoramos, e içamos as nossas velas, bem cedo, ao nascer do sol, o cheiro do mar, os sons, tudo parece perfeito como na primeira vez que partimos, não nos importamos mais com a maresia ou com as tempestades que incessantemente tentam nos derrubar, nos virar, estamos de volta ao calor, nada mais de solidão em meio a todos aqueles navios, botes e barcos, a sensação de liberdade parece mesmo não ter preço! As tormentas se sucedem, mas enquanto tivermos ao menos uma vela, e o vento, isso nos basta... Logo percebemos que essa é a essência, que essa relação é a única que não se desfaz,  que não se quebra com o tempo: As nossas velas e o vento. E vamos... Passamos pelas rochas, arrebentamo-nos contra elas, rasgam nossas velas, mas inexplicavelmente, amanhece e somos levados novamente pelo velo vento. Até quando não temos mais rumo, quando a calmaria se faz constante, e aparentemente ficamos à deriva... Não acreditamos em porto algum, não queremos mais ver nenhuma ilha, nenhum pedacinho de terra, nada... Estamos ali, somente esperando que uma simples ondinha nos derrube de vez, eis que surge novamente o vendo, manso e leve nos empurra mesmo que não infle nossas velas, faz com que saímos do lugar, ainda que despretensiosamente... Para onde iremos agora? Por que seguimos? São perguntas que não temos resposta... E novamente somos somente barquinhos frágeis guiados pelo vento”.

    Esperança, felicidade, conquistas, amor... Ainda que não almejássemos nada disso mais, ainda sentimos algo nos mover, é o vento... A fé em DEUS ou a fé de DEUS em nós... Que nunca nos deixa só, o único que nos acolhe e não nos decepciona... Deixemos de lado motores, portos, ambições e amores, mas jamais percamos a fé, nem quando seu maior desejo, é não ter desejo algum, basta um vento, basta uma brisa, uma “marolinha” e vamos... Rumo à tempestade ou a calmaria, não importa, se lá... Não estivermos sós, se lá... o amor de DEUS estiver!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Do outro lado da corda

                       Parece inacreditável, e por mais que se diga sempre soará falso, mas mesmo ali, sobrevivendo à margem do um por cento de probabilidade de existência, quase invisível a olho nu, jaz solitária a força do outro lado da corda. Os rótulos mudam com os anos, mas os homens seguem a linha de insensibilidade e apatia nos relacionamentos por gerações... Justificando acusações de sermos selvagens em se tratar de instinto e fundamentando teses que nos rendemos facilmente às atrações físicas...De fato, somos assim em nossa maioria quase absoluta, tão absoluta que os resistentes, aqueles que não vivem à margem de toda essa lógica implantada com alguma veracidade pelo universo feminino de igualdade para os homens, são poetas, compositores, homens de alma, homens que tem coração, homens que se deixam levar pelo sentimento verdadeiro.Hoje trago a quem quiser acreditar, a verdade sobre os homens que amam.  Homens que não se importam com rótulos, com julgamentos ou com a infinita comparação, homens que descobriram que possuem um coração. Nos anos 60, era mais comum homens falarem de sentimentalidades que lhes tiravam o sono, a paz, mas cada vez mais foram engolidos com fúria pelo machismo exagerado e pela cada vez mais flagrante “igualdade” de ações entre os homens e as mulheres. Eu convivo, amo e sou profundo admirador das mulheres, da fibra, da vontade e do desejo firme de cada uma delas, é raro uma mulher que não sabe o que fazer da vida, elas sempre planejam e executam com perfeição. No entanto essa superioridade intelectual, e a posição de vítima desses “lobos”, corroeu uma das maiores virtudes que elas possuíam: Discernir quando um homem realmente a ama.
                       Quando um homem ama uma mulher, é sem dúvida, diferente... Todos conhecem as histórias das mulheres, de dedicação, de doação e de abandono, de decepção... Ora pela expectativa que cada uma delas constrói rapidamente, ora pela escassez de homens à altura desse sentimento verdadeiro. Mas ainda assim, as mulheres são... Como sempre racionais, antes de se “jogarem”, pensam em quase tudo, analisam variáveis, constroem um plano B. Quando um homem ama uma mulher, ele simplesmente abandona a capacidade de raciocínio, ele se joga de tal maneira, que não há nada e nem ninguém capaz de provar a ele que esse gesto provavelmente o matará, lentamente... Que o fará sofrer...As ações habituais se perdem no petrificante olhar manso da paixão, no cuidado que se tem para o amor não se quebrar... E até o óbvio lhe escapa aos olhos... Nada disso importa! Não há beleza feminina capaz de tirar dos olhos do homem que ama a mulher que deseja passar a vida com ela, a capacidade crescente de ser tolo dobra na mesma proporção que o tempo pra si mesmo diminui. E tudo se afunila no amor que sente, não há mais nada lá fora, não importa chuva, sol, amigos, trabalho, somente ela. E, mesmo desconfiando por alguns segundos que pode estar errado, nem seu surto repentino de lógica consegue lhe tirar do transe que parece infinito: O homem quando ama, definitivamente joga tudo por ar para viver o amor.

                       E assim, neste século de igualdade, onde não há mais a caça e nem caçador, onde ninguém detém o amor de ninguém, esses incuráveis seres se tornam cada vez raros, perdidos no mundo que o amor silencioso construiu. Quando uma mulher toma conhecimento desse amor, a não ser que ela o ame, com maior intensidade, a não ser que ele esteja realmente certo em suas apostas, a não ser que compense chegar até ali, se humilhar, jogar tudo para o alto por ela... Ela o fará sofrer. Não que deseje isso, não de forma premeditada, pois o EGO é traiçoeiro... E uma vez inflado pelo fato de ter alguém que respira você a todo o momento, a autovalorização ultrapassa o limite do necessário e se torna nociva para quem a ama. Maldita vaidade, que nos atinge feito um dardo tranquilizante e nos cega. Mesmo com tudo isso, o coração de um homem apaixonado se permite sempre um ultimo suspiro, alimenta-se de migalhas de esperança em vestir a mulher amada com seus beijos, em poder um dia vê-la repousar sobre seus braços e dizer-lhe que o seu amor a faz feliz em uma única vez sentir-se correspondido... Poder enfim cuidar de quem ama pela eternidade. Ainda existimos, mesmo que soterrados pelos hábitos de colecionar conquistas que hoje dão razão à vida dos adolescentes, sobrevivemos bebendo da chuva de palavras que os românticos de outrora escreveram, respiramos na bolha de ar que a esperança de sermos encontrados produz e a luz que nos ilumina é a dos olhos de quem nos encontra de século em século... Fica aqui o clamor... Se um dia encontrares um homem dotado da capacidade de amar assim, dê-se por feliz, ele é raro e com certeza seus anos mais felizes se darão ao lado de quem a ama tanto que nada mais importa. Lute contra a tentação de usar isso contra ele, e permita-se ser feliz, viver um amor verdadeiro, afinal, não é o que toda mulher mais deseja? Ser amada... Decepções são fantasmas que se tornam reais na medida em que nossos medos os alimentam. Exorcizemo-nos e olhemos sempre o que há do outro lado da corda que insistimos em puxar...Afinal, a corda sempre arrebenta do lado de quem se envolve mais, de quem está de fato, apaixonado.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Os encantos da tal simplicidade

                Remetemo-nos, ainda que por um breve tempo à nossa infância, façamos o resgate das nossas almas puras, dos nossos mais límpidos e improváveis sonhos. Como o gosto da vida era doce... Ao invés de andar correr, ao invés de correr... Pular e tudo era “em tese” inofensivo. É daquele menino que sinto saudades às vezes, onde foram parar tantos sonhos? O que aconteceu com o certo e errado que eram tão fortemente inseridos em nossas mentes quando éramos pequenos? Não havia noção de espaço ou de diferença entre pessoas, brincávamos juntos e isso bastava.   
                 É desse universo distante que extraí a reflexão sobre motivação mais óbvia, e ao mesmo tempo tão invisível aos cansados olhos míopes dos adultos que nos tornamos... É tão simples! Sim, é simples... A vida toda é simples, nós que somos o agente causador do caos pessoal que vez ou outra reclamamos por estarmos.
                Quando tomado pela dor e pelo silêncio, vasculhamos tudo que possa nos trazer alento, por algo que nos mostre que compensa viver para ver se a redenção virá. Nesse momento, se constata que jamais estaremos à deriva... Ninguém vive a vida só por viver, espera que seus dias na terra terminem que haja como se suas obrigações já se cumpriram, que sua missão aqui terminou, somos movidos por algo sempre, sempre tem que haver motivação. Há quem se motive pelo amor, esses são os que tendem a “perder o chão” quando o amor se vai, pois respiram a pessoa amada 24 horas, e demoram anos para perceber que a vida continua que o sol se levantou na manhã seguinte. Mas a grande maioria se motiva da felicidade... É claro que a noção de felicidade é distorcida muitas vezes, alguns a enxergam em bens materiais, outros numa garrafa de vodca, ou uns copos de tequila com quem acreditam ser seus amigos, outros em uma viagem, alguns poucos em uma realização profissional...Mas existe um grupo de pessoas, aquelas que geralmente não se hipnotizam facilmente com promessas, esses veem a felicidade em pequenas coisas....
                  Felicidade, como eu já disse, tem haver com ser e estar... Podemos estar felizes, e não sermos felizes... Contudo, dizer-se infeliz pode soar muito extremista quando se tem condições básicas de vida, como casa, saúde, alimento... Muitas vezes a felicidade está num simples sorriso do teu filho, ou no olhar saudoso de quem você ama, pode estar escondida em um dia de sol com quem realmente se importa com você ou na glória de reconhecer que existe um Deus que te proporciona sentir o sabor de felicidade nessa vida. Quando dizem que são nos pequenos frascos que as grandes essências se escondem, é exatamente isso... Como podemos ser felizes com coisas simples... Como um sorriso, um abraço... Uma foto, um gesto pode se eternizar com o status de felicidade.

                  Portanto, se existe ar nos pulmões, se existe um sol brilhando no céu, com ou sem nuvens, sabemos que ele ainda está lá... A vida continua, e se precisarmos... Como sempre precisamos dessa tal motivação, libertemos aquele menino, aquela menina, que sorria ao ver uma bola, um bambolê, que os olhos brilhavam ao ver o chocolate favorito no bolso do pai que chegava cansado do trabalho e resgatava sua esperança exatamente nesse olhar dos filhos, o brilho de quem viu, mesmo por um segundo... Tudo o que lhe faz feliz, ali, agora. É exagero viver como se não houvesse amanhã? Não, o amanhã não nos pertence nem em sonhos! Apegue-se sempre aquilo que te faz sorrir, e colecione seus sorrisos, eles lhe serão úteis quando sentires que o buraco no teu coração parece jamais se fechar, sempre há o alívio das lembranças de quando se foi feliz pelo simples fato de alguém existir, ainda que esse alguém seja você mesmo! Viva o simples!

domingo, 17 de novembro de 2013

Silêncio – A arma dos humildes

                                  Já se conhece o ditado popular – A Melhor defesa é o ataque! – Porém, venho chamar a atenção do efeito que a ação contrária tem sobre as pessoas... A todo tempo tentam calar nossas vozes, silenciar nossa alma, amordaçar o nosso coração.  Quem ainda crê que a censura está morta, desconhece as brechas que existem entre o que se lê e o que se põe em prática, e é nessas brechas que os vermes dominadores se proliferam... É inegável o poder da voz ativa, de se fazer ouvir, de se fazer enxergar, de ser reconhecido... Quando milhares detém a mesma voz, geralmente ocorrem mudanças dado o pavor das autoridades em uma escalada crescente de olhos se abrindo.
                                  Quando  a voz se traveste de espada, logo o silêncio seria o escudo... A omissão, a concordância camuflada de neutralidade certo? Nem sempre... Aprendi ao longo do caminho, o tamanho do caos ao ego de certas pessoas que o silêncio traz... O silêncio agride, ofende... Penetra com a profundidade de mil facas em quem se sente ignorado. Ignorar é a arte de mostrar-se incapaz de se deixar ofender por palavras, gestos, provocações. Por vezes, é melhor não emitir qualquer opinião do que falar demais, a sinceridade é uma arma branca, e como tal, tem que saber manipula-la... Porque tenho que pagar na mesma moeda? Porque tenho obrigação de debater, de combater, de me rebaixar? Não... Prefiro não falar, ainda que meu coração esteja também apertado, que as lágrimas estejam ali, prontas para rolar... Não! Deixe-me degustar a doce opção de não responder.Nem sempre quem se cala não tem nada a dizer, na maioria das vezes o que se tem a dizer é tão grandioso e profundo que optamos por dar a resposta de uma outra maneira...
                                   O silêncio também conota humildade quando decidimos não externar nossas dores, vivemos na era do “compartilhamento”, porém, nunca devemos nos esquecer de que existem pessoas más, e o mundo está repleto delas infelizmente, compartilhar um mau momento, uma dor, um sentimento triste é alimentar a alma dessas pessoas ruins, porque gente má sorri com as suas lágrimas e se fere com seu sorriso. Sentimentos são fortes demais para serem contidos, represados, eu sei, mas é justamente pelo poder que eles representam que devemos protegê-los mais, as palavras são lindas, mas são como folhas secas ao vento, não há garantia que elas penetrem somente no ouvido de quem elas são direcionadas, e como tudo nessa vida, há o bom uso e o mal uso de informações. Quem te oferece o ombro hoje, pode usar seu desabafo contra você amanhã. Sejam fortes, firmem as pernas e não digam sequer uma palavra! DEUS lhes ouve todos os dias, ele vê nosso sofrimento, e sabe da verdade em nosso coração. Isso precisa bastar!

                                   Assim sendo, quando percebo que nada está bem, não o digo, nem cogito a ideia de externar para qualquer pessoa que seja muito pelo contrário... Me afasto de todos, não deixo que minha tristeza respingue em meus amigos, nem me permito mais alimentar meu coração de expectativas, elas são inúteis! São o combustível mais competente para as maiores decepções. Nada nessa vida acontece por acaso! Tenha fé, a parte mais complexa da fé é o confiar em DEUS, acreditar... Muita gente acredita, mas confiar é difícil, não nos permitimos mais confiar em ninguém, e por vezes, nem em nós mesmos, nos nossos instintos, na nossa convicção. Confie de fato, entregue seu caminho a ele! Siga esse caminho, e embora nada pareça ter mudado no início, com o tempo se percebe que tudo sempre fez sentido. E o que era improvável se viabiliza! O silêncio é sem sombra de dúvida a resposta mais inteligente para as questões mais provocativas. E como eu disse antes, o que não fazia sentido algum, passa a ser compreendido: Lutar pela paz é lutar uma vez para jamais termos que lutar novamente! Nossas batalhas estão aí, todos os dias, em todos os lugares, nos pequenos detalhes e naqueles que decidem nossa vida... Escolham suas armas!

sábado, 2 de novembro de 2013

Vestígios...

"Não serei eu quem dirá que tudo se acabou, não pelo meu coração, jamais pela minha boca! Meu desejo sempre foi estar com você... Ignorando o tempo e quaisquer que fossem as impossibilidades, as opiniões... Não há lugar que eu queira estar senão onde você está! Não há com quem eu queira estar senão contigo!
Jamais nos separaremos! É o que acontece quando o verdadeiro se sobressai ao casual, quando o imortal se dá pelo simples fato de ser único. Eu estarei sempre lá... Mesmo que seja quando você resolver mexer nas coisas antigas, você vai se lembrar... Nem que seja por um minuto, meu sorriso vai te acender mais uma vez, e não será a imagem de um homem parado com lágrimas nos olhos, vendo você ir embora. Será aquele que a felicidade se manifestava só em ver você... E mais uma vez, se lembrará do meu beijo, e do quão importante eu te fazia sentir, pois não havia ninguém pra mim senão você... O que eu senti por você me mudou tanto... Trouxe-me de volta de um caminho que eu não me orgulho de ter tomado, você era minha força, meu sorriso, meu desejo, meu amor...
                 E ainda que pelas fotos que você achou no seu PC, pensando em excluir, reconhecerá o brilho no meu olhar... A luz indelével que só você trazia à minha vida, toda verdade do meu sentimento... Tão fora do tempo, um tempo em que os sentimentos se faziam secundários. Você vai se lembrar de como o que eu sentia te fazia levitar, te raptava, te fazia bem ainda que você não quisesse que as raízes de nós dois fossem tão profundas, era inevitável se render a tamanha ternura... Tamanha doação, pois é exatamente como eu sou quando amo...
                 Eu me fiz eterno em seu coração, porque quando você se sente mal, basta se lembrar de mim, da verdade do meu sentimento que eu ressurgirei, mesmo na sua memória, ou nos seus sonhos... Quiçá no seu coração e arranco todo mal de cima de você, meu amor afugenta qualquer sofrimento que você possa ter, pois não houve uma única vez que me olhaste nos olhos e não leste “eu te amo” impresso em minha retina. E te farei sorrir uma vez mais, pelo simples fato de se sentir amada, mesmo após tanto tempo, mesmo sem me ver, sem ter notícias minhas, o impacto do que eu sinto por você foi tamanho, que as ondulações desse sentimento avançaram os anos.
                 Mediante tamanha identificação, tamanha sintonia, essa enorme química e essa eterna cumplicidade, me permito afirmar sem medo, eu ressuscito cada vez que você sorri, e você estará viva em mim para sempre, como a minha maior história, o brilho do meu mais belo sorriso, a lembrança mais viva do gosto mais doce: O gosto de ser feliz. Por tudo o que significamos um para o outro, pelos inúmeros vestígios de felicidade que deixamos no caminho um do outro, rogo para que um dia... Você descubra a dimensão do sentimento que despertaste em mim, e que isso lhe traga sorrisos, felicidade ... Paz... Saudades... Da história mais sincera, da verdade irrefutável, que sempre transbordou em meus olhos! Essa é a minha maior prece!"


sábado, 19 de outubro de 2013

Um passo para a eternidade

            Todo ser humano dotado da capacidade de discernimento entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, está sim, passível de perder-se completamente nas asas de um grande amor ou de uma avassaladora paixão! Isso é fato! Não se iluda, pois a vida é feita de paixões, de amores... Nascemos do amor, cultivamos a fé pelo amor de Cristo por nós, um amor verdadeiro e incondicional... E, é impressionante o quanto tudo muda quando adquirimos finalmente a coragem de assumir o que tem nos mudado tanto, o que tem trago tantos sentimentos mesclados em nossa vida.

              Amar é atirar-se quase sem pensar no ponto mais cego da vida, é despir-se de qualquer defesa, é cair, saltar... Sem nunca se perguntar se um dia você chegará ao fundo, somos para o amor como velas para um barco, somos movidos por ele, e sorrateiramente chega, e toma-lhe os sentidos joga-o contra o seu próprio ego, e te faz ver tanta coisa que estava guardada em seu peito, por tanto tempo... Faz com que suas qualidades que você jamais enxergara claramente fiquem nítidas, faz com que seus erros, seus defeitos lhe envergonhem ao ponto de clamar por misericórdia, de esquecer tudo... Faz-te abrir mão de tudo, te abre os olhos e finalmente se descobre que o coração que você achava tão grande, é pequeno... E rapidamente parece totalmente preenchido, lotado, incapaz de conhecer ou reconhecer mais ninguém. O amor nos muda em uma escala tão gigantesca que nem o tempo parece mais nos escravizar, e sem perceber que o tempo lhe rouba dias com um apetite voraz, você se olha no espelho e não se reconhece mais. Esse sou eu? Meus olhos sempre brilharam assim? Eu emagreci tanto assim? Há tanto tempo que eu não me olhava assim... Afinal, a pessoa perfeita pra cada um de nós, não é aquela que nos faz bem e sim aquela que te faz sentir-se bem consigo mesmo...
              Não passe sua vida esperando a história perfeita, ou o mar calmo de um amor tranquilo, isso acomoda seu coração, e quando a paixão bate, perde-se completamente o rumo... Pois é exatamente no momento que nos julgamos a fortaleza de gelo impenetrável que a vida nos surpreende com a mais linda história, com os mais sinceros sorrisos. Viva sim suas histórias! Elas te confortaram a alma, lhe trarão sorrisos de volta quando o tempo os roubar! Viva cada segundo, mergulhe de olhos fechados, e quando se menos espera já se decora todos os tons da cor da íris dessa pessoa, já se pega um papel, e desenha o rosto dessa pessoa sem que ela esteja por perto. Afogue sua alma em pensamentos sim! Afinal eles te transportam a qualquer lugar, no tempo  ou no espaço, eles criam o universo perfeito onde somente você e ela são habitantes, onde a felicidade que exala dos sorrisos de vocês não ofenda ninguém, onde o cheiro predominante é o perfume dela, faça do corpo dela a sua coberta no frio e a tua única roupa no calor. Se entregue sim! Não existe nada tão belo quanto à verdade, e tudo o que é verdadeiro no fim passa a fazer todo o sentido, tatue sua história na alma! Histórias de amor não são reféns do tempo, duram o necessário para se tornarem eternas! Qual será a sensação de encontrar essa mesma pessoa dez... Quinze... Vinte anos depois e trocar com ela o mesmo sorriso de cumplicidade? Eu lhes respondo: Ímpar!

            Por isso, aconselho sempre ficarmos atentos às mudanças que tomam conta de nós... Se de repente você se vê numa situação que jamais se imaginaria, se começar a não se importar com os perigos que a decepção insiste em plantar em nosso caminho, se achar a dor de amor uma doçura necessária, logo estará prestes a largar tudo no meio do dia e “rapta-la” para uma tarde juntos, nem que seja pelo silencio, pelo simples prazer de senti-la em seu peito, pelo simples fato de estar ali,  como se  pudesse arrancar dela tudo o que a fere, tudo o que a faz sofrer, chorar,  fiquem ali, ouvindo a chuva no telhado e quando as palavras não se fizerem mais necessárias, quando nada mais importa, aí você se dá conta: Eu estou sendo feliz! Daí, não importa o feliz para sempre, ou o eternamente feliz, importa o estar feliz... Ali, agora, com ela! Dando o último passo para a eternidade. Bem mais que uma frase, eu te amo... É um estado de espírito! Pois se é verdadeiro tem todas as chances de ser eterno! 

sábado, 5 de outubro de 2013

Caixa de vidro

             Aflito pela incapacidade de respirar que algumas situações nos impõem, refleti sobre como é estar preso, eventualmente estamos presos por alguém, por um sentimento, por uma resposta, por uma compensação, por um sonho, por um beijo, por um sorriso, ou, como a maioria, pelo tempo.
É tortuoso ver todos ao seu redor desfazendo os nós das suas vidas, seguindo em frente e você ali, se sentindo incapaz de desatar o primeiro nó da teia que lhe prende, às vezes parece simples. As correntes que nos aprisionam machucam bem mais do que as que guardam os portões, as paredes que nos aprisionam não são frias como as barras de uma cadeia, são piores, pois de dentro da caixa vemos o mundo, vemos o sol nascer, o sol se por vemos as pessoas irem e virem vemos as luzes se acenderem e se apagarem, vendo a vida, se esvaindo sem nada fazer, pois tudo o que fazemos para sair dali parece pouco.
              Nos dias em que os vidros estão límpidos é possível ver a nossa imagem refletida, como envelhecemos... Como aparentamos cansaço, exalamos desistência a barba cresce o cabelo vai ficando grisalho, mas nada de ponto final no sofrimento de quem fecha os olhos e vê tudo repassar... Lentamente, reinicia e revive cada sofrimento.
              É preciso compreender que, não importa o quão doloroso foi o passado, não importa o erro que cometemos, perdoe-se! Dê à sua vida a oportunidade de lhe surpreender. Entregamos-nos toda vez que buscamos na memória nossos piores momentos, ou até mesmo os melhores, que por um motivo ou outro acreditamos que não possam ser vivenciados novamente... Toda vez que admitimos a existência da impossibilidade, plantamos a semente do derrotismo em nosso coração. A capacidade de perdoar passa, sem sombra de dúvida, por perdoar-se primeiramente, daí tudo fica nítido. O tempo só nos aprisiona a alma, se deixarmos que ele o faça... Remoendo sentimentos de perda, trazendo de volta lágrimas ao rosto por motivos que já não deveriam fazê-las sequer brotar.
              As chaves para sair de nossas prisões, são como respostas para perguntas que nos fazemos sempre e muitos de nós morrem procurando essas respostas... E o mesmo tempo que se deixarmos, nos aprisiona... Traz a sapiência para atestar que muitas dessas respostas não nos pertencem, há tantos porquês que somente DEUS é conhecedor... Há tantas lamentações nossas que com o passar do tempo, nós mesmos reconhecemos que houve exagero.

              Enfim, começamos a romper as grades, as paredes ou as correntes de qualquer coisa que nos aprisiona quando pedimos perdão, quando perdoamos, quando damos um passo para trás visando dar um salto à frente, quando não admitimos a hipótese, por menor que seja do impossível se tornar verdade, quando apagamos da vida tudo o que fizemos de errado, tudo o que fizemos de mal, todos nossos erros, quando nos esquecemos do caminho errado que vínhamos seguindo, quando damos oportunidade à vida de nos surpreender, pois às vezes para que os sonhos se realizem, é preciso que se creia neles e alimente-os em segredo! A chave que abre nossa prisão é a mesma que abre nosso coração para a paz: a Fé.

domingo, 15 de setembro de 2013

Amanhecer Utópico


Nesta manhã abri meus olhos, e me senti surpreendentemente bem, em minha mente não pesava nenhuma preocupação e em meu peito não havia nenhuma culpa, no meu espírito não havia tristeza, em meu corpo não havia nenhum resquício de dor e até a ausência de beleza que outrora me incomodava não era capaz de me tirar o sorriso, não naquela manhã, mas ainda assim eu me sentia bem também neste campo. Abri a janela do meu quarto e o vento que vinha do horizonte trazia o cheiro de paz que o mar exala, as cores do dia pareciam mais radiantes e o sol tinha um brilho intenso quase ofuscante.
Ao sair de casa, notei a atmosfera totalmente incomum que se instaurava onde quer que eu fosse, para onde os meus olhos se voltassem havia paz. As pessoas, Ah as pessoas... Sorriam quase continuamente, até os sorrisos mais cansados haviam ganhado um brilho diferente. Não havia a constante nuvem de preocupação em cada um, eu caminhava livre de medo, não havia aquele temor, aquela sensação estressante de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento, nenhuma pessoa me parecia suspeita ou infeliz, não havia lixo pelo chão, não haviam pessoas dormindo nas ruas, as drogas haviam desaparecido da face da terra tão de repente quanto apareceram, não havia descontentamento tampouco cobiça, as pessoas não tinham mais aquela natureza incoerente de desejar o que não lhes pertence, não haviam assaltos ou violência, as pessoas agora trabalham somente para manter o que lhes foi concedido, o essencial para sobreviver.
O mundo de fato havia mudado, não haviam mais governantes, pois cada nação enfim havia descoberto a definição correta de soberania... Para que representantes se cada um sabe exatamente o que deve ser feito, se cada ser na terra sabe o que é certo e o que é errado? Se não distorcermos os fatos, se não confundir liberdade e libertinagem, se não quisermos nada além daquilo que precisamos cada um seria feliz com aquilo que tem. Estávamos enfim livres de influencias e modas, de consumismos e ganancias, de vaidade e inveja, era como se tivéssemos da noite para o dia, nos libertado das amarras que nós mesmos nos colocamos há séculos. Só haviam a liberdade e a paz emanando não somente de nós mesmos, mas da terra que agradecida, devolvia um ar limpo, tons de cores vívidas em todas as plantas, água límpida e sol brilhante para completar uma visão que antes parecia impossível de existir senão nos sonhos de liberdade tão cantados peças nações. Eu vi os ricos derrubando o muro de suas casas, pois descobriram que jamais houve necessidade para ter tanto enquanto milhões padeciam sem nada... Havia igualdade, e a única menção de fartura era de agradecimento a DEUS por ter ceifado da terra todo mal.
               Eu li a vida toda sobre juízo final, arrebatamento... Mas nunca imaginei que seria assim, que existiria a terra como jamais conhecemos que haveria resposta das pessoas ao meu “bom dia!”, que não houvessem mais lágrimas, que fizéssemos o bem pelo simples fato, de ser o certo a ser feito. Da noite para o dia tudo o que nos tirava a paz simplesmente desapareceu! Os sádicos, os doentios estupradores, os assaltantes, os traficantes, a prostituição o estelionato, todos aqueles que se alimentavam de inveja, todos os que se achavam capacitados para julgar, todos os que se achavam autossuficientes, todos os críticos, todos os preconceituosos, todos simplesmente desapareceram...  
               Enfim, a paz tão sonhada e cantada aos quatro ventos por gerações inteiras havia chegado, estávamos todos extasiados do Espírito Santo e não mais almejávamos aquilo que não se faz necessário para que pudéssemos alcançar a plenitude da alma, o prazer de viver, a felicidade. E, então me perguntei: Precisou 70 % da população se dissolver em sua própria arrogância de não arrepender-se para o mundo se transformar? Não era mais fácil, mudarmos todos a nossa postura enquanto o planeta gira? Estamos tão afogados em consumismo, vaidade e futilidades que não enxergamos que a paz pode ser alcançada por cada um de nós, basta estender a mão, a mesma mão que fecha as janelas dos carros, dos edifícios... A mesma mão que paga impostos abusivos, a mesma mão que rouba, que mata, que agride... Então acordaremos todos, e veremos que não se trata de utopia, mas de inteligência, atitude e comprometimento. E que Deus nos ilumine, sempre!

sábado, 31 de agosto de 2013

Entre os dedos


                 Todos os valores de uma conquista são permanentemente anexados à nossa estima, nada, absolutamente nada, é tão gratificante quanto conseguir algo que desejamos muito, algo que sonhamos, almejamos há tempos. Existem conquistas que levamos a vida inteira perseguindo, esperando, e quando se consegue, a sensação é de que se o mundo acabasse ou se sua vida tivesse fim ali, naquele momento, tudo tinha enfim ganhado o sentido. Tudo teria valido a pena.
               Porém, é da natureza humana viver em constante oscilação de sentimentos inclusive gratidão, e a prova disso é a amnésia que assola grande parte das pessoas quando o tempo passa. E o valor de algumas conquistas se perde. Habitua-se tão convenientemente a sequer deixar de lustrar os troféus, os louros da vitória na estante, que, ainda que sem perceber, ignora a possibilidade real de perda. Tudo o que se conquista, tem que ser mantido, temos que, estar sempre regando a amizade, renovando amores. Pois ao contrário do que se imagina, eles não suportam a tudo... O desleixe, a arrogância de acreditar que neste caso, a conquista se dá só uma vez, faz com que a dor da perda, se um dia vier a ocorrer, seja pior do que a dor de não ter conquistado.
                 Este seria o paradoxo entre quem sonha em conquistar e quem conquista e perde? A sensação de jamais ter chegado lá, jamais ter o gosto doce e libertador de uma vitória é de fato, desmotivador, há de se ter um lado psicológico bem trabalhado para viver acreditando na vitória que insiste em jamais chegar. Dói, dói muito, ver quem você ama passar, namorar outra pessoa, e sequer imaginar que você está ali, cultivando o maior amor do mundo pra ela, só para ela, se um dia ela despertar, se um dia os olhos dela se abrirem... Dói esperar pacientemente a sua vez na vida, porque tudo, até a coisa mais simples dá errado para você, e até as pessoas que te cercam se indignam com tamanha ausência de vocação para vitórias que você tem... Dói. Mas creio eu, que a pessoa que conseguiu beijar a mulher que ama ficar com ela, amá-la, conseguir ser importante e marcante para a vida dela... A pessoa que conseguiu após anos de estudo, dedicação, um emprego qualificadíssimo, disputado, um emprego de sonho, que nem os seus pais imaginariam para você, um carro zero, logo você que nunca sequer teve carro algum... Mas que por comodismo, desatenção, desamor, ou pior, por vícios e farras intermináveis, perde tudo... Este deve sofrer demais!
                   Deve ser terrível lembrar-se dela, do gosto do beijo, da pele macia, do olhar de ternura... E saber que não são mais seus os pensamentos dela, que provavelmente jamais a terá novamente em seus braços... Ir para o trabalho de ônibus de novo, depois de desfilar de carro zero, e trabalhar quase sem descanso, com apenas uma hora de intervalo para “engolir” o almoço, em troca de um salário que de mínimo só tem o nome, pois é microscópico mediante os tantos descontos... Deve ter um gosto amargo a comida da marmitinha, quando se lembra dos restaurantes que frequentava... Eu não acredito em sorte ou em azar, não acredito em destino, ou em carma, acredito em DEUS. Mas geralmente tudo isso vem à mente numa hora dessas... Porém, nada pode ser alvo de culpa, nada pode ser responsabilizado por tanta mudança senão você.

                                                                  Valor, não tem apenas que ser dado... Tem que ser lembrado, e renovado todos os dias, tudo o que temos tem um valor inestimável, pode ser igual, melhor ou pior do que o dos outros, mas tem a natureza de ser especial, pois é seu, foi você quem conquistou! Jamais se esqueça de que por traz de cada conquista existe uma história, uma lição de vida, de superação que você mesmo vivenciou. Valores são relativos, gratidão e humildade precisam ser eternos. Cuide de quem você ama, lute pelo seu amor todos os dias, reconquiste, lustre o ego, faça feliz e não pense nem por um segundo que és insubstituível, que ela jamais irá te deixar que o amor perdure... Pois o amor nunca acaba de fato, nós é que acabamos com ele, com atitudes, com desdém e com arrogância. Pois para quem nunca teve nos lábios todos os tons de sorriso que a felicidade permite não sabe a dor eterna de um coração que teve de tudo e sentiu toda felicidade escorrer entre os dedos.

domingo, 18 de agosto de 2013

Boa Praça

Certamente todos já ouviram falar que, ao aproximar-se da morte, passa-se um filme na cabeça das pessoas, um filme sobre a vida dela... Pois é, esse filme passa na minha mente todos os dias antes de ir dormir, é como se eu espalhasse as fotos da minha vida inteira sobre a mesa, e em cada uma delas morasse uma história... Uma pessoa diferente, e, inevitavelmente ao passar esse filme, me pego a indagar a minha real missão na terra... Acho que todo mundo já se questionou sobre isso algum dia... Mas pessoas como eu, fazem isso sempre.  Eu me lembro de noventa por cento dos acontecimentos em minha vida após os dez anos de idade... Antes disso somente uns flashes...
      Passo lentamente cena a cena. Ainda lembro-me dos rostos, dos cheiros, das pessoas... Lembro-me de quem me fez mal, e me esforço em dobro para me lembrar do mal que fiz às pessoas, dos meus erros, dos meus pecados... Sofro com minhas culpas, e mais uma vez, o gosto salgado lacrimal me acorda do transe, era apenas a primeira desgarrada das demais que fugiram da represa, eu não me envergonho do que sinto, não me envergonho de ter errado tanto. Não seria mais fácil esquecer? Seria ! Mas foi o sal das minhas lágrimas que me fez forte, prefiro viver com meus erros, e ter em vida a oportunidade de pedir perdão e não mais cometê-los do que simplesmente fechar meus olhos, esquecer, e dormir...
       Minha real missão na terra? Eu já pensei muito sobre isso, eu sou o modelo errado para o mundo moderno, sou o cara que ainda olha nos olhos antes de olhar para a bunda, sou aquele que enxerga a bondade encrustada nos rejuntes dessa sociedade acelerada, desatenta, cruel. Sou quem sofre por amor em tempos de guerra, sou o oposto do que diz meu rótulo e isso é tão difícil enxergar para a maioria das pessoas... Eu me sinto muitas vezes, como o fogo... Milhares de pessoas se aproximam de mim, com suas tochas apagadas e eu as acendo, elas se vão, iluminando o caminho por onde passam... Mas eu, não consigo me iluminar. E fico ali, só.
       Pessoas como eu, santificam as vitórias, pois sabemos que elas são raras, nosso sorriso não perdura muito tempo. Nossas vidas oscilam demais, temos momentos de animosidade, que por carência aplicamos o rótulo: felicidade! E muito, mais muito rápido sentimos o gosto amargo da derrota, e esse sim, custa a desaparecer dos lábios. Há dias que me sinto como um prisioneiro, um hamster na gaiola, e outros dias, me sinto como um pássaro que voa livre sobre o oceano... Pessoas como eu, passam a vida inteira esperando por um momento, um único lance, uma bola, para valer a passagem, para valer o ingresso... E quando essa chance chega, e conseguimos enxerga-la nesse panorama cinza de hoje em dia, emanamos tanta luz, que novamente, outras vidas se iluminam... E se vão. Nessa trajetória, vejo árvores sendo derrubadas e decepções nascendo dia a dia, vejo torres inteiras ruírem como os sonhos de quem se sente um eterno adolescente a todo minuto, vejo pessoas indiferentes, sentimentos se perdendo... Identidades corrompidas, e  vejo cada vez menos pessoas, e cada vez mais estatísticas, números...
       Curiosamente, dos anos que não me recordo, existe uma imagem, uma fotografia... Sou eu aos quatro anos de idade, em uma praça... Inocentemente espantando os pombos. É uma das minhas imagens favoritas, e justamente do período que não me lembro.  Já ali, a criança que não saia muito de casa, enchia a alma de animosidade, e já sem saber quem seria. Até hoje eu não sei, se sou o fogo ou se sou a tocha... Se eu sou o hamster na gaiola ou o pássaro que sobrevoa o oceano, e minha mão segue à espera de liberdade, de uma mão que me leve pelo caminho, me leve para sobrevoar o mar, que acenda minha luz para jamais se apagar... Gente como eu, não sabe ignorar os sinais, não esquece quem ama, não vira às costas pra nada, acredita nas pessoas, gente como eu... Sonha, sofre, sangra e espera pacientemente, um lance, uma bola, um milagre... Afinal, quem sou eu na foto? O menino... Ou o pombo?!


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Humilde Súplica

“Senhor, hoje trago meu coração a ti, não para pedir-lhe a manutenção de minha saúde, ou aquela graça que há tantos dias venho insistentemente suplicando, tampouco venho rogar pelos meus familiares, amigos, pessoas que amo, que me amam.
Hoje venho dedicar essa humilde súplica aos meus inimigos, se é que os tenho... Se é que eles existem, se exalei tanta felicidade para conquista-los...
Peço meu pai, para que lhes mostre o quanto à vida é imensa e intensa demais, que existe beleza nas coisas que criastes...
Ensina-lhes Ó Deus, que é possível encontrar felicidade em outros rios que não sejam minhas lágrimas e ilumina-os em sua jornada pela paz interior, em busca pelo amor próprio, guia-os para que seus sorrisos se tornem combustível para aceitar todos os percalços da vida, faças com que sua felicidade independa da felicidade dos outros seres na terra.

Afastai-vos Oh Pai do veneno que o ódio representa, da nuvem negra da inveja, do mal querer e de também angariar inimigos, concedei-vos oh Deus a sua paz! Amém!”

domingo, 28 de julho de 2013

CHAMA

Existem várias perguntas que ainda não foram feitas, outras milhares feitas que não tenha uma resposta convincente... A pergunta que tem me tirado o sossego é: Existe limite para o AMOR? Existe um fim... Um prazo de validade? Na expectativa de encontrar a resposta escrevo de forma apelativa aos que eu possa alcançar: 
      “Ah sim, me deixei levar”... Deixei-me levar mais uma vez como outras centenas...Ou duas ou três pela magia de um olhar sincero, pelo brilho de um sorriso verdadeiro, embalei mil sonhos com a tua face como meu travesseiro, me cobri com teu corpo quando senti frio, e foi na tua mão que eu segurei quando tive medo... Medo de reconhecer o que sentia, medo de dar o último passo, aquele que me levaria eternamente para o teu lado... Que me faria parte de você como você faz parte de mim. É em você que encontro paz, meu sorriso atende pelo teu nome... Eu seria um tolo se negasse, ou um tolo ainda maior de afirmar, que não soube como tudo isso chegou a mim, quando, como, onde ou porque, por favor, jamais me pergunte, não sei! Como tudo deve ser na vida, foi o natural que fez com que tudo se desencantasse... Quando dei por mim era tarde, estava completamente afundado na tua essência, num transe profundo onde categoricamente nada fazia sentido se não fosse ao teu lado.
       A primeira atitude sintomática foi à ternura, o bem querer... Independente do possuir ou não, veio o querer bem, forte, intenso... Foi algo próximo da pureza, foi o querer cuidar de ti que me deixou mais nobre, mais humano. E lhe estendi minhas mãos pela primeira vez...Desesperado pela sensação de vulnerabilidade que meu coração me impôs, eu tentei, de tudo para virar às costas ao que sentia, mas tudo parecia ganhar ainda mais força com minha negativa mentirosa em te querer. Fui então soterrado pelos problemas que a vida impõe, mas foi o amor que senti por ti que me alimentava como a água da chuva alimenta um soterrado em meio aos escombros, e sobrevivi, me vi mais forte com você ali do meu lado, ainda que por um olhar, por um sorriso... 
       Construímos cuidadosamente o universo paralelo que se acende quando nossos olhares se cruzam, este mundo, essas pessoas... Desaparecem, e vivemos um pelo outro e só, o amor basta. Porém... Não havia espaço entre o céu e a terra para este amor se expandir, e tudo ou todos jamais deixariam tudo isso existir, era incompreensível demais, intenso demais para ser concebido. Amar é entender cada palavra que o coração grita, sem que a boca dê uma só palavra, é sentir, mesmo sem saber explicar, que existe algo tão forte do outro lado da corda que mesmo que não seja dito jamais, se faz presente na atmosfera. É entender todas as razões para a fuga, não do sentimento, mas do peso que esse sentimento traria. 
       Jamais saberei se é justo ou não deixar o amor escorrer pelos dedos... Se for o correto despedir-se daquilo que pode ter sido seu último suspiro de amor. Então, cuidadosamente, retiro minha armadura, desembainho minha espada, e me sento na escada da minha morada para olhar mais uma vez para o céu. Eu me sinto cansado, mas jamais esquecerei tudo o que vivi da esperança, da animosidade que me trouxeste me fazendo amar novamente... Então decido não mais utilizar meu coração, aposento-o neste instante, este será seu para sempre, é nele que jaz nossos melhores dias, nossos encontros, os milhares de beijos que demos sem nos tocar, todas as viagens que fizemos juntos ao nosso mundo, ou a qualquer mundo que pudéssemos estar juntos. A força que esse amor me deu foi tamanha, que mudou minha história, mudou meus costumes, mudou meus passos...
        Não me despeço desse amor, somente achei que fosse mais do que justo, eterniza-lo como sendo o meu último amor. A partir deste sol, não mais usarei meu coração para minhas decisões, já não quero mais sequer conhecer ou viver nenhuma história, e queria do fundo do meu peito que suas histórias possam te trazer sorrisos, felicidade, mas que jamais se sobreponham à nossa, pois creio que seja, senão a última, uma das últimas de um sentimento verdadeiro, que surgiu naturalmente e ganhou uma proporção tão única quanto à intensidade. O que é seu em meu peito perdurará, pois jamais ninguém sequer chegará perto do que você construiu em meu coração. O amor não se acaba, adormece numa câmara gaseificada à espera da faísca, e se um dia, no tempo ou no espaço apenas uma fagulha surgir... Estarei ali, onde sempre estive: esperando...”.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Praia das Conchas

     
      Se há algo que se sabe desde quando se nasce, é que existe um caminho. Não sabemos o quanto percorremos dele, ou quanto ainda temos a percorrer... Não sabemos se ele nos leva à felicidade, ou se leva à tristeza... Mas sabemos que ele está lá.
      Sempre me senti pouco à vontade com a expressão “Pedras no caminho”, como podemos ter um caminho sem pedras? Afinal se o caminho fosse simples, retilíneo, uniforme, sem imprevistos... Tudo seria perigosamente perfeito. Porém não são as adversidades que nos ensinam? Eu pessoalmente errei, errei em todo o meu caminho! Eu errei em todos os campos dessa vida, pelo menos uma vez... Errei como filho, errei como amigo, errei como profissional, errei como colega de escola, como colega de trabalho, errei como vizinho, errei como pai, errei como marido... Errei, sem medo... E de todos os erros que cometi, setenta por cento deles foi tentando acertar. Não é esse o sentido da vida? Tentar acertar? A tentativa desesperada a todo custo de ser feliz? Não julgo ninguém... Pois no fundo todos queremos ser felizes... Cada passo que damos ou que daremos, é na direção (ou imagina-se ser na direção...) da felicidade. Mas isso não ameniza nada, pois erros, são erros.
      É impossível falar de estradas, de caminhos sem mencionar a luz... Ela está sempre lá, ora ofuscante, ora no fim do túnel, vez ou outra desaparece... E ressurge quando a penumbra parece dominar, parece definitiva.  A luz... O caminho, fomos tomados pelo nosso desejo arquitetônico de construir nossos castelos de areia, na esperança verdadeira de que esse jamais ruirá... Mas é nas coisas mais simples que encontramos as labaredas de felicidade que desejamos para aquecer nossa alma.
Pessoalmente prefiro meu caminho pedregoso, pois eu me fiz guerreiro aprendendo a respeitar a natureza, e se as pedras ali estão, são para que encontremos uma maneira mais conclusiva de seguir a viagem, não explodo as minhas pedras, não construo castelos com elas, eu apenas sigo meu caminho, eu simplesmente caminho sobre elas... Afinal, algumas das mais belas praias tem suas pedras, seus recifes, e a areia coberta por conchas, as conchas inteiras ou não, ferem os pés dos desavisados... Porém aquele que respeita o caminho onde passa jamais se deixa vencer por qualquer obstáculo, seja ele natural ou não.

       Existem um milhão de trilhas e bifurcações no nosso caminho, mas é na sapiência, na fé, no equilíbrio e na coragem que encontramos a luz, e mesmo que percamos vez ou outra a sua luminosidade, basta acreditar que todo ser humano é dotado da capacidade de errar na mesma proporção de se arrepender, e assim, mesmo que tomemos rumos diferentes reencontramos a luz, e uma vez sob ela, o caminho... Com pedras ou não, já não será tão árduo. E então se vê , com os pés feridos pelas conchas...Que naquela praia, mais um nascer do sol lembrará que ganhamos mais uma chance de seguir em nosso caminho.

domingo, 5 de maio de 2013

A porta entre aberta



Todas as noites, antes de irmos para a cama, é de costume verificar a casa, se todas as janelas estão lacradas e a porta da casa bem trancada. Qualquer fresta de janela aberta ou qualquer esquecimento de uma porta entreaberta pode custar caro... E não falo somente do vento cortante da noite que invade o quarto, sopra forte quase intimidativo sacudindo a cortina... Muito embora contrarie a lógica, além da possibilidade de alguém entrar, existe também a possibilidade de alguém sair.
Assim também funciona o amor. O amor, como diria Alexandre Carlo, é de vidro. Ao cair se quebra em pedaços tão desiguais que jamais se cola. O amor se arranha de uma maneira tão profunda que nenhum tipo de polimento repara. E por falar em polimento, o amor não é ferramenta de polir o ego! Não é o diamante do anel, o pingente do cordão... O amor não pode se resumir à ostentação, é genuíno e único demais para ser exposto numa sala de troféus ou posto em uma redoma de vidro.  Muitas pessoas gostam de exibir o amor de outras por si somente para alimentar a vaidade, outras seguras demais de seus atos... Julgam tudo eterno e irretocável. Omitem-se... Se acomodam...
Perdoem-me o modismo, mas tenho que soltar essa: “Só que não!” O amor não é bibelô, tampouco um sorriso no porta retratos, é mais... É orgânico, é crescente e, muito embora, realmente tenha raízes, precisa ser cuidado, ser regado! Por isso, muita gente perde seus amores, por não cuidar, o amor e a devoção são distintos! O pior erro que pode se cometer é confundir os dois, se acreditar por apenas um segundo que a pessoa que ama você, lhe deve devoção... Essa pretensão sairá  pela culatra!
Anos de amor que se dá em uma proporção desigual, dilapida... Corrói qualquer sentimento, até restar somente... Gratidão, amizade. Não podemos nos julgar acima das ameaças ao nosso amor, confiar em si é bom, porém inovar e investir no amor entre os dois é a chave que tranca essa porta, pois basta uma fresta... Basta à porta estar entreaberta para se ver outros horizontes, e só quem detém uma carência afetiva monstruosa sabe o quanto é libertador ver essa luz de novo... Renasce! Liberta! Reluz!
A relação do amor e confiança é uma linha tênue entre o ego e o sincero. O ego te diz sempre que estás sempre em primeiro lugar no coração do outro, por isso não importa quantos olhares se lancem sobre seu amor, o amor dele por você prevalecerá, não importa quantos desejos o tentem, ignora completamente a possibilidade de algum dia entre por esta fresta um novo amor, outra luz, outras cores. Nada ameaçará a devoção! Já a sinceridade te aponta os erros seus te lança desafios, te faz inovar... Querer manter o amor, pelo amor e não só pela corda puída que esta suposta devoção o segura. É ler o que o outro deseja, e mesmo que não seja a tua preferencia, conceda! Relacionamentos SÉRIOS são construídos sobre a concessão talvez doar-se seja mais trabalhoso do que confiar no próprio “taco”... Mas é necessário!
Daí o que era para ser tranquilo vira uma aposta. Todos os dias você aposta seu amor com a vida acreditando piamente que nada lhe tomará o seu artefato de luxo, seu mimo, seu prêmio! Ignora completamente que o amor evolui, mas também retrocede, e que para os olhos que ficaram vendados por muito tempo, uma nova luz pode libertar não somente o coração, mas a alma! Prendemo-nos em frases máximas que ninguém assume a autoria como: “Quem ama confia”... “Quem ama não trai”... Mas isso não é a lei da vida! É hipocrisia acharmos que essa é a lei que impera no mundo. Quem ama, ama de verdade, faz algo pelo seu amor, cuida dele, lança sobre ele, ainda que timidamente algum tipo de resposta, corresponde...
Somos frágeis desde sempre, e como tal, carentes de esperança... Quando não correspondidos, muitos não aguentam... Caem em pedaços, já outros, os mais fortes, expandem a visão  e é neste momento que tudo pode mudar, os rumos, os horizontes, os amores. Regue seu amor para que continue feliz ao seu lado, ou creia que sendo você a pessoa mais amada por ele jamais a vida o arrancará de você... E ao invés de colher cumplicidade, sorriso, afeto, colherá a culpa de não ter enxergado que a porta estava entreaberta, o suficiente para um feixe de luz entrar... Daí entra em cena uma das tristes leis da vida : Só nos damos conta do valor do que perdemos quando nos desfazemos fácil ou tolamente dele.

domingo, 28 de abril de 2013

A fábrica de decepções


Sentimentalmente falando, depois da humilhação e da rejeição, seja amorosa ou preconceituosa, a decepção é a que causa mais estragos ao coração e a alma do ser humano. Eu tenho sérios motivos para crer que todos nós algum dia já sofremos uma decepção, ou maiores daquelas que abrem um buraco no coração e nos incapacita de confiar em qualquer que seja, ou aquela mais tola como não guardar um simples segredo confiado a alguém.
É difícil policiar-se sobre decepção, pois quem é verdadeiro claro e sincero, pode, ainda que não seja intencional magoar alguém, decepcionar... Implodir a imagem boa que essa pessoa tem de ti. Bastam palavras, gestos e tudo se esvaem como areia entre os dedos. Mas quem seria o culpado pela decepção? O ser que decepciona? Ou quem é decepcionado? Quem decepciona é sempre o culpado em nível de conhecimento social, porém a trama é mais complexa. Esquecemos-nos  sempre de dimensionar as coisas. Quando conhecemos alguém, e o encanto se torna real, nos tirando a lucidez, saímos do chão e da lógica, esperamos sempre os melhores gestos, as melhores decisões daquela pessoa tão “fabulosa” que acabamos de conhecer, afinal, beberam em suas palavras...
Somos nós quem depositamos uma confiança desmedida, nutrimos uma expectativa surreal sobre a pessoa que nem sequer desconfia, e quando assaltados pela flagrante simplicidade do ser, disparamos contra o nosso próprio coração palavras firmes de desencanto como: “É só isso?” “Esperava mais de você...” Fantasiamos tanto com a perfeição que queremos em alguém que desabamos ao não encontra-la mais uma vez, vestimos a pessoa com tudo o que sempre sonhamos de bom, honestidade, retidão, alinhamento de intelecto, paridade sentimental, lealdade e fidelidade. Porém, nos esquecemos de um mero detalhe... O perfeito inexiste! O perfeito é o que nos completa e ponto.
A imperfeição é a ruga na testa da vida, está sempre ali, com todos nós. Todos somos imperfeitos de alguma forma ou não seria imperfeição achar-se perfeito? Soberba! Somos imperfeitos, todos nós. Não há dono da verdade e soberano em comportamento, somos mortais e imperfeitos. Santos não caminham nessa terra, somente homens e mulheres que como tais são oriundos do pecado.
Se um dia eu pudesse fazer apenas uma pergunta ao criador sobre a essência da humanidade, seria: “Senhor, porque temos esse dom da decepção?” – Porque quem ama sofre tanto? Em qualquer balança, colocamos um peso dobrado em relação ao peso que a pessoa amada. Esperamos sempre um amor em igual proporção... Sempre uma via de mão dupla. Será que somos individuais até na forma de amar, de demonstrar ou não isso? Aí é que mora a dúvida. Somos nós que esperamos demais das pessoas? Ou as pessoas que não estão nem aí para o que sentimos?
Independente do que seja uma coisa é certa, somos decepcionantes e decepcionados na mesma proporção até o dia que percebemos que é exatamente o imperfeito do outro que nos fascina, nos encanta... Seja provocante, seja libertador ou até mesmo para tentar uma vã correção dessa imperfeição. O que é de fato inegável é que desconhecemos o amor divino, aquele incondicional... Esperamos sim, sempre algo em troca, ou de volta e assim, a velha fábrica de decepções continua a expelir sua fumaça... E os corações seguem sofrendo, pois o vazio de um adeus é pequeno frente ao buraco que uma decepção faz em nosso peito, em nossa alma.


domingo, 21 de abril de 2013

Tempestade de areia


Sempre fui apaixonado pelo verão, suas cores, seus sabores e seu calor... Porém a chuva tem seu encanto, o doce romantismo... Quem não se remete à cama junto com seu amor numa manhã chuvosa, assistindo TV ou descobrindo o corpo do outro vagarosamente, alimentando-se de prazer e preguiça o dia inteiro? Mas para um amante do sol, a chuva sempre será o inverso. Sempre eu a via como um alento, um breve sopro de alívio para corpo queimado, para a mente escaldante de tantos problemas, tantas tribulações. E cada gota vinda do céu parecem milhares de mãos acariciando nossa cabeça, nos deixando mais leves, e sem que déssemos conta voltamos à infância, nos rendemos e nos deixamos molhar, e é tão libertador quanto inocente... A chuva vem para lavar a alma, tirar as impurezas... Lustrar o espírito, renovar as forças, e literalmente... Despertar vida. Há quem ainda se deixe amar debaixo dela, sortudos casais que se permitem os beijos mais quentes debaixo de uma chuva torrencial. As coisas vêm na nossa vida como a chuva, ora dão sinais prévios de que tudo irá se dissolver com ela, ora se traveste de garoa para nos deixar abaixar a guarda, dispensar o guarda-chuva. Mas a tempestade vem... E quase sempre é tão surpreendente quanto sedutora. Porque não nos deixar levar pela água? Porque não dançarmos e sorrir girando feito pião lapidando nossa esperança de que o tempo pare... Que tudo mude? E na mesma velocidade que vem se vai... E ainda se dá o luxo de nos deixar ainda em transe, com um cenário de sonhos... Porém, existem marcas tão profundas... Sentimentos tão entranhados que não são garoa, não é chuva e são tão avassaladores quanto à tempestade. É difícil saber quando chegam e impossível prever quando se vão... Muitos perduram por anos, outros jamais nos deixam. Ao nascer da tarde, eis que o azul do céu dá lugar a uma bela nuvem de cor diferenciada, encorpada... Tão bela quanto perigosa, tão encantadora quanto letal. A tempestade de areia chega, cobre as pegadas do caminho, tira-nos do chão... Nos cega e nos deixa em outro lugar, sem rumo, sem saber de onde veio, ou pra onde vai. E quando ela se dissipa, fica apenas a poeira... As lembranças do que você era antes, a verdade do que você se tornou. Ela soterra todas as dores de outrora, te dá uma nova direção... Obriga-te a fechar os olhos, e assim olhar pra dentro de si mesmo, conhecer-te... E por um breve tempo, O gosto insosso de derrota some dos lábios, e tudo o que se quer é começar de novo... Uma chance nova para não cometer os mesmos erros, ou uma oportunidade de cometer os erros que te levem à felicidade! Apaixonar-se é, abrir os olhos para a garoa... Girar na chuva ... Beijar na tempestade, mas AMAR é mais... É mudar toda a sua história, é sacudir a vida inteira, é perder a bússola, é se reinventar em prol de uma única pessoa, afunilar a visão em uma única chance de ser feliz. Amar é a tempestade de areia... Soterrar a dor, o passado, e finalmente... Tirar a areia dos olhos, e ver somente a pessoa amada e o caminho. É desobstruir o caminho para ser feliz!

domingo, 24 de março de 2013

Entre o cactos e o machado




Durante milênios o domínio do homem foi dado como inquestionável e irrevogável. Éramos os supremos senhores de tudo, patriarcas, generais, conquistadores, de modo geral dominadores. Essa falsa sensação de controle e poder uma hora acabariam nos pirando. E de fato, essa máscara caiu, se algum dia houve esse controle, se dissolveu em nossa própria arrogância, intolerância e a vil capacidade de subestimar a mulher. Se muitos ainda dormem e acordam com a sensação moral de estar no século XIX, onde a mulher era extremamente submissa e o homem podia tudo... Ainda exigia dela o que quisesse, e na hora que quisesse... Há outros que veem com olhos visionários essa era “sob nova direção”. As mulheres não são mais inteligentes, e sim mais perspicazes , elas viram a oportunidade na frente delas e seguraram, seguraram tão firme que não soltaram mais. Infelizmente pra elas, todo esse domínio terá um preço, talvez caro demais, porém não vejo nelas ausência de fibra para administrá-lo.
Temos que enfim entender, que o que as mulheres procuram é somente serem ouvidas, notadas, em cada centímetro, se possível até a alma! Não, não falo de entendê-las, pois nem elas mesmas conseguem. Falo de se moldar a elas de uma forma tão intensa que a sintonia se torna natural, e isso é ouro hoje em dia. Infelizmente, aquela comunicação visual, aquela capacidade de seduzir sem disparar sequer uma palavra anda sumida dos nossos métodos e acabamos criando verdadeiros monstros. Hoje, nossa incapacidade de agradá-las ou conquista-las é tamanha, que muitas confundem tomar iniciativa com persuasão, e cada vez mais se parecem com a forma machista existente em cada um de nós - resolvendo tudo na base da força, como um machado que corta sem pestanejar tudo o que é harmônico, tudo o que simboliza paz, todo o processo natural das coisas. Nada se compara ao tempo das coisas acontecendo, tudo naturalmente, sem pressa, sem respirações ofegantes ou declarações falsas de amor eterno. Se fossemos todos mais maduros, observaríamos o valor de esperar por algo que se eternizará ao invés de mentirmos infantilmente para conseguirmos o que queremos, e pasmem! Quando conseguimos, alguns de nós nem saboreiam bem, ou não conseguem saborear essa conquista.
Ser visionário, gentil e perspicaz não deixa ninguém menos másculo, ou menos interessante. De nada adianta a academia sem livros de conteúdo. De nada adianta o corpo talhado cuidadosamente sem saber usá-lo. Aceitar que tudo mudou já é um começo. Fico olhando... A limitação de argumento é tão latente! As escolhas ainda são do século passado, como o futebol, o carro, a cerveja... Tudo em primeiro lugar, e a mulher em “stand by”... Tudo errado! Isso tem que ser secundário complementar e não vital. Falamos de sexo com a propriedade de macho-alfa, de dominadores, porém o que mais vejo são mulheres se queixando de insatisfação. Concentrem-se! Olhem à sua volta, veja além do que os olhos mostram... Sentimentalidades não arrancarão de nós a capacidade viril de conquista. Os homens que amam, e não se omitem, são perseguidos, rotulados pelos próprios homens como fracos e desmerecidos, são jogados ao esquecimento pelos homens  e por algumas mulheres que hoje se tornaram mais leoas do que mulheres. Esses não suportam ouvir a frase – “Todo homem é igual”, pois não é, aliás, ninguém é igual a ninguém!
A deslealdade das “amizades” está tornando esse mundo feminino impossível de conviver, daí tem nascido amizades verdadeiras entre homens e mulheres, aqueles que sabem ouvir e falar o que precisam ouvir esses não perdem a cadeira cativa no coração delas. São eles que merecem o status de homem.  Aquele que cresce mais no intelecto e na alma do que nos músculos tende a decifrar segredos que aos outros parecem enigmas seculares, como fazer uma mulher feliz, como dá-las o prazer, não só sexual, mas o prazer de estar com você. Fazê-la sorrir somente ao te ver. E isso não tem preço. Enquanto os meninos olham para as bundas, os homens olham nos olhos, a janela da alma, e se souberem entrar por essa janela... É de fato, um passo enorme para alojar-se no coração delas eternamente. A vaidade que temos adquirido com elas tem deixado claro que somos frutos do meio em que vivemos, a mulher é o ser dominante, ainda que não tão imposto como fomos no passado, mas tudo tem girado em torno delas. O relevante é que não basta ser sarado, hiperparanóico esteticamente falando, cabelinho espetado, cheio de gel, carpa no braço e carro importado. Mulheres, as de verdade... Aquelas que compensam mais do que uma noite, aquelas que merecem a nossa vida toda, essas querem e merecem mais. E sabemos ser mais! Afinal, não seria o cactos, a planta mais hostil que nasce nos lugares mais inóspitos que vem a única água no deserto? Aquela que espeta, sabe acalentar a sede.  Pois entre a voracidade do machado e a capacidade do cactos de ser o essencial na hora certa, o que sobrevive... Não é o que consome, e sim o que marca... Para sempre! 

domingo, 17 de março de 2013

A noite que não queria acabar

“Tomado pelo gosto amargo da derrota, fiquei inclinado a me sentir o pior dos seres. Minha incapacidade de enxergar qualquer explicação lógica do que tinha ocorrido era visível. Existem dias em que era melhor nem ter levantado da cama – disse. Cheguei à casa de cabeça quente ainda e, quando assim estou, para não compartilhar minha dor com ninguém, me isolo. A imagem do meu corpo sendo tomado pela água quente refletida no Box, ali não havia como distinguir as minhas lágrimas... Procuro me desconectar, desligo o celular e do computador quero distancia, desligo a tv, e vou deitar afinal o travesseiro é o melhor psicólogo como dizem. Eu me deito, mas o sono não chega, parece mais distante na medida em que as lembranças do que vivi hoje vem e vão como numa roda gigante. Então procuro acalentar a alma em orações, mas não consigo completar nenhuma, sempre me interrompo aos prantos, não querendo acreditar... E nessa luta entre ceder a minha fé e continuar me lamentando adormeço. De repente sinto uma mão em meu ombro direito, e me viro para ver quem era, e vi um homem sorridente que me estendeu a mão, e me guiou por um caminho de névoas. Sentia meu corpo doendo, minhas pálpebras pesando... Deve ser a noite de sono que perdi – imaginei. E então ele me apresentou a um senhor, rosto cansado... Aparência bondosa, olhar sincero e puro. E sem dizer uma só palavra, me deu a mão... Aproximou a mão dele do meu peito e espalmou-o do lado esquerdo sorrindo, como se aprovasse algo. E então se sentou num banco de mármore frio, e sinalizou para que eu sentasse ao seu lado, e enfim falou – Deita meu filho, hoje eu vejo o teu cansaço, hoje eu amenizo a tua ira, não te desgaste com as injustiças ou as derrotas da vida, pois se perdes hoje é porque te quero mais forte amanhã! Dorme criança! Enterre todos os teus maus sentimentos em algum lugar tão fundo que nem você mesmo se lembre de onde enterrou! Descansa sobre meu ombro tua cabeça e toda a tua dor se despedirá de ti! Ali notei que estava diante do pai, que me confortara que me aparava em seus braços, que enxugava minhas lágrimas... E senti o peso que havia em Minh ‘alma se esvair, e novamente meus olhos se fecharam e passei a enxergar somente coisas boas, me vi vestido de branco, andando pela orla, descalço, sem pressa, sentindo o mar entre os meus pés... Sorriso calmo no rosto, e o sol caprichosamente deitava-se junto ao mar como amantes que há muito não se viam. Quando abri novamente os olhos, o sol havia nascido, era manhã novamente... E a dor da noite anterior havia ficado na noite anterior, minha vida se renovou. A esperança havia renascido assim como o sol, e notei que cada sol que nasce é sinônimo de um recomeço, uma chance nova, seja de escrever uma nova história ou de reescrever a mesma história, porém de maneira diferente. O que eu desejei ontem, ainda desejo hoje, somente mudará minha maneira de lutar por isso! E a noite que eu pensava que jamais terminaria o arrependimento de ter levantado da cama, se tornou aprendizado e agradecimento por estar vivo e ver o sol nascer novamente! Feliz por poder tentar novamente... Por ter finalmente PAZ!”

sábado, 2 de março de 2013

Infinita Sabedoria

Por séculos tentamos inutilmente decifrar, antecipar ou prever o que será de nossas vidas, cartas se vão... Tarôs quicam sobre a mesa, mas nada, nada de concreto ou convincente nos satisfaz. Quem nunca se afundou em lamúria, ensandecido, inconformado por nada dar certo... Se perguntando repetidamente o porquê das coisas acontecerem daquela maneira – ou deixarem de acontecer... Há um padrão em tudo o que acontece. O que pra nós se chama destino, alguns creem em punição, outros preferem chamar de sorte ou de azar... Pode ser classificado como o roteiro que Deus escreve para cada um de nós. Tudo tem um porque de acontecer, ou deixar de acontecer tudo está no plano, o plano de Deus. Claro que jamais entenderíamos os planos de Deus, e é essa a intensão mesmo! Se fosse para a humanidade conhecer com detalhes a sapiência divina, não seríamos nós humanos e sim seres evoluídos em divindade. Tudo o que hoje parece não fazer sentido algum, fará daqui a algum tempo, quando a ansiedade e a revolta por não ter acontecido da forma que desejamos, ou no tempo que desejamos. A caligrafia do pai segue perfeita ainda que não haja pautas... Engana-se quem crê ser o dono da verdade por julgar todos errados, ou apontar o dedo para A, B ou C... Quem disserta sobre a palavra, mas ao sair da Igreja toma pra si uma vida totalmente oposta. Engana-se quem crê que podemos omitir a verdade daquele que nos enxerga de dentro pra fora, pois quem conhece melhor o teu coração senão aquele que o fez? Todos os nossos erros, todos os nossos fracassos tem sim um valor, um motivo. Não se iluda achando que tudo poderia ser diferente, porque se tudo fosse diferente, o que deu certo em tua vida não teria dado cada um tem um caminho perfeito a seguir, uma estrada de tijolos amarelos que Deus construiu, mas nós deturpamos a dádiva do livre arbítrio e criamos atalhos, desviamos o olhar, nos deixamos levar. A infinita sabedoria do pai se reflete em cada amanhecer, pois enquanto há uma terra, enquanto nasce o sol, e enquanto houver oxigênio o dia nasce e com ele a esperança, a segunda chance, o arrependimento, o perdão, o sorriso, a calmaria, a paz. Temos tudo o que é preciso para dar certo, afinal nossa história foi redigida pelo melhor roteirista do universo, cabem somente às intervenções corretas ou errôneas nessa história. Mantenhamos a fé mais viva do que a vontade de se superior, pois a fé ressuscita e a vontade de ser superior oxida a alma.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A força da luz indelével

Ainda que todos os sons se cessem, que julguemos ter percorrido todo o caminho ou que acreditemos ter esgotadas todas as possibilidades, examinado todas as opções eis que o brilho dessa luz surge iluminando as pedras onde caminhamos cuidadosamente rente ao oceano. A Esperança é sem dúvida a mãe de todas as sentimentalidades que rondam o nosso universo psico-emotivo. Todos os recursos, que atônitos e incrédulos vemos escoar entre os dedos encharcando nosso espírito de desespero, pois desatar o nó que nós damos em nossas vidas, ora por necessidades, ora por ausência do elemento emoção, não é tão simples. Escravos que somos do “se" e do "Porém" escolhidos para camuflar nossa omissão, nossa falta de coragem de dar mais um passo, por medo de nos autodestruir, ou por acreditarmos estar nos poupando... A esperança surge como um raio de sol que mostra a saída, quando estávamos soterrados em nosso colapso e em nosso pessimismo. Esperança é tudo que os olhos classificam como improvável, é a beleza oculta da realização do que antes se tratava como impossível. É quebra de leis da física, paradigma, conceitos, é o combustível que faz com que a máquina de fé existente em cada coração desemperre. É flor de cactos, é o galho de árvore centenária no penhasco, é o pedaço de céu azul dentre as nuvens negras, é a mão de Deus estendida... Em um claro gestual de acolhida, de ajuda, de força. Cada chaga em nosso corpo ou em nossa alma é imprescindível para que sempre nos lembremos de onde erramos de qual passo demos errado, demora a passar, mas as chagas se fecham e o que fica é o aprendizado e o agradecimento. Quando o gosto de terra, ou de sangue invadirem nossos lábios, é importante acreditar que ainda não é o fim, não estaremos derrotados se assim não nos sentirmos. Deixe a infelicidade de subestimar-se para o seu inimigo, creia, pois o sol nasce todos os dias e com ele a esperança se renova. A luz indelével, a luz inapagável é a Esperança... O dia termina a semana, o mês, o ano... Mas sempre há um recomeço, sempre há uma luz, ainda que longínqua e que nossos olhos cansados não possam enxergar. Sempre há algo em que podemos nos escorar, e crer... A vida recomeça, e mesmo que aparentemente seus sonhos se percam que seu amor se vá, nada se perde para sempre sem que Deus permita. Tudo o que é dado como morto pode ressuscitar coma força necessária para tornar-se indestrutível. O Amor, a paixão, a igualdade, a amizade, os sonhos, as conquistas, tudo o que é bom e verdadeiro é de certa maneira imortal, pois enquanto há vida, enquanto houver um amanhecer e um crepúsculo, há esperança - o agente de ressurreição de todo o bem.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Reféns

Meu pai tentou muitas vezes me ensinar à fórmula da fortaleza, como ser forte, ser firme e tomar as decisões acertadas, antes que a vida me ensinasse de forma mais árdua. Mas o tempo passou e quem era filho se tornou pai, e todos os ensinamentos se fizeram necessários na medida em que a vida se desenrolou, e cobrou de mim certeza em minhas decisões. Segundo ele, o método mais infalível de ser forte, era separar os dois hemisférios, os dois polos... A razão e o coração. Infelizmente pra mim não foi tão simples, e... Eu não sou um homem forte. O coração é como diz o ditado, em se tratando do coração dos outros... Terra de que ninguém pisa. Mas muitas vezes, o nosso próprio coração nos é desconhecido... Não conhecemos suas fraquezas, suas dimensões, sua capacidade de perdoar, de amar... Não o conhecemos. Muitas vezes o ignoramos tentando viver somente pela tal razão, e é aí que nos surpreendemos, ele que julgávamos petrificado, congelado, carta fora do baralho... Ressurge das cinzas, chega falando alto, querendo mandar, como passageiro que sobe no ônibus e já quer se sentar na janela. Relutamos, tentamos não ouvi-lo, mas por não o conheces, subestimamos a sua força, e ele enfim domina as ações, e novamente, estamos agindo por ele... E a razão? É como dizem... Pra que razão quando se ama? Quando se apaixona? Quando nos alegramos? Quando nos completamos de uma forma ou de outra? A razão some, desaparece! É reencontrada dias, semanas, meses, anos depois vagando como um náufrago, desmemoriada, falando coisas sem sentido, sem sequer saber o que a atingiu. E assim... Quando menos se espera, não usamos mais a razão, o coração fica enorme e fazemos coisas que as pessoas chamam de loucura, mas pra nós, é somente mais um passo, mais um ato, mais um sorriso. Viremos reféns de sentimentalidades, achamos bonito o que geralmente não é aos olhos dos outros, somos mais piedosos, menos cuidadosos, mais educados, menos paranoicos, quem vive em função do coração, quem o deixa dominar, não teme um desfecho ruim, uma infelicidade, não crê em coincidências, tudo é à flor da pele. O que o coração sussurra ao corpo se desconhece, mas esse é o primeiro a perder completamente a blindagem, amplifica o sussurro, transforma em grito e quase tudo que, ora a timidez, ora a sensatez manda guardar a sete chaves, se revela em alto e bom tom. Daí, um dia me sentei com meu pai e disse que falhei, não consegui usar a minha razão... Sou só coração! E que talvez, não consegui ser racional porque sempre sou intenso, me dedico demais, sempre me atiro, faço Bunge jun. com minha vida, ou quem sabe, a vida não me endureceu o suficiente ainda. Ele sorriu e me respondeu: “E quem te falou que conseguimos ser 100% do tempo racionais? Nem as pessoas dotadas dos maiores Q.I. ’ s da face da terra se controlaram, conseguiram manter a racionalidade mediante as sentimentalidades. O que nos faz homens, não é a capacidade de ser mais racional do que sentimental, e sim... Saber a hora correta de usar cada um” Pode ser eu não consegui ainda ser racional. Pois meu coração desaparece do radar, mas quando volta... Parece eterno, forte e indestrutível, incapaz de ser questionado, ou domado. Quem sabe um dia eu tenha a sorte de reaver a razão. Mas eu amo ser intenso como meu coração me tornou, me fez refém. Forte demais para ser amordaçado, e simples demais de ser entendido. Os reféns são assim: As cores mudam, as pessoas mudam, os lugares mudam... Mas o coração, esse parece só crescer...

domingo, 6 de janeiro de 2013

A Bússola

“ Caminhava sempre desatento ou despreocupado demais com o que pudera de fato me atingir fortemente, me roubar a atenção, olhar para os lados... Atravessar as ruas com atenção... Tudo aquilo que fora me passado por zelo e atenção eu cumpria instintivamente. Não me julgava tão capaz de a essa altura compreender o sentido que a vida tem, ou o porquê das mudanças da maré. Eu ignorava mesmo qualquer chance de sair daquela rotina mecanizada em que minha vida se tornara por anos, onde decorei as pedras do meu caminho, pelo simples fato de nunca mudar de caminho. Tempestades viam e iam, mas jamais mudavam o meu curso, nada nunca alterou meu curso, eu já naveguei em riachos, em corredeiras, e em lagos, e nunca ... Nunca me desnorteei, porém jamais cheguei intacto ao fim do curso, meu barco sempre virava. Ou se colidia com algo gigantesco, como a decepção que de constante pedra que rasgava o casco, passara a ser também previsível, também esperada em minhas jornadas. Minha velha bússola sempre me trazia em segurança para casa, sempre chegava, ainda que derrotado ou decepcionado naquela minha cabana simples e me deitava sobre a folha seca do coqueiro observando as estrelas, enchendo o meu coração de “por quês?” indagações ilimitadas que me acompanhavam até o sono chegar... A bússola é um instrumento de precisão, baseado basicamente no magnetismo da terra, ou seja, desde que tudo esteja em seu devido lugar, me guiar num curso errado é impossível. Mas o inesperado faz parte das histórias mais marcantes, e assim, como um passe de mágica, a minha bússola enlouqueceu...E nada mais parecia fazer sentido, os polos terrestres pareciam estar invertidos, tudo ao contrário, e o que era para ser errado se tornou o mais correto a se fazer, o sol que nascia no leste agora brilha sorridente e convidativo onde a minha bússola marca o oeste. E assim, fiquei sem saber para onde ir, como voltar... Neste momento eu parecia navegar no céu... E o sol me sorria do mar, deixando aquele verde ainda mais perfeito, todas as cores pareciam ainda mais vivas, todas as derrotas pareciam nunca ter existido e tudo o que eu sempre sonhei estava acontecendo... Eu não sabia mais onde era o meu porto... E mesmo quando acertei o rumo de casa, eu sempre virava o leme para outro ponto no horizonte, guiado pelo sol, aquele sol imenso, que tocou tudo o que antes era cinza e fez o meu mar de tristeza, se tornar um oceano de sorrisos. E o teu brilho era grandioso o bastante para acender em mim um farol que eu não sabia que ainda podia ser aceso, e assim tenho iluminado tudo, todos onde passo... O meu grande desafio agora é manter minha luz. O sol jamais morrerá dentro do meu peito, arde forte sem cessar, não me deixa sequer cogitar voltar a ser triste. E todos os dias eu olho pro céu rezando por aquele fenômeno magnético estar ativo ainda, e confiro sempre a minha bússola. Certo de que um dia o Sol me levará ainda mais longe, além do compreensível , do sensato, do improvável, do imponderável. Afinal, todos temos que nos deixar levar por algum magnetismo nessa vida... Por sorte, o meu me levou pro céu. Que perdure pela eternidade esse sol ,essa luz.”